12/03/2020
Enquanto o sistema financeiro controlar a política haverá crises, afirma Ladislau Dowbor
As crises frequentes exigem que a economia do Brasil e do mundo busquem novas perspectivas para reduzir a desigualdade e impedir o crescimento desenfreado de fortunas privadas. A opinião é do economista Ladislau Dowbor, professor da Pontifícia Universidade Católica de São (PUC-SP).
Nesta semana, o índice Bovespa, que indica o desempenho das ações negociadas no país, despencou 12% na segunda-feira (9). Foi a maior queda desde 1998, e chegou a fazer as operações serem interrompidas por 30 minutos para tentar minimizar os danos.
A situação de crise global pega o Brasil em situação de economia estagnada, o dólar a R$ 4,72 na quarta (11), fuga de investidores do país e um desemprego que atinge cerca de 12 milhões de pessoas.
Enquanto isso, no outro lado da moeda dessa situação, os quatro maiores bancos do país lucraram R$ 81,5 bilhões em 2019.
Segundo Ladislau Dowbor, será preciso mudar a ordem atual, em que o sistema se apropria da política, quando na verdade é a atividade política que deveria regular o funcionamento do sistema financeiro. Dowbor defendeu essa perspectiva em entrevista no estúdio do Seu Jornal, na TVT.
“Nós temos tecnologias, temos recursos financeiros, mas temos interesses que se cristalizam em grandes fortunas financeiras e também em estruturas de poder muito sólidas e conhecidas, como Wall Street, a City de Londres, são os grandes grupos especulativos.”
“A rentabilidade desses grupos (é alta), porque hoje o dinheiro não é mais uma coisa de papel impressa pelo governo, mas uma coisa imaterial, com sinal magnético, emitida pelos bancos. Então, se perdeu o controle sobre o sistema financeiro”, afirma Ladislau Dowbor.
“É um embate político, o que a maioria dos cientistas discute hoje é até quando vai se aproveitar a crise até se gerar a reação suficiente das populações e até dos grande grupos (como as indústrias) para se dizer ‘chega, temos de trabalhar de outra maneira’”, disse.
Segundo Dowbor, os sistemas tributários dos mais variados países estão extremamente frágeis, o que agrava a atuação dos setores públicos para atenuar a crise. “Você tenta agarrar o dinheiro, e ele escapa, ele se declara com sede jurídica em um paraíso fiscal. Isso está sendo objeto da primeira grande negociação internacional para um sistema tributário planetário”, afirma.
Trata-se da erosão das bases onde se tributa, mas é necessário tributar a empresa onde ela atua efetivamente, explica o professor. “Ela não pode dizer, eu sou uma empresa da Libéria, na África, e lá não me cobram impostos. Então, a transformação é planetária e na dimensão brasileira é particularmente complicada, porque temos um poder que está nas mãos essencialmente dos bancos. E isso torna muito difícil, temos o casamento do sistema financeiro com a política que ele hoje domina. Em vez do político regular o sistema financeiro, nós temos um sistema financeiro que se apropria da política e isso simplesmente não funciona.”
Nesta semana, o índice Bovespa, que indica o desempenho das ações negociadas no país, despencou 12% na segunda-feira (9). Foi a maior queda desde 1998, e chegou a fazer as operações serem interrompidas por 30 minutos para tentar minimizar os danos.
A situação de crise global pega o Brasil em situação de economia estagnada, o dólar a R$ 4,72 na quarta (11), fuga de investidores do país e um desemprego que atinge cerca de 12 milhões de pessoas.
Enquanto isso, no outro lado da moeda dessa situação, os quatro maiores bancos do país lucraram R$ 81,5 bilhões em 2019.
Segundo Ladislau Dowbor, será preciso mudar a ordem atual, em que o sistema se apropria da política, quando na verdade é a atividade política que deveria regular o funcionamento do sistema financeiro. Dowbor defendeu essa perspectiva em entrevista no estúdio do Seu Jornal, na TVT.
“Nós temos tecnologias, temos recursos financeiros, mas temos interesses que se cristalizam em grandes fortunas financeiras e também em estruturas de poder muito sólidas e conhecidas, como Wall Street, a City de Londres, são os grandes grupos especulativos.”
“A rentabilidade desses grupos (é alta), porque hoje o dinheiro não é mais uma coisa de papel impressa pelo governo, mas uma coisa imaterial, com sinal magnético, emitida pelos bancos. Então, se perdeu o controle sobre o sistema financeiro”, afirma Ladislau Dowbor.
“É um embate político, o que a maioria dos cientistas discute hoje é até quando vai se aproveitar a crise até se gerar a reação suficiente das populações e até dos grande grupos (como as indústrias) para se dizer ‘chega, temos de trabalhar de outra maneira’”, disse.
Segundo Dowbor, os sistemas tributários dos mais variados países estão extremamente frágeis, o que agrava a atuação dos setores públicos para atenuar a crise. “Você tenta agarrar o dinheiro, e ele escapa, ele se declara com sede jurídica em um paraíso fiscal. Isso está sendo objeto da primeira grande negociação internacional para um sistema tributário planetário”, afirma.
Trata-se da erosão das bases onde se tributa, mas é necessário tributar a empresa onde ela atua efetivamente, explica o professor. “Ela não pode dizer, eu sou uma empresa da Libéria, na África, e lá não me cobram impostos. Então, a transformação é planetária e na dimensão brasileira é particularmente complicada, porque temos um poder que está nas mãos essencialmente dos bancos. E isso torna muito difícil, temos o casamento do sistema financeiro com a política que ele hoje domina. Em vez do político regular o sistema financeiro, nós temos um sistema financeiro que se apropria da política e isso simplesmente não funciona.”
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