24/07/2023

Itaú usou PDV para forçar demissão de idosos e adoecidos, aponta Ministério do Trabalho

O Itaú Unibanco teria utilizado um programa de desligamento voluntário (PDV) para estimular e pressionar pela demissão de bancários com idade avançada e, principalmente, com enfermidades — em alguns casos, relacionados a doenças ocupacionais. Já não seria o primeiro PDV em que o banco agiu de forma semelhante.

Dos 1.501 funcionários que aderiram ao PDV no ano passado, 85% estavam afastados há pelo menos 30 dias por motivo de doença ou acidente, ou se encontravam em estabilidade provisória após tratamento médico. Somados aos idosos, eles totalizavam 93,9% do público inscrito no PDV.
É o que aponta operação realizada ao longo de um ano e meio por auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O caso foi divulgado pela Repórter Brasil.
 
De acordo com a reportagem, o relatório da operação afirma que trabalhadores com esses perfis, e que não se inscreveram no PDV, foram “assediados” com e-mails e mensagens de SMS para aderir ao programa.

A fiscalização cruzou dados de bases oficiais do governo, como o eSocial, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), com informações de 132 mil empregados diretos do banco. Além disso, foram vistoriadas 53 agências em quatro estados – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Paraíba. Também foram entrevistados 300 trabalhadores.

Mulheres e negros vítimas de discriminação

A fiscalização do MTE apontou ainda que a política de contratação do banco levou “a` reduc¸a~o da igualdade de oportunidade no trabalho e de tratamento no emprego” para mulheres e negros. Segundo os auditores, isso prejudicou a ascensão profissional desses grupos, admitidos na empresa em cargos com salários mais baixos.

A operação investigou os critérios usados pelo banco para a contratação e a promoção de profissionais, e confirmou a ausência de critérios transparentes e de um plano de carreira para os trabalhadores, o que teria prejudicado mulheres e pessoas negras.

Segundo a Repórter Brasil, os auditores fiscais do MTE afirmam que o Itaú reserva a homens e pessoas não negras “os cargos mais bem remunerados”, e dificulta a ascensão profissional para mulheres e funcionários negros.

O impacto disso se refletiria na remuneração. Ao comparar o salário médio dos 132 mil funcionários do banco, por gênero e cor, a fiscalização identificou que mulheres recebem 25% a menos do que homens, e os negros ganham 27% menos do que os não negros.

Em nota, o Itaú afirma discordar dos critérios utilizados pela fiscalização e diz já ter apresentado defesa ao Ministério do Trabalho. A análise dos recursos vai determinar se a instituição será ou não multada.

“As publicidades do Itaú passam a imagem de que o banco é uma empresa ‘legal’ para se trabalhar, onde se pode ser 'quem você é', e até certificações 'Great Place to Work' a instituição vem ganhando por isso. Mas, os depoimentos que recebemos diariamente dos funcionários nas agências e os casos que vemos expostos na mídia e pela Justiça do Trabalho comprovam que a realidade é muito diferente. Os trabalhadores estão sendo massacrados e ficando doentes por causa das metas abusivas e, ainda, são descartados como nada, depois de anos de dedicação à instituição, seja porque adoeceram em decorrência da exaustão laboral, por discriminação de gênero ou raça.  Cobramos do banco responsabilidade social e respeito com seus funcionários também na vida real, promovendo um ambiente de trabalho realmente inclusivo e diverso como prega", ressaltou o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Ricardo Jorge Nassar Jr.

O Sindicato possui um canal oficial que permite denúncias sobre assédios, desrespeito aos direitos e falta de condições de trabalho, de forma fácil, ágil e sigilosa, garantindo a apuração, o acompanhamento e o retorno efetivos de cada caso. Se você for vítima, não se cale. Denuncie!
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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