19/12/2024
Somos reféns do mercado?
*Por Neiva Ribeiro
Na última semana, em última reunião presidida por Campos Neto, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, em 1 ponto percentual, para 12,25%, o que colocou o Brasil no segundo lugar do ranking dos maiores juros reais do planeta com 9,48%. A ata do Copom menciona que o futuro é mais impreciso e mais adverso e, portanto, novos aumentos devem ocorrer nas próximas reuniões.
O cenário é o mercado sempre ditando o futuro da política monetária numa espécie de profecia autorrealizada. Projeta alta do dólar e projeta cenário fiscal adverso esperando aumento de inflação para ações contracionistas, para ampliar a taxa de juros. E, mesmo quando projeta resultados piores na economia real, como menor crescimento e perda da dinâmica do emprego, e erra, usa uma nova narrativa para justificar seu desejo voraz.
O mercado, um ser fantasmagórico impiedoso, pressiona a situação política, econômica e social. Somos reféns do mercado? Essa nova pressão está direcionada diretamente a Gabriel Galipolo, que passará a presidir o Banco Central no início de 2025, mas também é um recado ao Ministro Haddad, ao presidente Lula e também ao Congresso.
A Febraban divulgou que não possui interesse nas altas taxas de juros e spreads bancários. A Confederação Nacional da Indústria afirmou que a Selic elevada é danosa para o setor produtivo. Mas o que fazem de fato para um pacto que possa interferir de maneira a melhorar esta configuração? Ora, o mercado são eles próprios: banqueiros, investidores, acionistas, donos de títulos da dívida pública que, independente da conjuntura, seguem ganhando e querendo mais. É o conjunto de pessoas mais ricas do país.
A economia real, os trabalhadores, não pode ficar refém desta situação. Não é possível que a sociedade pague caro pelos efeitos colaterais, desse remédio tão amargo, como o encarecimento do crédito, que impactam o endividamento das famílias e empresas, dificuldade no financiamento imobiliário, falta de investimento produtivo que compromete a dinâmica econômica e a geração de emprego e renda.
As alternativas necessárias precisam ser discutidas com os mais afetados, com participação popular. Discutir a auditoria da dívida pública, fiscalizar a influência de poucos agentes no câmbio, rever a meta de inflação e criar alternativas para que os alimentos mantenham preços estáveis e cheguem com qualidade na mesa do povo.
Defendemos a centralidade do trabalho na economia para gerar renda e condições dignas de vida para toda sociedade. O movimento sindical, ao contrário do mercado, não joga contra o desenvolvimento do país. Não só apostamos num futuro melhor como estamos na luta para ganhar esse jogo.
*Neiva Ribeiro é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários
Na última semana, em última reunião presidida por Campos Neto, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, em 1 ponto percentual, para 12,25%, o que colocou o Brasil no segundo lugar do ranking dos maiores juros reais do planeta com 9,48%. A ata do Copom menciona que o futuro é mais impreciso e mais adverso e, portanto, novos aumentos devem ocorrer nas próximas reuniões.
O cenário é o mercado sempre ditando o futuro da política monetária numa espécie de profecia autorrealizada. Projeta alta do dólar e projeta cenário fiscal adverso esperando aumento de inflação para ações contracionistas, para ampliar a taxa de juros. E, mesmo quando projeta resultados piores na economia real, como menor crescimento e perda da dinâmica do emprego, e erra, usa uma nova narrativa para justificar seu desejo voraz.
O mercado, um ser fantasmagórico impiedoso, pressiona a situação política, econômica e social. Somos reféns do mercado? Essa nova pressão está direcionada diretamente a Gabriel Galipolo, que passará a presidir o Banco Central no início de 2025, mas também é um recado ao Ministro Haddad, ao presidente Lula e também ao Congresso.
A Febraban divulgou que não possui interesse nas altas taxas de juros e spreads bancários. A Confederação Nacional da Indústria afirmou que a Selic elevada é danosa para o setor produtivo. Mas o que fazem de fato para um pacto que possa interferir de maneira a melhorar esta configuração? Ora, o mercado são eles próprios: banqueiros, investidores, acionistas, donos de títulos da dívida pública que, independente da conjuntura, seguem ganhando e querendo mais. É o conjunto de pessoas mais ricas do país.
A economia real, os trabalhadores, não pode ficar refém desta situação. Não é possível que a sociedade pague caro pelos efeitos colaterais, desse remédio tão amargo, como o encarecimento do crédito, que impactam o endividamento das famílias e empresas, dificuldade no financiamento imobiliário, falta de investimento produtivo que compromete a dinâmica econômica e a geração de emprego e renda.
As alternativas necessárias precisam ser discutidas com os mais afetados, com participação popular. Discutir a auditoria da dívida pública, fiscalizar a influência de poucos agentes no câmbio, rever a meta de inflação e criar alternativas para que os alimentos mantenham preços estáveis e cheguem com qualidade na mesa do povo.
Defendemos a centralidade do trabalho na economia para gerar renda e condições dignas de vida para toda sociedade. O movimento sindical, ao contrário do mercado, não joga contra o desenvolvimento do país. Não só apostamos num futuro melhor como estamos na luta para ganhar esse jogo.
*Neiva Ribeiro é presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários
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