Bancários da América Latina e Espanha discutem acordo global com Santander
Uma delegação de bancários de quatro países da América Latina e da Espanha se reuniu na quarta-feira (26) com o diretor de Relações Laborais do Santander na Espanha, Juan Gorostidi Pulgar, na chamada Cidade Financeira do banco espanhol, em Boadilla del Monte, município ao lado de Madri. Gorostidi é subordinado ao diretor geral de Recursos Humanos do Grupo Santander, José Luiz Gomez Alciturri.
Os dirigentes sindicais do Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Espanha, que participam do III Encuentro de Sindicatos deTransnacionales Españolas, iniciado na segunda-feira (24) e com término nesta sexta-feira (28), na capital espanhola, entregaram ao representante do banco um documento elaborado em conjunto com a UNI Finanças.
O texto reforça a proposta encaminhada no último dia 11 pelas entidades sindicais espanholas e UNI Finanças no Comitê de Empresa Europeu do Santander.
Clique aqui para acessar o documento dos europeus ao Santander.
"Assim como os europeus, queremos o início de negociações visando constituir uma coordenadora mundial como marco global de diálogo social transnacional, com representação de todos os países onde o Santander está presente", afirmou o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.
"Da mesma forma, queremos o início de negociações com a UNI Finanças, a fim de construir um acordo marco global, a exemplo da espanhola Telefónica que já firmou tal compromisso, a fim de melhorar os parâmetros de negociação coletiva e o respeito aos direitos sociais e sindicais nas unidades do banco espanhol em todo mundo", frisou o brasileiro.
No documento entregue nesta quarta-feira, as entidades da América Latina e Espanha também propõem subscrever a "Declaración conjunta del Comité de Empresa Europeu y la Dirección Central de Grupo Santander sobre el marco de relaciones laborales para la prestación de servicios financeiros". O texto, que define uma política para a venda responsável de produtos, foi assinado pela UGT e Comisiones Obreras, as duas principais centrais sindicais da Espanha, UNI Finanças e por Gorostidi.
Clique aqui para ler a declaração conjunta firmada com o Santander.
Fim das metas abusivas
A diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa, destacou os principais problemas enfrentados pelos funcionários no Brasil. "A economia brasileira vai bem e os resultados do Santander no país caminham melhor ainda, no entanto, mais de mil postos de trabalho foram reduzidos no primeiro semestre e há um alto número de bancários que pedem demissão por não aguentarem as más condições de trabalho".
A brasileira também chamou a atenção para o desrespeito cometido nos países latino-americanos ao próprio código de conduta do Santander. "No Brasil há uma gestão maléfica praticada pela instituição, onde são impostas metas inalcançáveis, que geram pressão violenta para que sejam cumpridas. Isso propicia práticas de assédio moral e, por consequência, adoecimento dos trabalhadores", disse.
Rita também apontou a necessidade de que "o banco resolva a questão do déficit do plano II do Banesprev, fazendo o devido aporte do serviço passado" Ainda lembrou a dívida do banco com os aposentados pré-75 do Banespa.
Luis Mesina (Csteba), do Chile, Eduardo Negro (La Bancária), da Argentina, e Germán Caballero (Uneb), da Colômbia, ressaltaram também a cobrança de metas abusivas, que ocorre igualmente em seus países, piorando as condições de trabalho e agravando a saúde dos trabalhadores.
Também participaram da reunião os representantes da UGT da Espanha, Ildefonso Sánchez Julián e Miguel Gersol Fernández, e a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Maria Rosani.
Acordo global
O representante do Santander respondeu que o banco tem procurado dialogar com as entidades sindicais no âmbito de cada país onde atua, discutindo as demandas dos funcionários. Ele considerou "exagerada" a informação sobre os adoecimentos dos bancários por conta da gestão com metas abusivas.
Gorostidi disse que "nenhum banco ainda assinou um acordo marco global".
Rita lembrou o representante do Santander de que o Banco do Brasil firmou este ano um acordo marco global com a UNI Finanças. O sindicato que representa os bancários de todo mundo também já assinou instrumentos semelhantes com o Danske Bank (Alemanha), NAG (Austrália), Nordea (Península Escandinava) e Barclays África (Inglaterra), além de várias negociações em andamento.
Avaliação
Os dirigentes sindicais consideraram positivo o encontro com Gorostidi. "Foi uma reunião histórica, pois representantes da América Latina e da Espanha foram recebidos pela primeira vez de forma conjunta pelo banco. Ainda que não tenha sido uma negociação, significa que damos mais um passo para abrir um canal de diálogo visando criar uma coordenadora mundial e construir um acordo marco global", salientou Ademir.
Rita também considerou importante o encontro, por seu pioneirismo, mas lamentou que pendências, como as dos aposentados e pensionistas pré-75, gerem uma série de disputas judiciais e até mesmo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Federal. "O banco deveria resolver os conflitos com os trabalhadores na mesa de negociações e não nos tribunais."
Cidade Financeira
Após a reunião, os dirigentes sindicais visitaram alguns espaços da Cidade Financeira do Santander, onde fica a sede do banco. Trata-se de um enorme complexo, onde trabalham cerca de 3.800 funcionários, com 160 hectares que compreende escritórios, serviços e áreas verdes.
Ali estão mais de 400 mil metros quadrados de espaço construído e mais de 5 mil vagas de estacionamento subterrâneo. O complexo também inclui serviços para os funcionários, como um centro de treinamento, uma creche, instalações esportivas e até um campo de golfe.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo
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