12/12/2023

Caixa exige ‘termo de aceite’, mas não dá condições para cumpri-lo

Não bastasse a sobrecarga diária nas agências da Caixa, os empregados e empregadas agora estão enfrentando problemas no atendimento de usuários do aplicativo Caixa Tem.

Muitos deles têm dificuldades com o uso da tecnologia e por isso não têm conseguido gerar o código de autorização de saques pelo app. Assim, pedem auxílio aos empregados, que liberam o saque pelas agências. Acontece que esse processo demanda que o bancário faça a digitalização dos documentos do cliente, o que gera outro entrave: o sistema de digitalização do banco está lento e resulta em erro no upload do documento, não finalizando o processo ou gerando várias tentativas até que se complete.

Para piorar a situação, desde segunda-feira (11), a Caixa instituiu um Termo de Aceite de Responsabilidade, que deve ser assinado pelo empregado antes de liberar o saque, declarando que houve a digitalização dos documentos de identificação e da assinatura do usuário – o que por conta da lentidão do sistema demanda tempo excessivo, muitas vezes impedindo que seja realizado antes da assinatura do Termo – e, num segundo campo, declarando saber que, caso isso não tenha sido cumprido, está sujeito à apuração de responsabilidade.

Pressão constante

E os empregados em agências lotadas, com poucos funcionários e com o sistema lento e ineficiente, sentem-se ainda mais pressionados. Muitas vezes não há scanners suficientes para atender a demanda, e os trabalhadores ficam duplamente pressionados: pela empresa, que não dá condições de trabalho e ainda os ameaça com processos disciplinares, e pela população, que tem de esperar ainda mais tempo para o atendimento, gerando riscos inclusive de agressões, como infelizmente tantas vezes já foi acompanhado pelo movimento sindical.

É válido ressaltar que a crítica não é sobre os procedimentos de segurança adotados pelo banco, importantes para evitar fraudes e resguardar o patrimônio, que é público inclusive. Mas, para isso é preciso que haja condições de serem cumpridos.

O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região e da Apcef/SP, Antônio Júlio Gonçalves Neto acrescenta que a falta de empregados voltados para o atendimento ao público é outro grave problema.

"Os empregados da Caixa se desdobram para atender bem a população, mas é muito complicado lidar com a falta de trabalhadores, com o planejamento inadequado do banco e ainda por cima cumprir metas diárias, inclusive individuais. Imagine como é para os funcionários terem de lidar com filas imensas de pessoas aguardando para serem atendidas e uma lista de metas a serem batidas, poucos dias antes das festas de fim do ano?! A demanda para aumentar o contingente de trabalhadores do banco é uma reivindicação constante do Sindicato. As condições de trabalho estão precárias e quem está nas unidades está trabalhando incansavelmente sem as devidas condições. Muitos desses trabalhadores têm apresentado doenças físicas e mentais devido a extrapolação da jornada e o estresse diário. Contratar é uma necessidade", ressalta o diretor.

Sem dúvida nenhuma, a realidade do dia a dia das agências não foi levado em conta quando se estipulou um termo de aceite que transfere a responsabilidade para o empregado já muito sobrecarregado nas unidades lotadas do banco, e sem fornecer com isso as condições mínimas para que esse termo possa ser cumprido.

 
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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