Greve da PM e caos na segurança pública: trabalhadores são as maiores vítimas
Por Jasseir Fernandes
O caos que toma conta do Espírito Santo com a greve e aquartelamento da Polícia Militar mostra mais uma faceta da exposição dos trabalhadores a uma política chamada de ultraliberal colocada em curso no Brasil e que não poupa trabalhadores de nenhuma categoria.
A insegurança, a violência (ou a sua intensificação), o caos instituído têm como principais vítimas os trabalhadores e trabalhadoras. São estes que sentem mais de perto o medo, o estresse, a exposição ao perigo. A proteção ao patrimônio de quem tem dinheiro já é garantida. Isso não acontece por exemplo, com o trabalhador ou trabalhadora que tem seu carro comprado a prestações, que é assaltado na rua ou que vê sua residência ou mesmo pequenos comércios sendo saqueados.
A CUT-ES, assim como a CUT Nacional, vê com preocupação a escalada de ações políticas que impõem a exclusão de maiorias inteiras no país. Idosos e crianças são excluídos com redução nas verbas da saúde e educação; trabalhadores de todas as idades, do campo e da cidade, se vêem excluídos com o roubo da perspectiva de uma aposentadoria e com a ameaça de cortes de direitos a partir de ataques sistemáticos à legislação trabalhista; servidores públicos vêem benefícios serem cortados, com iguais ataques a suas aposentadorias. Os trabalhadores e trabalhadoras das Polícias Militares não escapam a essas políticas. O arrocho imposto a servidores públicos em todos os setores visa a desestimular o ingresso e a permanência nas carreiras, bem como a apresentar a opção do privado como o melhor caminho.
Na segurança a lógica não deixa de ser a mesma, embora o aparelho de estado ainda precise contar com sua força de coação e de poder armado. Mas a mesma lógica, ainda que procure minimizar impactos dessas reformas para forças policiais, não livra esposas, filhos e familiares das corporações de serem condenados a não mais terem direitos a aposentadorias ou pensões dignas e nem a direitos trabalhistas básicos, que estão sob ataque.
A CUT-ES se solidariza com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras na PM por melhores condições de trabalho e por salários dignos, como trambém se solidariza com toda a sociedade em seu anseio por segurança e pelo direito a uma vida sem violência. E que a reflexão sobre o que está sendo feito com nossos estados e nosso país venha ao debate necessário sobre o futuro que se desenha para o Brasil.
É imperioso ainda que toda a sociedade exija do governo Paulo Hartung a abertura de diálogo imediato com a Polícia Militar, bem como com todo o funcionalismo público estadual, que padece de reajustes salariais que corrijam suas perdas inflacionárias e benefícios que lhes têm sido negados por um governo que apregoa aos quatro cantos uma situação financeira confortável.
* Jasseir Fernandes é presidente da CUT-ES
Fonte: CUT Nacional
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