09/02/2017
Só mobilização da classe trabalhadora barrará o desmonte das conquistas trabalhistas
Por Rosane Bertotti
A direita excludente, rentista, anti-nacionalista e entreguista para consolidar o seu projeto precisa destruir todas as possibilidades de construção do pensamento crítico da sociedade brasileira. É preciso vergar a força dos trabalhadores, dificultando sua reação a tantos desmandos e saques em nossos direitos conquistados.
Por isso não temos tempo para lamber feridas, para nos lamentar, é hora de organizar a esperança na prática.
As estatais estão sendo desmontadas e privatizadas, os ataques ao SUS estão fazendo as filas aumentarem, as pessoas morrerem nelas sem tratamento ou remédios. O desmantelamento da educação pública e da seguridade social é parte das estratégias das grandes corporações para que a classe trabalhadora pague a conta da crise econômica criada globalmente pelas grandes corporações transnacionais. Os políticos golpistas se tornaram gerentes dessas corporações.
Há algo muito errado em um país em que instituições como MP, Judiciário e Congresso expõem as principais empresas geradoras de empregos, atacam sua imagem no Brasil e exterior e contribuem para gerar um desemprego histórico no país dobrando a taxa de desempregados em dois anos: em 2014 eram 6,7 milhões de trabalhadores desocupados saltando para 11,7 milhões em 2016.
Há algo muito errado num país em que o comando da Vale/Samarco, que matou o vale do Rio Doce e envenenou o solo, subsolo e a água de Minas ao Espírito Santo não tenha sido julgado e condenado.
Há algo errado no Brasil onde a agricultura familiar produz 70% dos alimentos de nossa mesa e grande parte dos recursos, investimentos, apoio técnico são para latifúndios do agronegócio. O reconhecimento dos agricultores familiares como categoria produtiva se dá apenas no papel.
Há algo muito errado quando na maior e mais rica cidade do Brasil e hoje tão desumana cidade de São Paulo, o prefeito eleito gaste 900 mil reais para destruir o maior mural artístico a céu aberto do mundo, tornando mais cinza a selva de pedra e estabeleça uma verdadeira caçada para criminalizar grafiteiros e pichadores e adote como política pública aumentar a velocidade das marginais ignorando as estatísticas que provaram que a redução ampliou o fluxo do trânsito e diminuiu os acidentes.
Há algo errado num país em que a grande mídia estimula o ódio e grupos contaminados pelo ódio não respeitam sequer a morte de Marisa Letícia.
Há algo muito errado num mundo onde oito homens concentram uma riqueza equivalente ao patrimônio de três bilhões e seiscentos milhões de pessoas. Oito homens concentram a riqueza da metade da população do planeta.
Há algo muito errado quando o império estadunidense elege um empresário que é explicitamente xenófobo, sexista, homofóbico e anuncia que repetirá práticas segregacionistas do Estado de Israel, simbolizando em concreto o apartheid, o ‘muro da vergonha’, que visa impedir a entrada de imigrantes, especialmente mexicanos, nas terras que em grande parte pertenciam aos mexicanos e foram saqueadas pelos EUA.
É nesse cenário adverso da política nacional e global que precisamos recuperar a delicadeza perdida, democratizar a vida, aprimorar a sociedade do conhecimento combatendo a pós-verdade, estimulando o pensamento crítico. E não faremos isso nos jardins murados do Facebook. Faremos, recuperando a grande política que é a política feita pelos trabalhadores organizados.
Nós nos formamos politicamente nas pastorais do campo, da juventude, nos nossos sindicatos. Nesse processo, criamos a maior central da América Latina e a 5ª maior central do mundo - a Central Única dos Trabalhadores. A partir da organização dos nossos locais de trabalho, no chão de fábrica, nos hospitais, nas escolas, no comércio, no espaço rural nos formamos para a luta. Construirmos redes reais de conhecimento debatendo os nossos problemas, buscando soluções criativas, empoderando nossas bases. Foi na luta que nos reconhecemos como classe e será na luta que a classe trabalhadora entenderá que é o nosso trabalho no campo e nas cidades que gera riqueza e que essa não pode ser apropriada por oito homens, protegidos por políticos gerentes.
