12/06/2019

Marajá: presidente do Santander ganha salário até 770 vezes maior que de funcionários



O Santander remunerou muito bem o presidente Sérgio Rial em 2018. À frente da filial brasileira desde 2016, o executivo recebeu R$ 43.068 milhões, cerca de R$ 13 milhões a mais que em 2017. Exigência desde o ano passado, a divulgação dos salários recebidos pelos presidentes das principais companhias brasileiras, com ações listadas na Bolsa de Valores, foi feita no último dia 31 de maio.

Quando comparado com a remuneração anual do operador de Caixa, incluindo benefícios, 1/3 de férias e décimo terceiro, o salário de Rial é 600 vezes maior. Já comparado com o de Escriturário, é 770 vezes maior.

Na avaliação do secretário geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Júlio César Trigo, a diferença salarial gera indignação. "O aumento da lucratividade do banco ano após ano e a consequente remuneração de seu presidente é decorrente da exploração dos trabalhadores com metas abusivas, assédio moral, adoecimento. Qual será a bonificação de Rial esse ano, já que, apenas no primeiro trimestre, o lucro do banco aumentou 22%?," indaga o diretor. 

Líder de reclamações

Apesar da alta remuneração para o seu presidente, o Santander tem demonstrado descaso com seus trabalhadores e clientes. Também no primeiro trimestre, o banco foi líder de reclamações do Banco Central, reflexo da precarização das condições de trabalho e das constantes demissões, o que impacta diretamente no atendimento.

Além disso, o banco vem promovendo mudanças drásticas nas agências, com o anúncio do fim dos Caixas humanos e reestruturação na área segurança, com a retirada das portas giratórias e vigilantes. É para economizar? Uma empresa que remunera tão bem seu presidente precisa também proteger seu capital humano e não apenas o seu capital financeiro.

Trabalhos aos finais de semana

Desde o início do mês de maio, o banco vinha obrigando seus funcionários a trabalharem de final de semana de maneira “voluntária”, tentando vender a imagem de que era um projeto de educação financeira. O descanso aos sábados é garantido na Convenção Coletiva da categoria (cláusulas 8ª), na legislação trabalhista (Artigo 224), como também no artigo 1º da Lei nº 4.178 de 1962, que estabelece que os estabelecimentos de crédito não funcionarão aos sábados, em expediente externo ou interno.

Defensor da Reforma Previdência

Em um país que chegou a 13,4 milhões de desempregados no primeiro trimestre de 2019, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de outros milhões que correm o risco de não se aposentar,  Sérgio Rial obteve o benefício pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) aos 58 anos idade. Ele é grande defensor da Reforma da Previdência, que aumentará o abismo social do país ao dificultar a aposentadoria dos trabalhadores. 

É válido lembrar que o Santander vem fazendo propaganda pesada de sua previdência privada. É muito oportuno Rial defender o projeto do governo, que só traz benefícios para os bancos e fundos de previdência privados. 

Sonegação de imposto

Um dia antes da divulgação de sua remuneração, a Justiça de São Paulo deferiu a condução coercitiva de Sergio Rial, e de outros executivos do banco, pela CPI da Sonegação Tributária da Câmara Municipal de São Paulo.

Para se livrar das acusações o banco espanhol pagou R$ 195 milhões à vista em Imposto Sobre Serviços (ISS). O banco era investigado pela CPI por supostamente manter, entre 2014 e 2017, a sede de sua empresa Santander Leasing fora de São Paulo (em Poá e Barueri) para pagar alíquota menor do ISS.  O acordo foi assinado por Alessandro Tomao, vice-presidente jurídico do Santander, Eduardo Tuma, presidente da Câmara Municipal, e o vereador Ricardo Nunes, presidente da CPI. 

O Santander sonega impostos que deveriam ser investidos nas áreas sociais, como Educação e Saúde. Isso prova que a ganância do banco não tem limites.
Fonte: Afubesp, com edição de Seeb Catanduva

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