26/07/2021
Dia da Mulher Negra reforça a denúncia e a luta contra a violência e a desigualdade

O Dia da Mulher Negra, celebrado em 25 de julho, este ano, tem um peso especial para a luta das mulheres negras por dignidade e melhores condições de vida. A pandemia do novo coronavírus acentuou as desigualdades na sociedade e, no que se refere a essas mulheres, o impacto foi ainda maior do que para o restante da população.
A data, chamada oficialmente de Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha faz parte das atividades do Julho das Pretas, mês em que a luta ganha visibilidade. No Brasil, pela Lei nº 12.987/2014, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, a data também passou a ser o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola do século 18.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Roberto Vicentim, a luta contra o preconceito racial se torna ainda mais necessária no momento atual, no qual o país passa por uma pandemia e a população negra sofre com a escassez de recursos para a saúde. "Infelizmente, ainda vivemos retrocessos e falta de investimentos em políticas públicas para a redução das desigualdades que ameaçam a população negra. Estamos em pleno século XXI e não podemos mais permitir que as mulheres negras ainda sejam inferiorizadas pelo seu gênero e cor. Não podemos permitir que ainda tenhamos que conviver com o preconceito racial", ressaltou Vicentim.
Levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad-Contínua), mostra que o desemprego foi um dos fatores que mais as afetaram as mulheres negras (28,1%), apesar delas representarem apenas 17,3% dos ocupados em 2020 – maior número por camada de desempregados no país.
Na pandemia esse quadro piorou. A taxa de desocupação subiu para 21,4% em 2021. Cerca de 700 mil mulheres negras ficaram desempregadas. Grande parte das que conseguiram se manter no emprego ainda amargam a condição de estar em trabalhos precarizados e com os menores níveis de renda.
De acordo com o levantamento, 48,4% das mulheres negras são assalariadas formais, 24,1% assalariadas informais e 22,1% trabalham por conta própria, ou seja, fazendo bicos. A renda média das trabalhadoras negras é menos da metade da média salarial de homens brancos. Enquanto elas ganham R$ 1.617, os brancos ganham R$ 3.540.
Esses números, aliados a outros fatores sociais, reforçam tanto o racismo estrutural na sociedade quanto o desafio do movimento sindical, movimentos de mulheres e movimentos negros no combate à desigualdade.
Empoderamento
Exemplos de negros em lugares de destaque não são muitos mas devem servir de referências para a luta por igualdade. As Olimpíadas de Tóquio trouxeram dois emblemas para essa luta. Um deles é a tenista Naomi Osaka, filha de mãe japonesa e pai haitiano, que foi convidada a abrir os jogos de 2021.
Naomi é personagem que carrega bagagem no ativismo contra a discriminação racial. Também protagoniza passagens importantes em sua própria história como ter abandonar o torneio de Roland Garros após ser punida por não querer participar de entrevistas coletivas, que segundo ela não faziam nem bem à sua saúde mental. Sim, a tenista sofre de depressão e fala abertamente sobre isso.
“Eu já estou me sentindo vulnerável e ansiosa então pensei ser melhor exercitar o autocuidado e abandonar as coletivas...quando for a hora, realmente quero discutir formas de fazermos o melhor para os jogadores, imprensa e fãs”, disse ela no Twitter.
Outro exemplo e motivo de muito orgulho para os brasileiros é a ginasta Rebeca Andrade que garantiu, neste domingo – dia da Mulher Negra – vaga em três finais individuais – no solo, no salto e no individual geral.
Ao som de o “Baile da Favela”, música de MC João, Rebeca causou furor nas redes sociais, que não se renderam ao encanto e a atitude da atleta, de 22 anos de idade.
Mas o Brasil ainda tem a prata no skate. Rayssa Leal tem apenas 13 anos de idade, um sorriso despretensioso, de aparelho nos dentes, que simboliza a esperança que toda criança negra deveria ter no país.Natural de Imperatriz, no Maranhão, a jovem ganhou seu primeiro título em 2019. Incentivada pelos pais, ganhou uma prata no mundial de São Paulo, cidade em que durante muitos anos, o skate, esporte praticado, predominantemente por jovens de periferia, foi marginalizado.

Janio Quadros, quanto prefeito da capital paulista, em 1988, proibiu a circulação de skatistas na cidade, afirmando que se tratava de ‘coisa de vagabundo’.
Foi a prefeita Luiza Erundia, então do PT, que anos mais tarde não só revogou o decreto de Jânio como incentivou a prática do esporte. Tanto que recebeu, direto de Toquio, um agradecimento de outro skatista brasileiro – Kelvin Hoefler – um agradecimento especial.
“Obrigado por acreditar no skate”, disse Kelvin, que também ganhou prata no street skate no Japão.
É prova de que simples ações do poder público podem render um futuro para os jovens negros e de periferia. Mas é um caminho ainda longo a ser trilhado.
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