14/03/2018

Bradesco estuda fechar até 200 agências este ano, diz presidente do banco em entrevista

Bradesco: maior perda entre os bancos
Bradesco está agora focado em ampliar receita, disse Lazari (Andrew Harrer/Bloomberg)

O Bradesco está estudando o fechamento de até 200 agências este ano em meio a uma revisão de sua rede de 4.750 pontos de atendimento, disse nesta terça-feira o novo presidente-executivo do segundo maior banco privado do país, Octavio Lazari.

Após a aquisição de 800 agências brasileiras do HSBC Brasil em 2016, por 5,2 bilhões de dólares, o Bradesco fechou por volta de 565 agências no ano passado.

Depois de conseguir grandes economias de custos com a aquisição, o Bradesco está agora focado em ampliar receita, disse Lazari, que assumiu o comando do banco na segunda-feira (12).

“Grande parte do aumento das receitas virá do maior número de produtos vendidos por cliente”, disse o executivo à Reuters em entrevista na sede do Bradesco, em Osasco (SP).

O Bradesco quer elevar o número médio de produtos vendidos de 1,6 atualmente para 2 por cliente até o final deste ano, disse Lazari. Ele acrescentou que o banco tem usado ferramentas de análise de dados para identificar quais produtos devem ser oferecidos a cada um de seus 30 milhões de clientes.

Lazari, 54 anos, foi indicado para a presidência-executiva do Bradesco em fevereiro, em substituição a Luiz Carlos Trabuco Cappi, que passou a presidente do conselho de administração da instituição. As nomeações marcam uma mudança de geração para o Bradesco. O ex-presidente do conselho, Lázaro Brandão, de 91 anos, deixou o posto em outubro.

O novo presidente afirmou que o Bradesco está concentrado em expandir serviços digitais não apenas por meio do banco online Next, lançado no final de outubro e com apelo entre clientes mais jovens, mas também trabalhando conjuntamente com startups de tecnologia financeira, as fintechs.
O novo presidente do Bradesco afirmou que o Next tem atualmente cerca de 80 mil clientes.

Lazari comentou que o orçamento do Bradesco em 2018 prevê um retorno sobre patrimônio estável com a performance de cerca de 18 por cento do ano passado, que ficou abaixo do nível alcançado pelo Itaú Unibanco.

“Apostamos num Brasil que ia dar certo, mas que infelizmente não deu ainda”, disse o executivo. “Mas não perdemos a crença de que ainda vai dar certo.”

Lazari afirmou que o setor bancário precisa “apreender a conviver com juros baixos” e acrescentou que “não espera que os juros voltem a níveis elevados”.

O novo presidente do Bradesco também disse que a holding Bradespar não tem intenção de vender sua participação na mineradora Vale no curto prazo.

Júlio César Trigo, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região destaca que quando houve a incorporação do HSBC, o banco prometeu que não fecharia agências. E que a redução de postos de trabalho e de pessoal sobrecarrega os funcionários que permanecem e prejudica os clientes, que tem menos postos de atendimento e precisam esperar mais tempo nas filas. 

"O Bradesco já possui uma gestão focada em pressão e concorrência, o que leva também ao aumento do assédio moral. Com o fechamento de agências e a não realocação de todos esses profissionais, a sobrecarga de trabalho e a cobrança por metas abusivas cresce consideravelmente, levando o trabalhador, vítima de estresse constante, ao adoecimento".

Denuncie – O bancário que se sentir assediado moralmente, que receber cobrança via WhatsApp ou que for prejudicado por conta da pressão excessiva, deve denunciar ao Sindicato diretamente a um dirigente sindical, pelo canal Denuncie ou pelo Whatsapp da entidade (17 99259-1987). O sigilo é absoluto.
Fonte: Reuters, com edição de Seeb Catanduva

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