08/04/2025
O mercado afronta a democracia

*Por Neiva Ribeiro
“O mercado não elegeu, o mercado não aprova e o mercado joga contra.” Essa frase sintetiza um conflito profundo entre a vontade popular expressa nas urnas e os interesses de uma elite econômica que, embora não vote como bloco institucional, atua como se tivesse poder soberano. Quando os resultados das eleições não agradam o mercado — essa entidade abstrata que esconde bancos, corporações, grandes investidores e especuladores — não é raro vermos ameaças veladas (ou explícitas) de fuga de capitais, oscilação na bolsa de valores, aumento do dólar, manipulação de indicadores econômicos, campanhas midiáticas e pressões políticas com o objetivo de reverter ou sabotar as decisões tomadas democraticamente pela maioria.
Chama-se de golpe quando a soberania popular é violada, mas é justamente isso que ocorre quando o "mercado" impõe suas regras mesmo após perder no jogo democrático. Ele não aceita que a maioria do povo vote por políticas de redistribuição, por direitos sociais, por soberania econômica, por uma democracia mais participativa e menos elitista. O mercado reage como se os 99% tivessem cometido um erro imperdoável ao ousarem escolher um caminho que não reverencia seus lucros.
Essa afronta à democracia se mostra em várias frentes: quando governos populares são sabotados, quando reformas impopulares são exigidas sob a chantagem do "ajuste fiscal", quando o voto da favela, do campo, do trabalhador e da trabalhadora é tratado como ameaça à “confiança dos investidores”. O mercado não se conforma com o povo decidindo — porque, para ele, o povo só serve como força de trabalho barata, como massa de consumo, ou como justificativa retórica para defender o “crescimento”.
Na lógica do mercado, os milhões que votam deveriam ajoelhar e agradecer por serem explorados, como se o simples fato de estarem vivos dentro do sistema já fosse um privilégio. Ele lucra com a fome, com a precariedade, com a dívida, com a destruição ambiental, com a desigualdade — e se recusa a abrir mão desses privilégios mesmo que isso custe a democracia.
A verdade é que o mercado não quer jogar o jogo democrático — quer escrever as regras, escalar os juízes, controlar o placar e decidir quem pode ou não disputar. E se não for do seu agrado, ele vira a mesa.
O desafio é, portanto, fortalecer a democracia. Torná-la impermeável às chantagens de quem tem muito dinheiro, mas nenhum compromisso com o bem comum. Fortalecer as vozes populares, os movimentos sociais, as redes de solidariedade e as instituições que ainda resistem à captura do capital.
Porque se o mercado se comporta como um poder acima do povo, cabe ao povo lembrar que democracia é governo da maioria — e não dos acionistas.
“O mercado não elegeu, o mercado não aprova e o mercado joga contra.” Essa frase sintetiza um conflito profundo entre a vontade popular expressa nas urnas e os interesses de uma elite econômica que, embora não vote como bloco institucional, atua como se tivesse poder soberano. Quando os resultados das eleições não agradam o mercado — essa entidade abstrata que esconde bancos, corporações, grandes investidores e especuladores — não é raro vermos ameaças veladas (ou explícitas) de fuga de capitais, oscilação na bolsa de valores, aumento do dólar, manipulação de indicadores econômicos, campanhas midiáticas e pressões políticas com o objetivo de reverter ou sabotar as decisões tomadas democraticamente pela maioria.
Chama-se de golpe quando a soberania popular é violada, mas é justamente isso que ocorre quando o "mercado" impõe suas regras mesmo após perder no jogo democrático. Ele não aceita que a maioria do povo vote por políticas de redistribuição, por direitos sociais, por soberania econômica, por uma democracia mais participativa e menos elitista. O mercado reage como se os 99% tivessem cometido um erro imperdoável ao ousarem escolher um caminho que não reverencia seus lucros.
Essa afronta à democracia se mostra em várias frentes: quando governos populares são sabotados, quando reformas impopulares são exigidas sob a chantagem do "ajuste fiscal", quando o voto da favela, do campo, do trabalhador e da trabalhadora é tratado como ameaça à “confiança dos investidores”. O mercado não se conforma com o povo decidindo — porque, para ele, o povo só serve como força de trabalho barata, como massa de consumo, ou como justificativa retórica para defender o “crescimento”.
Na lógica do mercado, os milhões que votam deveriam ajoelhar e agradecer por serem explorados, como se o simples fato de estarem vivos dentro do sistema já fosse um privilégio. Ele lucra com a fome, com a precariedade, com a dívida, com a destruição ambiental, com a desigualdade — e se recusa a abrir mão desses privilégios mesmo que isso custe a democracia.
A verdade é que o mercado não quer jogar o jogo democrático — quer escrever as regras, escalar os juízes, controlar o placar e decidir quem pode ou não disputar. E se não for do seu agrado, ele vira a mesa.
O desafio é, portanto, fortalecer a democracia. Torná-la impermeável às chantagens de quem tem muito dinheiro, mas nenhum compromisso com o bem comum. Fortalecer as vozes populares, os movimentos sociais, as redes de solidariedade e as instituições que ainda resistem à captura do capital.
Porque se o mercado se comporta como um poder acima do povo, cabe ao povo lembrar que democracia é governo da maioria — e não dos acionistas.
*Neiva Ribeiro é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários
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