31/10/2024

Bradesco acumula lucro de R$ 14,2 bilhões até setembro de 2024

O Bradesco terminou setembro acumulando lucro líquido recorrente de R$ 14,2 bilhões, valor que representa crescimento de 5,5% nos nove primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. O crescimento no trimestre encerrado em setembro foi de 10,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 13,1% no terceiro trimestre de 2024 em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Em relatório, o banco disse que os principais fatores para o aumento do lucro foram margem de clientes (ganhos com empréstimos para famílias e empresas) e redução com provisões para devedores duvidosos (PDD). Outro fator destacado pelo Bradesco para o resultado positivo foi a melhora na "margem líquida", indicador que mede o percentual do lucro líquido obtido da receita total, após pagamento dos custos e despesas.

Postos, agências e clientes

A coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Bradesco, Erica Oliveira, ressalva que o lucro do banco representa a dedicação dos trabalhadores. "É importante esse destaque para não perdermos de vista que os resultados não são apenas cálculos de números frios, mas traduzem o empenho diário das bancárias e bancários, que precisam ser reconhecidos com a manutenção e segurança de seus postos de trabalho", completa.

Relatório divulgado pela equipe do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a partir do material sobre o trimestre apresentado pelo Bradesco, mostra que a holding(que vai além do banco e inclui outras empresas que atuam no setor financeiro) encerrou o terceiro trimestre de 2024 com 84.018 funcionários, sendo a maior parte (72.709) do banco Bradesco.

O número revela fechamento de 2.084 postos de trabalho em doze meses. No trimestre, a redução foi de 693 postos. No mesmo período, o banco aumentou em 0,7 milhão o número de clientes, em relação a setembro de 2023, totalizando 108,7 milhões.

A empresa também fechou, em 12 meses, 399 agências e 734 postos de atendimento – sendo 3 agências transformadas em unidades de negócios. Só no último período, do terceiro trimestre de 2024, foram fechadas 155 agências, além de 219 postos de atendimento e 41 unidades de negócios, em relação ao trimestre imediatamente anterior.

"Mesmo mantendo lucros bilionários, o Bradesco segue enxugando postos de trabalho e de atendimento. Durante a Campanha Nacional dos Bancários, o argumento dos bancos nas mesas de negociação para justificar essa falta de responsabilidade social com trabalhadores e clientes foi a transformação do setor com as novas tecnologias. Mas nós, representados pelo Comando Nacional, rebatemos e lembramos que os avanços tecnológicos não podem significar apenas aumento de lucros para os banqueiros e sim oportunidade para melhorar a relação trabalho e capital. Nós, inclusive, apresentamos saídas, como a redução da carga horária e que poderia gerar aumento de vagas no setor bancário e garantir qualidade nos serviços. Porque nós só vamos conseguir avançar, como sociedade, compartilhando os ganhos dos avanços tecnológicos para todos e todas. Caso contrário, vamos aprofundar ainda mais as desigualdades", pontua a coordenadora da COE.

"Estamos permanentemente protestando contra o fechamento de agências e contra a redução dos postos de trabalho no Bradesco, seja por meio de atividades públicas, nas agências, nas redes sociais. E vamo seguir denunciando este completo descaso e desrespeito do banco com os trabalhadores e com a sociedade em geral, a exemplo dos muitos aposentados que recebem seus benefícios e, muitas vezes, deparam-se com unidades fechadas ou até mesmo terminais de autoatendimento desativados, como aconteceu recentemente em Fernando Prestes, cidade da base do Sindicato que teve sua única agência do banco no município fechada. Meses antes, outra unidade, em Catanduva, também fechou as portas", acrescenta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Luiz Eduardo Campolungo.

Carteira de crédito

A concessão de crédito expandida do Bradesco cresceu 7,6% em 12 meses, totalizando R$ 943,9 bilhões em setembro de 2024. A carteira de pessoa física, que representa 42% carteira da instituição, cresceu 10%, somando R$ 396,8 bilhões. Desse segmento os destaques foram o crédito pessoal (+16,7%), imobiliário (+11,2%) e rural (49,1%).

O segmento pessoa jurídica, por sua vez, apresentou crescimento 5,9%. A carteira de grandes empresas se manteve praticamente estável (+0,7%) e a carteira das micro, pequenas e médias empresas apresentou crescimento de 16,9%, no período de 12 meses.

Inadimplência

A taxa de inadimplência superior a 90 dias ficou em 4,2% em setembro de 2024, com queda de 1,4 ponto percentual (p.p.) em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado é um pouco superior à inadimplência média do Sistema Financeiro Nacional (3,2%).

"É importante destacar que, em relação aos cinco maiores bancos do país, o Bradesco só perde para o Santander nos juros abusivos, sobretudo no crédito rotativo onde, segundo dados do Banco Central, os juros do Bradesco estão em 387,18% ao ano", explica Erica. "Os bancos precisam ser enquadrados em relação ao papel social, que é fomentar o desenvolvimento do país e não contribuir para o endividamento da população, dificultando o acesso de todos nós aos bens e serviços essenciais para nossa qualidade de vida, com a cobrança de juros abusivos", conclui a coordenadora da COE.

Clique aqui para ler o relatório do Dieese sobre os destaques do Bradesco.
 

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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