30/09/2020

Bradesco, a pandemia não acabou! Vai descumprir compromisso e demitir mesmo?



Em comunicado, intitulado “Concessão de Benefício Adicional no Desligamento”, o Bradesco informou que trabalhadores que forem comunicados da sua demissão sem justa causa, no período entre 21 de setembro e 30 de novembro, por iniciativa do Bradesco e empresas ligadas, terão os planos de saúde e odontológico mantidos por seis meses além do que prevê a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. No comunicado, o banco cita o “compromisso” do Bradesco em “apoiar e adotar medidas de enfrentamento à pandemia” e a “adoção do princípio de valorização de pessoas”. Entretanto, o que o banco confirma de forma clara é a quebra de um compromisso assumido publicamente, o de não demitir enquanto durar a pandemia. 

Na terça-feira (29), dia seguinte da publicação do comunicado pelo Bradesco, foi ultrapassada a barreira de um milhão de mortos pela Covid-19 no mundo. O Brasil, um dos países mais atingidos, registrou 385 mortes pela doença nas últimas 24 horas, chegando ao total de 142.161 óbitos desde o começo da pandemia. 

Falar em apoiar medidas de combate à pandemia e em valorização de pessoas, quando confirma que vai romper o compromisso de não demissão durante a pandemia, assumido publicamente, que serviu para fazer marketing para a instituição, é desrespeitoso. A pandemia não acabou. Estes trabalhadores demitidos, pais e mães de família, possívelmente terão dificuldades de encontrar recolocação no mercado neste momento, uma vez que os demais bancos não estão contratando. 

“A crise sanitária conduzida por Guedes e Bolsonaro aprofunda a queda da economia, amplia desigualdade, derruba renda e dificulta a vida dos trabalhadores. Mas os bancos continuam ganhando muito. Os números divulgados pelo Bradesco, mesmo na atual conjuntura de recessão econômica, demonstram que não existe qualquer razão para essas demissões, para tanta desumanidade. O banco esquece que sua lucratividade é construída diariamente pela dedicação dos funcionários. A vida deveria valer mais do que números para uma empresa que se diz responsável social", indigna-se o secretário geral do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Júlio César Trigo. 

Não existe razão para demitir

Mesmo em meio à crise econômica, o Bradesco segue lucrando alto. No primeiro semestre de 2020, o banco faturou R$ 7,626 bilhões, crescimento de 3,2% na comparação com o trimestre anterior. Em 12 meses, foi registrada redução de 40% no lucro, mas isso foi devido ao ao reforço da chamada Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), que é a despesa feita pelos bancos para cobrir possíveis calotes, que cresceu R$ 3,8 bilhões.

A carteira de crédito expandida do Bradesco apresentou alta de 14,9% em doze meses e 0,9% no trimestre, atingindo R$ 661,1 bilhões. As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 12,3% em doze meses, chegando a R$ 236,0 bilhões. Os destaques foram o crédito pessoal com elevação de 22,1%, financiamento imobiliário alta de 18,8%, o crédito rural em alta de 18,0% e o crédito consignado elevação de 14,2%. Já as operações com pessoas jurídicas (PJ) alcançaram R$ 425,1 bilhões, com crescimento de 16,4% em doze meses. O segmento de grandes empresas cresceu 18,2%, enquanto a carteira de Micro, Pequenas e Médias Empresas, cresceu 11,7%.

De acordo com reportagem da Agência Estado, no primeiro semestre de 2020 o Bradesco foi a empresa de capital aberto com o maior lucro em toda a América Latina. Em entrevista, o vice-presidente do Bradesco destacou como fatores que levaram o banco ao topo a redução nominal de 3% nas despesas; aumento de 9,2% na margem das operações de tesouraria e com clientes; o crescimento de 14,9% na carteira de crédito; e o aumento do número de correntistas em 2,1 milhões, para 31,3 milhões, em relação ao primeiro semestre de 2019. 

Vai ter luta 

O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região e demais sindicatos de todo o país, junto à Contraf-CUT, estão avaliando quais ações serão tomadas diante de possíveis demissões no Bradesco.

De imediato, a COE (Comissão de Organização dos Empregados do Bradesco) está cobrando uma reunião com o banco. O movimento sindical não irá aceitar que o Bradesco dê de ombros para o compromisso que ele mesmo assumiu e demita pais e mães de família em meio à uma pandemia.

> Contraf-CUT cobra reunião com o Bradesco

“Estamos mobilizados pela manutenção dos empregos, como já está sendo feito no Santander e no Itaú, e precisamos também da mobilização dos trabalhadores para fortalecer essa luta e cobrar coerência do próprio presidente do Bradesco, Octávio de Lazari, que havia declarado à imprensa não ter planos de redução de quadros. Reivindicamos do banco respeito ao compromisso assumido com o movimento sindical e com a categoria durante a pandemia. Basta de demissões!", ressaltou Trigo. 
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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