19/12/2018

A serviço dos banqueiros: Ana Paula Vescovi defende quebra do monopólio do FGTS



 
Com a proximidade do novo governo, que já afirmou que pretende privatizar tudo que puder, a cobiça sobre a gestão do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, hoje de responsabilidade da Caixa Econômica Federal, só aumenta. Agora foi a vez de Ana Paula Vescovi, secretária executiva do Ministério da Fazenda e presidente do Conselho de Administração do banco, defender uma ampla remodelagem do FGTS.

O argumento parece tentador: melhorar a remuneração dos recursos do trabalhador. Mas para as entidades representativas dos trabalhadores, os motivos são outros. O que se pretende, na verdade, é quebrar o monopólio da Caixa, algo que os bancos privados sempre defenderam. Estas instituições almejam os mais de R$ 510 bilhões de ativos, entretanto, sem se preocuparem com o papel social do Fundo de Garantia, sobretudo nas áreas de habitação e saneamento.

A fala de Ana Paula Vescovi não está isolada. Em novembro, o presidente do Santander, Sérgio Real, defendeu que a quebra de monopólios nos serviços financeiros, como depósitos judiciais, folhas de pagamento e a gestão do FGTS. Já na semana passada, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, admitiu que o banco está de olho em possíveis oportunidades de aquisições vindas de Caixa e Banco do Brasil.

O que vê é uma tendência de que o novo governo dê ainda mais voz aos banqueiros, que só visam ao lucro, sem qualquer preocupação com o desenvolvimento social. Vescovi afirma que a remuneração do Fundo de Garantia é ‘uma das fontes de desigualdade de renda do país’, o que não faz sentido. É graças aos recursos do FGTS que milhões de famílias conseguiram realizar o sonho da casa própria, além de ter esgoto e água tratados nos últimos anos.

Centralização do FGTS na Caixa

O FGTS como está hoje, com contas organizadas, só foi possível graças à Caixa. Até 1990, cada empresa escolhia o banco em que efetuava os depósitos dos valores dos trabalhadores. Com a alta rotatividade de emprego, havia descontrole da aplicação dos recursos e da regularidade do recolhimento, o que gerava contas inativas e dinheiro perdido nos bancos. Graças à luta dos bancárias e bancárias da Caixa foi possível centralizar as contas.

Não tem sentido privatizar a gestão do FGTS

O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, reforça que a mobilização dos empregados da Caixa e da sociedade será essencial para barrar retrocessos. 

Para o dirigente, não tem sentido encerrar o ciclo de banco 100% público da Caixa, que possibilita a promoção de políticas inovadoras, criar novos mercados e aprofundar sua função social. "Não tem sentido privatizar uma instituição tão fundamental para o desenvolvimento do país, ameaçando a soberania nacional. Além disso, a Caixa também exerce o papel de proporcionar empréstimos a longo prazo, com juros mais baixos para a sociedade, em contrapartida às regras do sistema financeiro privado, beneficiando a população com menor poder aquisitivo."
 
A Fenae lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”, cujo objetivo é mobilizar os empregados da Caixa e a sociedade mostrando que o banco precisa continuar 100% público, forte, social e a serviço dos brasileiros. Fazer parte da campanha é muito simples. Por meio do site www.naotemsentido.com.br, é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos sobre os motivos pelos quais a Caixa não deve ser privatizada ou enfraquecida. Já há diversos vídeos publicados. Acesse www.naotemsentido.com.br, confira e faça parte!

Em manifesto divulgado por ocasião do lançamento da campanha, a Fenae destaca que não tem sentido jogar fora conquistas importantes. “Poupança, penhor, habitação, FGTS, programas sociais inovadores, eficientes e reconhecidos no mundo inteiro. Em 157 anos de existência a Caixa consolidou o seu protagonismo no desenvolvimento econômico e social do Brasil”. E ainda: “Quem defende a privatização da Caixa, seja de todo o banco ou seja em partes, não tem o menor compromisso com o Brasil e com os brasileiros”.
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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