23/07/2020
Banco do Brasil insiste em colocar funcionários e seus familiares em risco
Em reunião realizada na quarta-feira (22), por videoconferência, com a Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), que representa o Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região nas negociações, o banco confirmou que foi uma opção administrativa a determinação de que “funcionário com autodeclaração de coabitação (com pessoas que fazem parte de grupos de risco da Covid-19) passa a se enquadrar nas formas de trabalho disponíveis, como os demais funcionários do banco que não pertençam ao grupo de risco, a partir de 27/07/2020”, não tendo nenhuma relação com o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) Emergencial (Covid-19).
O banco disse que não vai rever a medida, mas que o comunicado não implica na convocação de todos os funcionários que coabitam com pessoas de risco à Covid-19 para retomarem o trabalho presencial e que, se gestores assim o fizeram é por terem entendido errado a mensagem, ou por estarem necessitando de pessoal para realizar os trabalhos presenciais. O banco possui 11.662 funcionários que se autodeclararam como coabitantantes com pessoas de grupos de risco que podem ser atingidos.
> Levantamento: bancários devem informar Sindicato sobre chamado de retorno ao trabalho presencial
“O Banco do Brasil é o único banco do país que decidiu recolocar estes funcionários como aptos para o trabalho presencial. O banco precisa ter a ciência de que pode estar colocando a vida de familiares de seus funcionários em risco e, caso haja alguma morte destas pessoas, tanto o banco quanto o gestor que tomou essas decisão poderá ser apontado como responsável pela morte”, observou o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
Segundo o coordenador da CEBB, é o Governo Federal, como controlador do Banco do Brasil, que pressiona pela aplicação da Portaria Conjunta nº 20, de 18/06/2020, do Ministério da Economia/Secretaria Especial de Previdência e Trabalho e Ministério da Saúde, que altera a caracterização dos grupos de risco.
Retratação
Os representantes dos funcionários cobraram do Banco Brasil uma retratação por alguns gestores terem afirmado que a medida estava respaldada no ACT Emergencial da Covid-19.
“Diversos gestores fizeram tal afirmação, mas não há nada no nosso acordo sobre isso”, disse Fukunaga.
Ainda durante a reunião, a Diretoria de Pessoas Regional de São Paulo fez uma retratação sobre o equívoco e encaminhou ao gestor que mandou mensagem aos funcionários fazendo tal afirmação.
Definição da data
Outro ponto de questionamento foi a definição do dia 27 para o retorno ao trabalho.
Na avaliação do presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Roberto Carlos Vicentim, o momento não é apropriado para promover o retorno ao trabalho presencial, pois os índices de contágio voltaram a crescer no país de maneira geral, sobretudo nas localidades em que os centros comerciais foram reabertos e no interior do estado de São Paulo, onde o pico da pandemia está se dando neste momento. Diante desses fatores, Vicentim questiona o banco sobre quais critérios foram levados em consideração para acreditar que este é o momento para o retorno dos trabalhadores.
O banco afirmou que resolveu deixar uma semana para que as pessoas pudessem encontrar alguma forma para não colocar as pessoas que moram com elas em risco.
"A medida é uma decisão desumana e irresponsável do banco, que representa grave perigo para as famílias dos funcionários e que vai afetar a todos. Muitos coabitam com idosos, com pessoas com comorbidades que podem levar à morte no caso de se contrair o coronavírus, ou mesmo com crianças pequenas, que não voltarão tão cedo para a escola. O prazo de menos de uma semana não é nem será suficiente para que as pessoas reorganizem suas vidas que foram completamente modificadas com a pandemia. É preciso levar em conta fatores como o bloqueio de transporte público em algumas localidades, as escolas que não reabriram, etc. O BB precisa respeitar a vida e a saúde dos trabalhadores", defendeu o presidente do Sindicato.
Resultados
Os representantes do Banco do Brasil disseram que fariam uma nova reunião com os gestores para deixar claro que a medida trata-se de opção administrativa do banco e não tem nenhuma relação com o ACT Emergencial (Covid-19) e que além do trabalho presencial existem outras opções para que os funcionários cumpram seu expediente, inclusive a manutenção do home office. Também fariam uma reunião para ver se há a possibilidade da emissão de um novo comunicado esclarecendo estes pontos e para verificar se existe a possibilidade de alteração, ou suspensão da data de retomada do trabalho presencial, sem se comprometer nem com a emissão de um novo comunicado, nem com a suspensão ou alteração da data, mas que tentaria realizar a reunião para dar a resposta à representação dos funcionários o quanto antes.
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