10/06/2019

É preciso debater com a sociedade sobre prejuízos da privatização dos bancos públicos



Por ocasião do ato de abertura do Encontro Estadual dos Empregados da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, realizado na manhã do sábado (8), no Rio de Janeiro (RJ), as representantes eleitas, tanto do Conselho de Administração da Caixa, Rita Serrano, quanto do Banco do Brasil, Débora Fonseca, frisaram a urgência de barrar a privatização dos bancos públicos. Ambas consideram que, para isto, é necessário a mobilização dos trabalhadores destas instituições e a ampliação do debate com a sociedade sobre as graves consequências que este projeto do governo Bolsonaro trará para a população e para todo país.

Segundo Rita Serrano, é possível impedir a execução da entrega de todo o patrimônio ao setor privado nacional e estrangeiro, mas a resistência tem que começar imediatamente. Avaliou que o projeto é o mesmo para todo o setor público, tanto para a Previdência Social, quanto para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a Assistência Social, através da capitalização e outros tipos de privatização, quanto os cortes na educação e venda de todas as estatais, incluindo aí a Caixa e o BB.

Venda da parte mais rentável

“Tem várias formas de privatizar. Através de leilões, ou da abertura de capital, como aconteceu no sistema financeiro, com o Banco do Brasil, cujo capital foi aberto em 1969 em plena ditadura militar. Não houve resistência em função da truculência do sistema. Este governo de agora decidiu fatiar e vender as partes mais lucrativas destas empresas. Na Caixa querem privatizar na totalidade as loterias, que destinam à Previdência Social 40% do seu lucro, o setor de seguros e o FGTS. O que vai sobrar? A rede de agências e os empregados”, argumentou.

Frisou que, no BB, que já é sociedade anônima, vai acontecer o mesmo com cartões e seguradora, já tendo sido reduzido o financiamento agrícola. Na Petrobras, o governo quer entregar a petrolíferas estrangeiras e o que resta do pré-sal e subsidiárias, como a BR Distribuidora. “E tudo com o apoio do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu que a venda de subsidiárias de empresas públicas pode ser feita por decisão exclusiva do governo sem a necessidade de autorização do Congresso Nacional.

Demissões em massa

“O cenário é igual para todas as estatais. Dentro deste projeto, já como preparação da privatização, estão demitindo em massa os concursados, como já foi feito na Casa da Moeda e Eletrobrás. O que vai acontecer também no BB e na CEF”, advertiu a representante eleita no CA da Caixa.

Apesar do cenário sombrio, tanto para Rita quanto para Débora, é possível barrar o projeto. Débora enfatizou que é fundamental a população saber como será prejudicada caso passem as privatizações, já que o setor privado está interessado apenas em lucrar cada vez mais e não em investir para reduzir as desigualdades sociais. "É preciso, ainda, debater e obter o apoio de prefeitos e parlamentares dos estados e municípios, alertando para os efeitos nocivos deste desmonte”, defendeu Débora. Ambas avaliaram que há uma disposição de grande parte da população de lutar contra o desmonte do setor público que Bolsonaro e Paulo Guedes querem implementar.

Para o presidente da CUT do Rio de Janeiro e bancário da Caixa, Marcelo Rodrigues, também presente à mesa de abertura dos encontros estaduais dos dois bancos públicos, essa disposição ficou comprovada nas mobilizações nacionais dos dias 15 e 30 de maio. “Mas é preciso ampliar esta resistência, principalmente construindo uma forte greve geral no dia 14 de junho contra a reforma da Previdência, os cortes na educação e as privatizações”, defendeu.

Rita Serrano lembrou que, segundo pesquisa do Instituto DataFolha, 70% da população é contra a privatização de estatais. Pesquisas também mostram que bancos públicos como a Caixa e o BB são os mais lembrados pela população, seja pela sua existência centenária e mesmo com o desmonte e redução do número de funcionários. Isso mostra a relação histórica e a importância destas instituições para o povo brasileiro.

Guedes muda o discurso

Rita Serrano lembrou que a privatização é feita para enriquecer ainda mais os ricos. “Antes eles usavam o discurso da ineficiência, caso a estatal não fosse lucrativa. Agora, como todas são altamente lucrativas, entre elas o Banco do Brasil, BNDES, Caixa, Eletrobrás e Petrobras, o Paulo Guedes passou a dizer que se é para ter lucro como uma empresa privada, melhor então, privatizar de uma vez”, afirmou.

“Eles ficam escondendo a importância do setor público para a sociedade. Nos Estados Unidos, o país mais liberal do mundo, o Estado investe forte na economia. É dono da General Motors, investiu pesadamente nos bancos na crise de 2008 e tem 60% de sua rede estatal. Na Europa, as 500 maiores empresas são estatais. Onde foi privatizado, saneamento, água e lixo estão sendo reestatizados. E, aqui no Brasil, Bolsonaro e Guedes querem acabar com o setor público, o que causará danos irreparáveis para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, prejudicando os assalariados, e só vai beneficiar os grandes grupos nacionais e estrangeiros”, afirmou a representante eleita do Conselho de Administração da Caixa.

Fonte: Fenae

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