16/12/2019
João Fukunaga e o ex-diretor eleito da Previ Francisco A. comentam alta no preço da carne
O Brasil é um dos principais produtores de carne do mundo, e sua produção está livre de endemias. Mas não “é suficiente a explicação de que a culpa é da China, que está comprando tudo que produzimos. Também não é razoável a explicação de sazonalidade. A componente que contribui pesadamente é a desvalorização do real em relação ao dólar.” Neste artigo, o diretor do Sindicato João Fukunaga e o ex-diretor eleito da Previ Francisco Alexandre comentam, em artigo, a alta no preço da carne. Leia abaixo:
Carne vira artigo de luxo
Quando um bem é cotado a um preço que consideramos além do razoável é comum a expressão “está a preço de ouro”. Nesses dias ela cabe bem à carne bovina.
A carne mais consumida no mundo é a de porco, com 115 milhões de toneladas ano, seguida da de peixe, com 110 milhões, de frango (106 milhões) e muito distante, em quarto lugar, a carne bovina, com 62 milhões de toneladas ano. O Brasil é responsável por 20% da produção de carne de boi do mundo ou 12 milhões de toneladas. Somos o segundo em produção de carne de frango com 13% no mundo. Somos o quarto produtor mundial de suínos com 9%.
O Brasil tem posição privilegiada quando se avalia as endemias que varrem países produtores como a Peste Suína, que atinge países da Ásia, dizimando 35% do rebanho chinês. A Gripe Aviária também comum na Ásia, e que dizima frangos, ou o Mal da Vaca Louca, que ataca rebanhos bovinos, principalmente na Europa.
Das doenças que dizimam a produção, o Brasil é imune. O que garante à carne produzida aqui uma vantagem competitiva em relação a muitos países, além do crescimento sustentável das cadeias produtivas. Então, como entender que tenhamos a condição de produtores mundiais e falte carne para o consumo interno, ao ponto de o preço ir parar nas nuvens? Esta é a questão que se tenta justificar ao país.
Não é suficiente a explicação de que a culpa é da China, que está comprando tudo que produzimos. Também não é razoável a explicação de sazonalidade. A componente que contribui pesadamente é a desvalorização do real em relação ao dólar, fazendo os preços caírem para os compradores externos, isto porque o preço desses produtos tem suas cotações em dólar com variações em bolsas de mercadorias.
O preço da carne deve continuar lá em cima, fazendo o churrasco de final de ano ficar mais caro e, mais que isso, impedir que muitas pessoas possam comprar o produto, numa cadeia de encarecimento que levará ao frango e também à carne de porco. A exemplo do que acontece em cidades como Recife, onde o preço da costela bovina passou de R$ 12 para R$ 20 o quilograma, registrando aumento médio de 11,5% até o mês de novembro.
O reflexo do aumento de preço desses produtos é suficiente para discordar da afirmação do Ministro da Economia de que o dólar pode subir à vontade, pois não é bem assim, em qualquer país do mundo o ideal é a estabilidade da moeda.
Francisco Alexandre – Ex-diretor eleito de administração da Previ
João Fukunaga – Diretor Sindicato dos Bancários de São Paulo
Carne vira artigo de luxo
Quando um bem é cotado a um preço que consideramos além do razoável é comum a expressão “está a preço de ouro”. Nesses dias ela cabe bem à carne bovina.
A carne mais consumida no mundo é a de porco, com 115 milhões de toneladas ano, seguida da de peixe, com 110 milhões, de frango (106 milhões) e muito distante, em quarto lugar, a carne bovina, com 62 milhões de toneladas ano. O Brasil é responsável por 20% da produção de carne de boi do mundo ou 12 milhões de toneladas. Somos o segundo em produção de carne de frango com 13% no mundo. Somos o quarto produtor mundial de suínos com 9%.
O Brasil tem posição privilegiada quando se avalia as endemias que varrem países produtores como a Peste Suína, que atinge países da Ásia, dizimando 35% do rebanho chinês. A Gripe Aviária também comum na Ásia, e que dizima frangos, ou o Mal da Vaca Louca, que ataca rebanhos bovinos, principalmente na Europa.
Das doenças que dizimam a produção, o Brasil é imune. O que garante à carne produzida aqui uma vantagem competitiva em relação a muitos países, além do crescimento sustentável das cadeias produtivas. Então, como entender que tenhamos a condição de produtores mundiais e falte carne para o consumo interno, ao ponto de o preço ir parar nas nuvens? Esta é a questão que se tenta justificar ao país.
Não é suficiente a explicação de que a culpa é da China, que está comprando tudo que produzimos. Também não é razoável a explicação de sazonalidade. A componente que contribui pesadamente é a desvalorização do real em relação ao dólar, fazendo os preços caírem para os compradores externos, isto porque o preço desses produtos tem suas cotações em dólar com variações em bolsas de mercadorias.
O preço da carne deve continuar lá em cima, fazendo o churrasco de final de ano ficar mais caro e, mais que isso, impedir que muitas pessoas possam comprar o produto, numa cadeia de encarecimento que levará ao frango e também à carne de porco. A exemplo do que acontece em cidades como Recife, onde o preço da costela bovina passou de R$ 12 para R$ 20 o quilograma, registrando aumento médio de 11,5% até o mês de novembro.
O reflexo do aumento de preço desses produtos é suficiente para discordar da afirmação do Ministro da Economia de que o dólar pode subir à vontade, pois não é bem assim, em qualquer país do mundo o ideal é a estabilidade da moeda.
Francisco Alexandre – Ex-diretor eleito de administração da Previ
João Fukunaga – Diretor Sindicato dos Bancários de São Paulo
SINDICALIZE-SE
MAIS ARTIGOS
- Bancários são CLT Premium?
- Primeira mesa com banqueiros vai discutir o emprego bancário
- Algoritmos a serviço do lucro e da propagação do discurso de ódio
- PLR é resultado da luta dos trabalhadores!
- Banesprev: O Plano II e as contribuições extraordinárias
- Impacto da inteligência artificial nos empregos: tecnologia não pode ser vilã
- CABESP: Fraude e Desperdício na área da Saúde
- Reajuste salarial dos bancários representa acréscimo anual de R$ 2,7 bilhões na economia
- Negociação coletiva é o melhor instrumento para tratar das questões do mundo do trabalho
- A Caixa é do Brasil e não moeda de troca política
- Funcef: entrevista exclusiva com presidente Ricardo Pontes
- O que muda com a Reforma Tributária?
- Bancos públicos devem voltar a estimular a economia por meio da oferta de crédito
- Demissão em Massa - Quais são os direitos de quem foi demitido?
- Mulheres à frente de bancos públicos representam avanços em conquistas históricas