Banco do Brasil fecha agências, demite funcionários e perde a liderança do mercado
Por João Luiz Fukunaga
O Balanço do Banco do Brasil de 2016 apresentou uma novidade: a perda da liderança entre os maiores bancos do país. A queda brusca do crédito demonstra o erro na condução da BB pela atual gestão liderada por Paulo Cafarelli. A referência de ser o maior banco do país há mais de dois séculos foi ultrapassada no final do ano passado, quando o Itaú Unibanco assumiu a liderança de maior instituição financeira do país.
A estratégia da direção do BB erra ao apostar na redução de pessoas e de agências como foco de sua reestruturação. No final 2016, foi anunciado o fechamento de 402 agências; um programa agressivo de demissão de incentivada de funcionários e redução do quadro de funcionários do banco. Estratégia errada, no mínimo em dois quesitos, o primeiro deles é colocar funcionários com experiência de anos de investimentos em formação para fora da empresa. O outro é a insegurança posta nos que ficam sobre o futuro da empresa. O resultado desse tipo de ação é sempre o mesmo. A empresa entre em período retração, esquecendo de focar ações que possam alavancar os negócios.
Soma-se à estratégia da reestruturação a aposta do BB no modelo de banco digital, o que pode ser um caminho a se pensar, mas ainda está longe de ser o foco central de uma empresa com capilaridade do BB, bem como seu perfil de clientes e modelo de negócio. Esse caminho, fez o banco reduzir cargos comissionados e fechar postos de trabalho, que imporá maior carga de trabalho ao pessoal que administra os ativos, já que por trás dessas plataformas tem de haver pessoas com capacidade para tomar decisão e orientação aos clientes. A diferença é que no modelo atual cada carteira é composta por 350 clientes e no novo modelo serão 700, ou seja, o dobro de trabalho para cada bancário.
Essa nova fronteira, entre outros objetivos, visa a exploração de mão de obra bancaria com redução de despesas administrativas, não se sustenta, pois, o negócio do banco não é de ser um gestor de custos administrativos, mas sim o de um banco com capacidade para executar políticas de governo, gerar emprego disponibilizando crédito para a agricultura, indústria e o comércio, como sempre fez.
O Banco ao justificar o resultado de 2016, que apresentou redução em muitos segmentos de ativos e na carteira de clientes, anunciou a expansão dos escritórios digitais até final de 2017, aumento atuais 120 para 250 escritórios no final deste ano. Mas apenas aumentar o número de escritórios não será capaz de reverter sozinho a diminuição do tamanho do BB. Os escritórios podem ser um caminho para o futuro, mas, antes de o futuro chegar será necessário ter estratégia acertada para continuar disputado o mercado e os clientes e, para isso continuaremos tendo a necessidade de ter capilaridade de nossas agências para atender a todo segmento social, papel este de um Banco Público. Um banco publico com o BB não deve se espelhar nos grandes bancos privados, pois ser um banco publico é presar pelo desenvolvimento econômico, sustentável e social, diferente da estratégia de um dos maiores bancos privados internacionais em atuação no Brasil. Este banco gera e exporta cerca de 22% de seu lucro para sua matriz na Espanha.
Por fim, dizer o fadado mantra de que as empresas publicas não servem para sociedade é apostar no foco de interesses dos grandes financistas e especuladores nacionais e internacionais. O BB sempre atuou aonde nenhum banco privado jamais quiz atuar, não perdendo de vista seu potencial de lucro. Se observarmos de 2008 para cá o crescimento e difusão do crédito contribuiu para o BB assumir a liderança do mercado financeiro, ao mesmo tempo com uma taxa de inadimplência menor que a média nacional do sistema financeiro, dados do próprio balanço do banco. Os dados do Banco Central Brasileiro, reforçam o potencial de crescimento que houve nos bancos públicos, em especial o BB que assumiu essa liderança.
Além de funcionários também será necessário que a direção do BB repense sua estratégia de diminuição do tamanho do papel do Banco. O funcionalismo e suas lideranças têm um papel fundamental para cobrar e denunciar medidas que não contribuem para fortalecimento da empresa, apostando na diminuição de sua inserção país afora. Este é o novo desafio frente a iniciativas de governo para as empresas como o Banco do Brasil.
Fonte: Contraf-CUT
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