13/12/2018

Cobiça: Bradesco também está de olho em operações da Caixa Econômica Federal



 

Segundo noticiado pela imprensa na quarta-feira (12), o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, afirmou que o banco estará de olho em possíveis oportunidades de aquisições no ano que vem vindas da Caixa e Banco do Brasil. A cobiça é motivada principalmente pela intenção do próximo governo de atuar fortemente para privatizar áreas dessas e de outras empresas públicas.

O Bradesco, porém, não é o único interessado nesse fatiamento. No início de novembro, o presidente do Santander, Sérgio Real, defendeu a quebra de monopólios nos serviços financeiros. Entre eles, estão os depósitos judiciais, folhas de pagamento de determinadas categorias e a gestão dos recursos do FGTS. Em relação ao Fundo de Garantia, a Caixa administra hoje mais de R$ 510 bilhões, recursos que são fundamentais para desenvolver políticas públicas nas áreas de habitação e saneamento.

"Hoje, o sistema financeiro no Brasil é dominado por três grandes bancos, além da Caixa e do Banco do Brasil: Itaú, Bradesco e Santander. A estratégia desses bancos para chegar à liderança do mercado é “engolir” instituições, por meio da compra total dessas empresas ou de ativos. A Caixa representa um obstáculo para o crescimento dessas empresas, já que detém a liderança ou o monopólio de alguns segmentos. Um exemplo é o FGTS", explica o diretor do Sindictao dos Bancários de Catanduva e Região Antônio Júlio Gonçalves Neto, o Tony.

“A próxima gestão não esconde de ninguém que quer privatizar tudo que for possível. No caso da Caixa, os olhares se voltam para FGTS, loterias, cartões, seguros e carteira de habitação, por exemplo. Também já se fala na volta do projeto para transformar o banco em uma Sociedade Anônima, o que conseguimos barrar com muita luta. Esse, aliás, é o caminho. Resistir contra o esquartejamento da empresa, numa ampla frente formada por empregados, entidades, movimentos populares e sociedade”, diz o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.

A Caixa atua baseada em um forte papel social, perfil este que não é o do setor privado. Bancos como Itaú, Santander e Bradesco visam o rentismo, o lucro. Não estão interessados, por exemplo, em programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida. Para a Caixa o lucro também é importante. Demonstra o quanto ela é eficiente, dá resultado e ainda contribui com o desenvolvimento econômico e social do país. Em caso de fatiamento e diminuição do banco, os brasileiros serão os maiores prejudicados.

Campanha “Não tem sentido”

A Fenae, junto a diversas entidades representativas dos trabalhadores, lançou em outubro a campanha “Não tem sentido”, cujo objetivo é mobilizar os empregados da Caixa e os brasileiros em geral, mostrando que o banco precisa continuar 100% público, forte, social e a serviço dos brasileiros. Por meio do site www.naotemsentido.com.br, é possível enviar vídeos ou escrever depoimentos opinando por quais motivos a empresa não pode ser privatizada ou enfraquecida.

Para Tony, diretor do Sindicato, não tem sentido encerrar o ciclo de banco 100% público da Caixa, que possibilita a promoção de políticas inovadoras, criar novos mercados e aprofundar sua função social.

"Não tem sentido privatizar uma instituição tão fundamental para o desenvolvimento do país, ameaçando a soberania nacional. Além disso, a Caixa também exerce o papel de proporcionar empréstimos a longo prazo, com juros mais baixos para a sociedade, em contrapartida às regras do sistema financeiro privado, beneficiando a população com menor poder aquisitivo."

Não tem sentido jogar fora conquistas importantes. Poupança, penhor, habitação, FGTS, programas sociais inovadores, eficientes e reconhecidos no mundo inteiro. Em 157 anos de existência a Caixa consolidou o seu protagonismo no desenvolvimento econômico e social do Brasil. Quem defende a privatização da Caixa, seja de todo o banco ou seja em partes, não tem o menor compromisso com o Brasil e com os brasileiros.

 
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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