27/03/2020
Presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, diz que vida não tem valor infinito
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O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, voltou a chocar com mais uma declaração insensível ante a pandemia de coronavírus (COVID-19). Em mensagem a um grupo de WhatsApp na última quarta-feira (25), Novaes disse que a vida não tem “valor infinito” e que “muita bobagem é feita e dita, inclusive por economistas, por julgarem que a vida tem valor infinito. O vírus tem que ser balanceado com a atividade econômica”.
Na terça-feira (24), em entrevista ao jornal Valor Econômico, Novaes já havia dito que as quarentenas contra a propagação do vírus causarão “depressão econômica com efeitos piores que os da epidemia”.
A declaração desastrosa do presidente do Banco do Brasil causou forte reação. A representante dos funcionários no Conselho de Administração (Caref) do BB, Débora Fonseca, enviou uma nota de repúdio e de pedido de esclarecimentos para o Conselho de Administração do banco, criticando as declarações de Novaes e cobrando um posicionamento.
Na nota, Débora critica a postura do presidente do banco e a do presidente da República, Jair Bolsonaro, que tem minimizado a importância do isolamento social para o combate à doença, método que tem se mostrado como o mais eficaz em todo o mundo.
“Ainda que tenha sido indicado e não eleito, como no caso de Bolsonaro, é lamentável fazer um discurso surfando sobre a vida dos milhares de funcionários do Banco do Brasil, tornando-se responsável direto pela vida destes. É grave e irresponsável fazer esse tipo de afirmação, gera insegurança para todos os trabalhadores e suas famílias”, diz Débora na nota.
A conselheira lembra que, a partir desse tipo de postura, já passam a circular dentro do banco mensagens intencionando a volta dos trabalhadores, expondo-os ao risco de contrair e disseminar a doença.
“É imperativo que haja uma manifestação dos que dirigem esta empresa tranquilizando os funcionários, uma postura mais contundente do Conselho de Administração do Banco do Brasil para com esse tipo de postura, que desagrega e vai na contramão do bom senso e das especificações de saúde. É hora de mostrarmos grandeza e liderança neste momento difícil, mas sem deixar de olhar para o futuro econômico e social em que, mais uma vez, o papel dos bancos públicos será fundamental para reerguer a sociedade brasileira”, conclama.
A afirmação do presidente do banco vai na contramão dos esforços promovidos pelo Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, demais entidades representativas e a Fenaban, que têm trabalhado em conjunto para evitar a contaminação de trabalhadores e clientes pelo coronavírus.
"Neste momento, é preciso pensar nas pessoas, que constituem o maior recurso que o país e as empresas têm", reforça o secretário geral do Sindicato, Júlio César Trigo.
Propostas
Além das críticas, o documento enviado ao banco traz propostas para a redução dos impactos econômicos e sociais da pandemia de coronavírus no país. Entre elas, a adição de mais recursos para financiamentos, refinanciamentos e suspensão de pagamentos por seis meses.
Para o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga, a atitude seria mais concreta para ajudar a economia do que as falas desencontradas e desconexas baseadas em discursos ideológicos que Bolsonaro e Novaes têm apresentado ao país.
“A proposta enviada pela Débora tem poder de salvaguardar as micro e pequenas empresas, os micro empreendedores individuais e milhares de emprego, além de fortalecer o crédito pessoal, principalmente da população de baixa renda”, defendeu Fukunaga acrescentando ainda que a proposta da representante dos funcionários no Conselho de Administração do banco cria possibilidades de financiamento do poder público municipal e estadual para realização de políticas de combate ao COVID-19 e compra de insumos de proteção e testes.
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