Um banco público há 155 anos. E que deve continuar assim
*Por Maria Rita Serrano
Na semana em que a Caixa comemora seus 155 anos de existência, representantes do movimento sindical, social, associativo, e os eleitos no conselho de administração da empresa retomaram, em Brasília, as manifestações pelo banco 100% público. O momento, afinal, é mais que propício para reafirmar a importância da instituição centenária para os brasileiros, cujo papel social vem se intensificando nas últimas décadas e cujo impacto é visível no desenvolvimento do País.
Uma empresa pública tão antiga é coisa rara no Brasil, que enfrentou ciclos privatizantes como o da era FHC. Assim, é preciso lembrar que essa longa história vem sendo construída com o esforço e a luta da sociedade organizada, a persistência dos empregados da Caixa e a ação de sindicatos e associações, que sempre defenderam um banco 100% público, social e sustentável. Uma instituição que, segundo balanço recentemente divulgado, foi a responsável por nada menos que 34% do crescimento do mercado de crédito nos últimos doze meses, o que contribui para a geração de emprego em várias áreas, em especial a da construção civil, com o crédito habitacional.
Com seus vários programas sociais, a Caixa é hoje uma referência para os brasileiros e deve continuar assim. Sua atuação como banco que ampara e amplia o crescimento do Brasil e da sociedade pode ser conferida em dezenas de indicadores, e nada disso prejudica o desempenho da empresa quando o assunto é lucratividade. Pelo contrário: de janeiro a setembro do ano passado o lucro líquido alcançado foi de R$ 6,5 bilhões, o que representa crescimento de 23,3% em 12 meses.
É evidente que, para nós, trabalhadores da Caixa, há muito ainda a reivindicar e melhorar no dia a dia. No entanto, nesse momento em que se unem comemoração e luta, temos que priorizar a defesa da instituição pública e, entre os principais inimigos a combater com urgência, está o projeto de lei do Senado (PLS 555), o chamado Estatuto das Estatais, que pode levar muitas empresas à privatização. O projeto deverá ser votado já no próximo mês, e é imprescindível que sejam estabelecidos critérios para preservar o bem público.
Somos, hoje, 97,7 mil empregados concursados na Caixa, bancários qualificados que diariamente ajudam a fazer do Brasil um País menos desigual. E queremos ser cada vez mais, participando da construção de uma história cujas conquistas vão além do mundo do trabalho e se estendem a toda a sociedade brasileira.
*Maria Rita Serrano é representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Caixa, diretora da Contraf-CUT e do Sindicato dos Bancários do ABC e mestra em Administração.
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