03/03/2016

A quem interessa atacar os fundos de pensão?

*Por Afubesp

Somos de uma geração que combateu a ditadura e aprendeu a desconfiar da velha mídia brasileira, até mesmo quando ela elogia. A história da mídia brasileira é cercada de negócios pouco conhecidos e, como diz Paulo Henrique Amorim, é interesseira até no horóscopo.

A geração da redemocratização aprendeu a fazer a sua própria comunicação que espelhasse a verdade dos movimentos e a nunca reproduzir matérias da velha mídia. Por isso a recusa em colocar aqui os links das matérias do fim de semana do jornal "O Globo" sobre fundos de pensão. Quem compartilha em seus espaços matérias duvidosas fornece audiência e espalha notícias que não se sabe ao certo a que interesses servem.

"O Globo" constrói uma narrativa maliciosa para induzir o leitor ao erro, pegar algumas pessoas que se aposentaram com benefícios baixos, pouco informadas e que dirigem suas incertezas para o fundo de pensão. Isto existe entre nós, entre colegas que tiveram uma vida lado a lado no trabalho, cuja incerteza é dirigida ao futuro do Banesprev - mesmo com tanta transparência e solidez.  E, quando se mescla o conhecido déficit, seja por contribuições ou pelo aumento da expectativa de vida, dá-lhe terrorismo. Depois aponta o dedo julgador para seus gestores e partidariza criminosamente. Os judeus viveram isso em forma de holocausto.

Algumas verdades sobre os principais fundos de pensão

Aliás, a participação dos trabalhadores na gestão dos fundos de pensão é uma conquista de valorosos lutadores ainda na década de 70, quando da extinção dos antigos fundos de aposentadoria (IAPB, IAPI, etc). Assim como a fundação do Banesprev, que foi resultado de forte greve em 1987. Se dependessem dos mesmos críticos, o trabalhador não teria complementação de espécie alguma.

Até o início dos anos 2000, quem dominava a cena eram os bancos e executivos vinculados ao mercado financeiro, que utilizavam os fundos para ganhar dinheiro pessoal. Até aí "O Globo" e analistas consideram isso correto.

Mas, a partir do momento em que os trabalhadores passaram a intervir nas entidades onde tinham suas aposentadorias, essas eleições passaram a ser criminalizadas. O jornal carioca enlameia o nome do banespiano Luiz Gushiken como sendo o patrono desse movimento, quando na verdade Gushiken foi o que mais alertou para a rapinagem dos bancos nos fundos de pensão na gestão FHC. Voltemos ao assunto do uso dos fundos de pensão nas privatarias.

Maldosamente, "O Globo" acusa os gestores eleitos como responsáveis pelos déficits, quando a história comprova que quando a gestão ocorre com participação dos eleitos, a meta atuarial sempre foi batida ao contrário de quando a gestão é feita pelos “profissionais” do mercado.

Se existe alguma regulamentação entre os fundos de pensão, isso se deve às duas leis aprovadas em 2002 com a gestão de muitos representantes dos trabalhadores e de uma bancada de deputados interessados em blindar os fundos. Hoje, o regramento é uma garantia dos participantes o cada um faz o que quer. Desconfie sempre de quem não quer regulamentação, principalmente no mercado financeiro, na verdade querem ficar livres para qualquer negociata. Talvez, a fumaça levantada pela publicação seja um primeiro passo para que o mercado desregulamente os fundos de pensão para que a comércio de PGBL e VGBL ocupo o mercado no balcão dos bancos.

É fácil enxergar que o mesmo calibre de ataque aos fundos de pensão dirige suas baterias contra a Previdência Social, com a mesma finalidade. Acabar com o teto, aplicar um benefício mínimo, acabar com a aposentadoria rural - que é um verdadeiro programa contra a miséria no campo, etc - sempre com a finalidade de gerar mercado privado para as aposentadorias do mercado financeiro.

O primeiro passo para destruir posições duramente conquistadas este adotado pelo "O Globo". Ridicularizar na mídia para criar um sentimento de dificuldade, criminalizar, e depois privatizar. O Banespa passou por essa história, foi vendido como podre sem ter um único título protestado.

Fiscalizar, cobrar, acompanhar, usar os espaços de gestão como diretorias, conselhos e assembleias é quase um dever dos participantes dos fundos de pensão, o que é muito diferente de se deixar levar por interesses obscuros. Não precisamos da mídia para defender nossas aposentadorias. E os que difundem matérias como as daquele jornal estão treinando para medalha de ouro em tiro no pé.


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