18/07/2018
Denuncie! Metas inatingíveis e cobranças abusivas massacram bancários do Bradesco
Metas de vendas de produtos e de serviços quase impossíveis de atingir; perseguições; exigência para superar os percentuais de rentabilidade estabelecidos pela direção do banco; palavras de baixo calão; cobranças repetitivas e sistemáticas; divulgação online do ranking; ameaça de demissão; ameaça de destituição de cargo gerencial; todo esse ambiente de terror parece incompatível com as tão propagadas práticas de gestão responsável que o Bradesco insiste em dizer que pratica com seus funcionários. Mas só parece.
Nas unidades do banco lotadas na base territorial do Sindicato as reclamações têm sido volumosas. Os funcionários são pressionados a cumprir metas e, até mesmo, a ultrapassar os índices estabelecidos para garantir o bom posicionamento das agências. Essa cobrança é constante e chega por mensagens e aplicativos de celular, sobretudo fora do expediente bancário, gerando ainda mais pressão e sobrecarga de trabalho.
“Estamos recebendo várias denúncias em cada agência visitada”, relata o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região Júlio César Trigo. “O aumento dos casos reforça que o problema não é individual. Tem origem na estrutura organizacional do Bradesco, focada no cumprimento de metas impossíveis, o que leva a conflitos, adoecimento e perda da qualidade de vida, tudo em nome da lucratividade cada vez maior e mais concentrada nas mãos da diretoria".
Com isso, a instituição tem descumprido o acordo Relações laborais e prestação de serviços financeiros – Boas Práticas, firmado com o movimento sindical para garantir que não ocorram práticas abusivas aos empregados.
Os problemas de assédio moral enfrentados pelos trabalhadores nas instituições financeiras não é assunto novo. No entanto, com a aprovação da Reforma Trabalhista, com demissões em massa e redução de jornada de trabalho e salário, os casos de assédio têm aumentado consideravelmente nas agências bancárias de todo o país.
De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF/CUT) em 2017, com a participação de 37 mil trabalhadores do setor, a cada três bancários que sofrem com assédio moral, dois são afetados com problemas de saúde e psicológicos.
A prática traz consequências sérias para a vida e a saúde do trabalhador. Por isso, uma das bandeiras do movimento sindical é exatamente o enfrentamento e a luta por condições dignas no ambiente de trabalho, combatendo esse “mal” de forma preventiva, mas também na coerção e na Justiça.
O Sindicato tem buscado inúmeras maneiras para proteger os trabalhadores. Uma reunião realizada em uma das agências do Bradesco em Catanduva discutiu a prevenção de conflitos no ambiente de trabalho. Dirigentes alertaram os bancários sobre a importância do instrumento e dos canais disponíveis para o encaminhamento de denúncias exclusivamente sobre assédio moral.
O Sindicato também cobrou o banco formalmente e obteve a resposta de que os casos seriam averiguados, bem como o comprometimento do Bradesco em cobrar resultados com equilíbrio e respeito. Entretanto, a realidade tem sido bastante diferente.
“Os bancários não devem aceitar com normalidade essa situação e devem continuar denunciando ao Sindicato, pois é uma maneira efetiva de pressionar o banco a cumprir com os protocolos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria,” ressalta Trigo.
É importante também destacar que alguns bancos têm seus próprios canais de denúncia, mas que o canal do Sindicato é a opção mais segura e mais eficiente para o bancário.
“Temos conhecimento de casos em que o trabalhador foi vítima de represálias após efetuar denúncia de assédio moral diretamente ao banco. Há um instrumento oficial de combate à prática abusiva disponibilizado pelo Sindicato e que deve ser utilizado sem medo pelos trabalhadores. Através dele é possível efetuar as denúncias com total sigilo, ou seja, o bancário não correrá nenhum risco de ter seu nome informado ao banco e sofrer qualquer tipo de retaliação", explica o diretor.
Denuncie
Todo bancário que se sentir prejudicado por parte de seu superior hierárquico deve denunciar imediatamente.
O Sindicato disponibiliza um canal específico para o encaminhamento de denúncias de assédio moral. Esse mecanismo foi uma conquista dos trabalhadores na Campanha Nacional de 2010, compondo um acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho. Acesse http://bancariosdecatanduva.com.br/site/assedio-moral. O sigilo é garantido.
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