*Rosane Bertotti é secretária nacional de formação da CUT
Fonte: CUT Nacional
A direita excludente, rentista, anti-nacionalista e entreguista para consolidar o seu projeto precisa destruir todas as possibilidades de construção do pensamento crítico da sociedade brasileira. É preciso vergar a força dos trabalhadores, dificultando sua reação a tantos desmandos e saques em nossos direitos conquistados.
Por isso não temos tempo para lamber feridas, para nos lamentar, é hora de organizar a esperança na prática.
As estatais estão sendo desmontadas e privatizadas, os ataques ao SUS estão fazendo as filas aumentarem, as pessoas morrerem nelas sem tratamento ou remédios. O desmantelamento da educação pública e da seguridade social é parte das estratégias das grandes corporações para que a classe trabalhadora pague a conta da crise econômica criada globalmente pelas grandes corporações transnacionais. Os políticos golpistas se tornaram gerentes dessas corporações.
Há algo muito errado em um país em que instituições como MP, Judiciário e Congresso expõem as principais empresas geradoras de empregos, atacam sua imagem no Brasil e exterior e contribuem para gerar um desemprego histórico no país dobrando a taxa de desempregados em dois anos: em 2014 eram 6,7 milhões de trabalhadores desocupados saltando para 11,7 milhões em 2016.
Há algo muito errado num país em que o comando da Vale/Samarco, que matou o vale do Rio Doce e envenenou o solo, subsolo e a água de Minas ao Espírito Santo não tenha sido julgado e condenado.
Há algo errado no Brasil onde a agricultura familiar produz 70% dos alimentos de nossa mesa e grande parte dos recursos, investimentos, apoio técnico são para latifúndios do agronegócio. O reconhecimento dos agricultores familiares como categoria produtiva se dá apenas no papel.
Há algo muito errado quando na maior e mais rica cidade do Brasil e hoje tão desumana cidade de São Paulo, o prefeito eleito gaste 900 mil reais para destruir o maior mural artístico a céu aberto do mundo, tornando mais cinza a selva de pedra e estabeleça uma verdadeira caçada para criminalizar grafiteiros e pichadores e adote como política pública aumentar a velocidade das marginais ignorando as estatísticas que provaram que a redução ampliou o fluxo do trânsito e diminuiu os acidentes.
Há algo errado num país em que a grande mídia estimula o ódio e grupos contaminados pelo ódio não respeitam sequer a morte de Marisa Letícia.
Há algo muito errado num mundo onde oito homens concentram uma riqueza equivalente ao patrimônio de três bilhões e seiscentos milhões de pessoas. Oito homens concentram a riqueza da metade da população do planeta.
Há algo muito errado quando o império estadunidense elege um empresário que é explicitamente xenófobo, sexista, homofóbico e anuncia que repetirá práticas segregacionistas do Estado de Israel, simbolizando em concreto o apartheid, o ‘muro da vergonha’, que visa impedir a entrada de imigrantes, especialmente mexicanos, nas terras que em grande parte pertenciam aos mexicanos e foram saqueadas pelos EUA.
É nesse cenário adverso da política nacional e global que precisamos recuperar a delicadeza perdida, democratizar a vida, aprimorar a sociedade do conhecimento combatendo a pós-verdade, estimulando o pensamento crítico. E não faremos isso nos jardins murados do Facebook. Faremos, recuperando a grande política que é a política feita pelos trabalhadores organizados.
Nós nos formamos politicamente nas pastorais do campo, da juventude, nos nossos sindicatos. Nesse processo, criamos a maior central da América Latina e a 5ª maior central do mundo - a Central Única dos Trabalhadores. A partir da organização dos nossos locais de trabalho, no chão de fábrica, nos hospitais, nas escolas, no comércio, no espaço rural nos formamos para a luta. Construirmos redes reais de conhecimento debatendo os nossos problemas, buscando soluções criativas, empoderando nossas bases. Foi na luta que nos reconhecemos como classe e será na luta que a classe trabalhadora entenderá que é o nosso trabalho no campo e nas cidades que gera riqueza e que essa não pode ser apropriada por oito homens, protegidos por políticos gerentes.
*Rosane Bertotti é secretária nacional de formação da CUT
Fonte: CUT Nacional
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