Mulheres resistem e afirmam: "A única luta que se perde é aquela que se abandona”
Por Junéia Martins Batista, Maria Júlia Nogueira e Mara Feltes*
A história da classe trabalhadora tem sustentação na sua luta e as mulheres sempre tiveram papel determinante nessa construção, seja nas mobilizações sociais pela defesa de direitos, greves ou na organização de movimentos de resistência.
Essa construção faz parte de nossas vidas, de quem somos e o que nos tornamos, tem na sua composição, suor, sangue e lágrimas.
As relações de trabalho no Brasil têm na sua origem uma relação de servidão. Os patrões sempre tiveram e, boa parte deles ainda mantém essa mesma visão, baseada na escravidão. Foram necessárias muitas décadas de lutas para avançar em direitos.
Os desmontes aprovados pelo parlamento contra a classe trabalhadora expõem os objetivos da elite que tomou de assalto os três poderes do país – executivo, legislativo e judiciário - para recolocar na pauta a retirada de direitos historicamente construídos e a retomada da velha concepção do empresariado que finge modernidade para continuar garantindo o trabalho escravo.
Sabe-se que ao patrão só interessa o lucro, mesmo que para isso homens e mulheres morram por exaustão, acidentes de trabalho e sem qualquer proteção como ocorria antes da instituição dos direitos fundamentais, em especial CLT e Constituição de 1988.
As mudanças introduzidas na legislação trabalhista desmontam toda a estrutura de direitos no trabalho, em especial o direito coletivo que dará lugar a negociação individual, e institucionaliza as formas de contrato precarizantes e atípicas de trabalho, a exemplo do trabalho intermitente, PJ exclusivo, trabalho temporário, só para citar algumas.
Dentre os diversos segmentos dos trabalhadores, as mulheres e a juventude são os que sofrerão maior impacto. A maioria da juventude que trabalha vive de contratos precários, o que será potencializado com a contrarreforma. O mesmo correrá com as mulheres que historicamente estão em trabalhos mal remunerados, com baixa ou nenhuma proteção e ou na informalidade.
O que presenciamos neste processo nos envergonha e enoja. Parlamentares de todas as vertentes e estirpes, inclusive muitos daqueles eleitos e eleitas sob o compromisso de avançar em direitos, assumiram a defesa de um processo repressivo e antidemocrático de votação, a exemplo de Marta Suplicy e Cristovam Buarque, esta senhora e este senhor jogaram suas vidas políticas no lixo da história!
Deputados e senadores que promoveram esse crime terão que responder a sociedade as suas posições e suas traições à democracia e ao voto de confiança que lhes foi dado quando eleitos.
Por outro lado assistimos um grande exemplo de resistência e rebeldia das Senadoras que ocuparam a mesa naquele 11 de julho. Gleisi Hoffmann, Fátima Bezerra, Vanessa Grazziotin, Regina Souza, Lídice da Mata e Angela Portella, contando com o apoio de Katia Abreu e muitas deputadas oposicionistas ao governo golpista entre elas as queridas Benedita da Silva, Maria do Rosário e Jandira Feghali .
Estas mulheres guerreiras não arredaram o pé. Ficaram ali na defesa do povo brasileiro, apesar da truculência de Eunício de Oliveira e outros senadores que nem merecem ser nomeados. Vendidos! Perdemos uma batalha, mas não a guerra.
Este processo deve nos manter alertas em defesa do estado democrático e de direito.
É preciso resgatar nosso protagonismo no processo político com vistas a eleger parlamentares comprometidos com a plataforma da classe trabalhadora, com as mulheres e com os segmentos mais vulneráveis da sociedade.
É preciso retomar as ruas e praças deste país, dialogar com a população e denunciar os que se apropriaram do Estado em benefício próprio e em detrimento da população mais pobre. É hora de resistência.
A ÚNICA LUTA QUE SE PERDE É AQUELA SE ABANDONA.
*Junéia Martins Batista é Secretária da Mulher Trabalhadora, Maria Júlia Nogueira é Secretária de Combate ao Racismo e Mara Feltes é Diretora Executiva da CUT
Fonte:CUT Nacional
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