10/06/2019

Sem luta contra a privatização da Caixa não adianta negociação de itens pontuais




Não adianta os empregados da Caixa Econômica Federal continuarem com as negociações pontuais dos itens específicos com a direção do banco se não houver uma forte mobilização dos bancários contra o processo de privatização da empresa. A afirmação foi feita pela representante eleita do Conselho de Administração da instituição, Rita Serrano, durante o Encontro Estadual dos Empregados da Caixa, no Rio de Janeiro (RJ), neste sábado (8), no auditório do Sindicato dos Bancários. Ela também é membro titular do Conselho Fiscal da Fenae.
 
“Para defender a Funcef e o Saúde Caixa, é preciso garantir a existência da Caixa como banco público. Se o banco for privatizado acaba tudo, não adianta manter apenas as negociações pontuais”, disse Rita. Ela lembrou ainda que mesmo os trabalhadores que já estão aposentados pelo fundo de pensão, ao contrário do que imaginam, não estão com seus direitos garantidos. “Vejam como exemplo o caso da Varig, em que os trabalhadores perderam tudo, todos os direitos que tinham em seu fundo de pensão”, alertou.

Ricardo Maggi, diretor da Fetraf RJ/ES e membro da Comissão de Empresa dos Empregados (CEE/Caixa), criticou a política mais conservadora de investimentos do banco em relação à Funcef, com investimentos em títulos públicos, menos rentáveis do que o mercado de ações, como uma das causas da falta de reservas para enfrentar o contencioso (valor total das ações trabalhistas que a Caixa perde na Justiça, mas que a Funcef acaba pagando). 

Para o movimento sindical, o problema não se trata de déficit da Funcef, mas de consequências de operações propositalmente equivocadas da direção da Caixa. 

Saúde Caixa

Para Fabiana Uehara, coordenadora do GT Saúde da Caixa e secretaria de Cultura da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT), é preciso incluir os novos empregados com os mesmos direitos dos antigos para garantir a sustentabilidade do Saúde Caixa e cobrar da direção do banco os balanços que comprovem a afirmação da empresa em relação ao déficit no plano de saúde dos empregados.  

Pressão e autoritarismo

No Encontro Estadual dos Empregados da Caixa no Rio, Rita Serrano disse ainda que que o cenário para os empregados no atual governo é de extremo autoritarismo. “O grau de pressão e de decisões autoritárias é violento no banco. Não dá para esperar nada de bom na atual conjuntura”, acrescenta, ao se referir às transferências de trabalhadores feita de forma unilateral pela empresa para pressionar os bancários a aderir ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) do banco. Lembrou ainda que o embate tem sido difícil, já que no Conselho de Administração da Caixa são sete representantes da direção da empresa e apenas ela representa os trabalhadores.

Descapitalização da Caixa

Rita Serrano criticou ainda o fatiamento da Caixa como parte do processo de privatização e observou que dois ativos já estão sendo vendidos ao mercado, sendo que serão ao todo pelo menos quatro ainda este ano. Alertou sobre a necessidade da CEE/Caixa de cobrar sobre o grande número de empregados que estão sendo demitidos por justa causa.

“Se este processo continuar não vai sobrar nada do banco como instituição pública. Se alguém tinha alguma ilusão em relação à reestruturação, agora não tem mais. Está muito claro que o esvaziamento e a descapitalização da empresa têm por objetivo a privatização da Caixa”, destacou.

Mobilização é a saída

Apesar do contexto adverso para os trabalhadores, a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa apontou uma saída: a mobilização. Afirmou que a história mostra que a mudança é possível quando há capacidade de organização dos trabalhadores para reagir e lutar.

“Nossa história de organização não é de derrotas, mas de vitórias. Se não fosse a nossa luta, não teríamos resistidos ao projeto privatista dos governos Collor e FHC. No último período conseguimos, durante três anos consecutivos, impedir que a Caixa se tornasse uma empresa S/A”, relembrou.

Rita Serrano disse ainda que a população tem apego a marcas de empresas públicas e estatais importantes, como a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras. Criticou também todo o chamado processo de “reestruturação do banco”, na verdade, um desmonte para promover a privatização.

Para o movimento sindical, é importante ainda desmitificar o discurso de que, se for privatizado, o banco oferecerá melhores condições de trabalho. “Se a Caixa for privatizada, não restará nem emprego quanto mais melhores condições de trabalho. É só ver o que aconteceu com as instituições financeiras privatizadas, como o Banerj aqui no Rio. Somente a nossa unidade e mobilização impedirá a entrega dos bancos públicos às instituições privadas do sistema financeiro, como conseguimos no passado”, afirmou o vice-presidente do Seeb/RJ, Paulo Matileti.

Fonte: Fenae

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