13/09/2018
O que faz a história de uma empresa? Futuro da Caixa está nas mãos dos brasileiros
Por Rita Serrano *
O que faz a história de uma empresa? Mais do que a importância no cenário econômico está seu papel no desenvolvimento do país que a abriga, na vida de seus empregados e da sociedade. No caso da Caixa, falar de sua construção ao longo de mais de um século é descrever um processo inovador. Nesse exato momento, por exemplo, seus empregados resistem às tentativas de privatização e desmonte, exigindo a continuidade do banco público a serviço do povo brasileiro.
Foi em 12 de janeiro de 1861, no Rio de Janeiro, que a Caixa nasceu. Resgatar um pouco dessa história, posso afirmar, é fascinante. Ainda no Império, a Caixa vinculou-se às loterias e do período consta, também, episódio revelador do banco como instrumento social: os depósitos de poupança de escravos, embalados pelo sonho da compra da alforria.
Dos escravos à chegada dos imigrantes, novas adaptações. A Caixa sobreviveu ao Estado Novo, esteve presente nos anos desenvolvimentistas de JK e foi unificada na ditadura civil-militar, quando se criou o SFH e surgiu o FGTS. No ano que marca o fim da ditadura, seus empregados realizaram a primeira greve nacional, conquistando a condição de bancários, jornada de 6h e direito à sindicalização.
Também em 1985 ocorreu o primeiro Conecef. A organização dos trabalhadores se fortalecia, mas a democracia vai exigir muitas lutas. Em 1991, há gesto histórico de solidariedade. Após encerramento da greve de 21 dias, 110 foram demitidos. A Fenae organizou então campanha nacional para a sustentação dessas pessoas, em que cada empregado doava 0,03% do seu salário. 80% autorizaram o desconto. Um ano depois, já no governo Itamar Franco, os empregados foram readmitidos.
A partir de 2003, o Brasil passa a viver a quebra de paradigmas, com a eleição de um operário e de uma mulher para a presidência. Uma nova política inicia a popularização do crédito e implementação de políticas sociais. O banco se torna o maior investidor do desenvolvimento do País, o número de agências e empregados duplica e direitos são resgatados. A instituição foi a primeira do sistema financeiro a contratar mulheres e ter uma mulher presidente. Em 2016 fui também a primeira mulher eleita para o CA (Conselho de Administração).
Em 2015, quando é apresentado o PLS 555, prevendo que empresas públicas se tornassem sociedades anônimas, organiza-se um grande movimento de resistência. Surge o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e, na linha de frente, estão os empregados da Caixa.
Desde então o Brasil começa a viver uma retrospectiva sombria. No ano passado o governo anunciou 147 privatizações e o corte nos investimentos públicos por 20 anos. Ampliam-se os PDVs, com a saída de cerca de 15 mil empregados entre 2015 e 2018 e fechamento de 60 agências. Lotex, operações de seguros e cartões entram na mira das privatizações.
Essa longa e rica trajetória está detalhada em meu livro Caixa, banco dos brasileiros, que ganha agora edição digital e pode ser acessada pelo link www.fenae.org.br/documentos/caixabancodosbrasileiros.pdf
Uma narrativa que permite ver o quanto as políticas de governo interferem na Caixa. E que deixa o questionamento: qual é o futuro da Caixa e do Brasil? Essa resposta passará pelas urnas e definirá se essa história tão promissora terá novos capítulos.
* Rita Serrano é representante dos empregados da Caixa no CA, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e integrante da Diretoria da Fenae. É mestre em Administração.
Fonte: Fenae
O que faz a história de uma empresa? Mais do que a importância no cenário econômico está seu papel no desenvolvimento do país que a abriga, na vida de seus empregados e da sociedade. No caso da Caixa, falar de sua construção ao longo de mais de um século é descrever um processo inovador. Nesse exato momento, por exemplo, seus empregados resistem às tentativas de privatização e desmonte, exigindo a continuidade do banco público a serviço do povo brasileiro.
Foi em 12 de janeiro de 1861, no Rio de Janeiro, que a Caixa nasceu. Resgatar um pouco dessa história, posso afirmar, é fascinante. Ainda no Império, a Caixa vinculou-se às loterias e do período consta, também, episódio revelador do banco como instrumento social: os depósitos de poupança de escravos, embalados pelo sonho da compra da alforria.
Dos escravos à chegada dos imigrantes, novas adaptações. A Caixa sobreviveu ao Estado Novo, esteve presente nos anos desenvolvimentistas de JK e foi unificada na ditadura civil-militar, quando se criou o SFH e surgiu o FGTS. No ano que marca o fim da ditadura, seus empregados realizaram a primeira greve nacional, conquistando a condição de bancários, jornada de 6h e direito à sindicalização.
Também em 1985 ocorreu o primeiro Conecef. A organização dos trabalhadores se fortalecia, mas a democracia vai exigir muitas lutas. Em 1991, há gesto histórico de solidariedade. Após encerramento da greve de 21 dias, 110 foram demitidos. A Fenae organizou então campanha nacional para a sustentação dessas pessoas, em que cada empregado doava 0,03% do seu salário. 80% autorizaram o desconto. Um ano depois, já no governo Itamar Franco, os empregados foram readmitidos.
A partir de 2003, o Brasil passa a viver a quebra de paradigmas, com a eleição de um operário e de uma mulher para a presidência. Uma nova política inicia a popularização do crédito e implementação de políticas sociais. O banco se torna o maior investidor do desenvolvimento do País, o número de agências e empregados duplica e direitos são resgatados. A instituição foi a primeira do sistema financeiro a contratar mulheres e ter uma mulher presidente. Em 2016 fui também a primeira mulher eleita para o CA (Conselho de Administração).
Em 2015, quando é apresentado o PLS 555, prevendo que empresas públicas se tornassem sociedades anônimas, organiza-se um grande movimento de resistência. Surge o Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e, na linha de frente, estão os empregados da Caixa.
Desde então o Brasil começa a viver uma retrospectiva sombria. No ano passado o governo anunciou 147 privatizações e o corte nos investimentos públicos por 20 anos. Ampliam-se os PDVs, com a saída de cerca de 15 mil empregados entre 2015 e 2018 e fechamento de 60 agências. Lotex, operações de seguros e cartões entram na mira das privatizações.
Essa longa e rica trajetória está detalhada em meu livro Caixa, banco dos brasileiros, que ganha agora edição digital e pode ser acessada pelo link www.fenae.org.br/documentos/caixabancodosbrasileiros.pdf
Uma narrativa que permite ver o quanto as políticas de governo interferem na Caixa. E que deixa o questionamento: qual é o futuro da Caixa e do Brasil? Essa resposta passará pelas urnas e definirá se essa história tão promissora terá novos capítulos.
* Rita Serrano é representante dos empregados da Caixa no CA, coordenadora do Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas e integrante da Diretoria da Fenae. É mestre em Administração.
Fonte: Fenae
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