20/02/2017

Artigo de João Luiz Fukunaga: Qual o papel do CAREF, o Conselho de Administração do BB?

Por João Luiz Fukunaga

O CAREF - Conselheiro de Administração Representante dos Funcionários do Banco do Brasil- é o representante do corpo funcional no Conselho de Administração de uma das maiores instituições financeiras do país. Como representante, ele é porta voz dos anseios dos funcionários para dialogar sobre a estratégia do Banco do Brasil. Embora, por força de lei, ele seja apenas um voto e não possa participar de debates relacionados as questões específicas do funcionalismo, mesmo assim, pode fazer a diferença ao discutir a visão de longo prazo e os caminhos que a direção do banco esta tomando. Essa visão e os caminhos mexem diretamente no dia a dia e nas angústias vividas pelos funcionários.

Uma exemplo é a reestruturação em curso no BB, PEAI e jornada de 6 horas, decisões que tiveram como argumento redução das despesas administrativas em cerca de 2 bilhões ao ano até o final de 2017 para se enquadrar na regulamentação do acordo de Basiléia III. Regulamentação, que têm como o objetivo dar sustentabilidade aos sistema financeiro frente à perda especulativa. 

Por conta da regulação, a reserva de capital de cada banco deve ser em torno de 9.5% do seu  Patrimônio Liquido. No caso do BB, existem três formas de se chegar a essa reserva de capital: capitação de recursos no mercado, aporte do tesouro nacional ou redução de despesas, entre elas diminuição do número de funcionários. A direção do BB optou por redução de funcionários como estratégia para se adequar ao Basiléia III, argumentando que o ajuste tem como objetivo a adequação do banco ao patamar praticado por bancos privados nacionais. 

 O que está por trás disso? O que o CAREF pode falar sobre isso?

O Representante dos Funcionários no Conselho de Administração tem acesso garantido a relatórios de auditorias, controladoria e das próprias discussões no conselho. Com esses elementos, ele pode questionar as razões de a  direção do Banco do Brasil optar pela diminuição de funcionários para se adequar ao basileia III. Propor que a adequação fosse feita somente no prazo determinado pelo Banco Central que é dezembro de 2019, sem antecipação e, dessa forma evitar demissão de empregados em momento de crise econômica. 

Um representante capacitado, conhecedor das normas e regras de funcionamento do conselho de administração do Banco, deve atuar para cobrar a responsabilidade da empresa, quando se pensa em fazer corte em massa de funcionários. Pois cortar gente representa uma solução que não pensa na estratégia de longo prazo da empresa e vai contra ao que se prega sobre responsabilidade sócioambiental, respeito aos funcionários e ao próprio papel do BB, como referência e indudor de boas práticas de mercado. 

No que tange o fechamento de agências é outra ação que vai na contra-mão do que deve fazer uma empresa que tem por missão ser o agente de governo e atuar para chegar em todos os lugares possíveis, para exercer o papel de indutor de crédito e de desenvolvimento. Papel que o BB sempre exerceu, tornando-o a maior instituição financeira do país. 

Levar o posicionamento dos funcionários e influenciar na estratégia do banco para definir a sua atuação no crédito produtivo, como agente de fomento, incentivo ao micro-crédito, cadeias produtivas e desenvolvimento de novos negócios, temas fundamentais para a continuidade do banco como a grande instituição é parte fundamental da atuação do CAREF.

Com uma atuação consistente é possível prever e avaliar medidas para evitar ações que prejudiquem o banco e o funcionalismo. Também pode fortalecer a ações das representações do funcionalismo (sindicais e associativas)  contra medidas que atentem contra a estratégia e função do BB. 

É disso que se trata quando pensamos em eleger um representante para o CAREF. Pois, vamos escolher alguém para uma posição estratégica, que requer pessoa com formação técnica, capacidade e experiência para discutir a estratégia da empresa em todos os seus níveis. Isto, mais o papel de saber agir para cobrar da empresa o papel que lhe cabe como empregador, no que diz respeito aos direitos dos funcionários.

*João Luiz Fukunaga é diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e membro da Comissao de Empresa dos Funcionarios do Banco do Brasil

Fonte: Contraf-CUT


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