Para analista político do Diap, Temer pode aprofundar ataques em meio à tempestade
Com dificuldade na retomada do crescimento econômico, desemprego e uma agenda de reformas fiscais que retiram direitos e agravam a crise, o governo Temer vê sua popularidade cada vez mais baixa, registra derrotas no Congresso e dissenção na sua base parlamentar. Somado a tudo isso, existe a perspectiva de cassação por meio do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apesar desse quadro que configura uma "tempestade", Neuriberg Dias do Rêgo, analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), acredita que, caso o governo Temer sobreviva, "tende a trazer sérios riscos para o estado de bem-estar da população, em especial dos mais pobres".
"Além da baixa popularidade, em função da economia, que não teve crescimento esperado conforme o anunciado, as agendas das reformas, tanto a trabalhista quanto a da Previdência, em tramitação, reforçaram essa baixa popularidade, porque não colaboram para a retomada do crescimento, são medidas com viés fiscal, de redução de direitos", explica o analista, em entrevista na terça 4 à Rádio Brasil Atual.
Segundo ele, a insatisfação da base aliada pode ser observada na derrota do governo na proposta que pretendia estabelecer cobrança para cursos de pós-graduação em universidades públicas, além das sucessivas críticas públicas do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do governo na Casa, que apontam para um rompimento. Até mesmo a votação na Câmara que aprovou a terceirização foi vencida por placar mais apertado que o esperado, aponta Neuriberg, o que denota fragilidade da base de apoio.
Sobre o processo de cassação que corre no TSE, o analista do Diap acredita que o governo Temer vai usar todas as manobras possíveis para retardar o julgamento, podendo assim influir com a nomeação de novos ministros, em substituição a dois juízes com mandatos que expiram nos próximos dois meses.
Com a cassação do mandato de Temer, Dias do Rêgo diz que um dos nomes que passam a ganhar força em eventual eleição indireta pelo Congresso é o do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que demonstrou ter apoio dos seus pares em eleição recente, além de estreita relação com o mercado, por ter atendido às agendas do setor empresarial.
O pior cenário, segundo o analista, seria se Temer fosse cassado, mas tivesse seus direitos políticos mantidos e fosse eleito indiretamente pelo Congresso. É quando, descomprometido de qualquer compromisso com a população, Temer aprofundaria ainda mais a pauta de retirada de direitos.
Segundo ele, a retomada da "normalidade institucional" dependeria de decisão do Congresso, por meio de alteração constitucional, em garantir eleições diretas, no caso de o atual presidente terminar cassado pelo TSE.
https://soundcloud.com/redebrasilatual/a-tempestade-de-temer
MAIS ARTIGOS
- Bancários são CLT Premium?
- Primeira mesa com banqueiros vai discutir o emprego bancário
- Algoritmos a serviço do lucro e da propagação do discurso de ódio
- PLR é resultado da luta dos trabalhadores!
- Banesprev: O Plano II e as contribuições extraordinárias
- Impacto da inteligência artificial nos empregos: tecnologia não pode ser vilã
- CABESP: Fraude e Desperdício na área da Saúde
- Reajuste salarial dos bancários representa acréscimo anual de R$ 2,7 bilhões na economia
- Negociação coletiva é o melhor instrumento para tratar das questões do mundo do trabalho
- A Caixa é do Brasil e não moeda de troca política
- Funcef: entrevista exclusiva com presidente Ricardo Pontes
- O que muda com a Reforma Tributária?
- Bancos públicos devem voltar a estimular a economia por meio da oferta de crédito
- Demissão em Massa - Quais são os direitos de quem foi demitido?
- Mulheres à frente de bancos públicos representam avanços em conquistas históricas