30/06/2023

Assédio na Caixa completa um ano e se torna marco de luta

Há um ano, foi revelado uma série de casos de assédio sexual envolvendo o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães.

Na época, ao Ministério Público Federal (MPF), as vítimas relataram toques em partes íntimas, falas desrespeitosas, abordagens inapropriadas e convites inconvenientes por parte do chefe e presidente da instituição. Os casos de assédio teriam ocorrido durante atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em várias cidades do país. Desde 2019, o programa acumulou mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, nas quais Pedro Guimarães e equipe ficavam hospedados no mesmo hotel, onde ocorria, segundo as trabalhadoras, o assédio sexual.

Em março deste ano, Pedro Guimarães virou réu e passou a responder criminalmente pelos episódios de assédio. Os detalhes da denúncia ainda são mantidos em sigilo, já que o processo contra o ex-presidente da Caixa corre em segredo na Justiça Federal do Distrito Federal.

“Desde que assumi a presidência estamos tomando todas as medidas para coibir a prática do assédio, também atuando na formação das equipes para uma gestão humanizada e cobrando na justiça os danos causados pela gestão anterior”, destacou Rita Serrano, atual presidenta da Caixa.

Como representante dos empregados no Conselho de Administração do banco na época dos fatos, Serrano cobrou celeridade na apuração sobre as denúncias de assédio sexual feitas contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, em junho de 2022. Rita ocupou o cargo de 3ª conselheira na Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), que atua como entidade de defesa dos direitos dos empregados.

O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região se posicionou desde o início das denúncias, exigindo a apuração e o afastamento de Guimarães. 

“Não vamos deixar passar sem que sejam punidos todos os evolvidos neste escândalo que, infelizmente, manchou a história da Caixa. Existe uma necessidade e preocupação não só com as denúncias de assédio sexual e moral que saíram na mídia, mas também com a falta de punição aos responsáveis e, ainda, toda a institucionalização do assédio objetivadas em ferramentas de gestão, decorrentes da antiga gestão e sua política de desmonte das instituições públicas, que incluía diversos tipos de desrespeito aos funcionários. A naturalização de estruturas machistas deve ser confrontada e rompida para evitar violências em razão do gênero, independente de quem as tenha praticado. Esse tipo de prática é inaceitável em quaisquer espaços de nossa sociedade. Assédio é crime e não deve ser silenciado nunca”, destaca o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.

É lamentável constatar que, até o momento, nenhuma punição foi aplicada a Pedro Guimarães e aos demais envolvidos. Outros vice-presidentes foram afastados, mas nada além disso. 

“Essa sensação de impunidade é péssima para a imagem da empresa e do país, passa um sinal negativo para a sociedade, e prejudica a luta contra o assédio moral, sexual e outras formas de violência organizacional”, indignou-se o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros. “A Caixa precisa ter uma política consistente de combate ao assédio e que, de fato, patrocine uma mudança de cultura. Estão em vigor, por exemplo, campanhas, com metas individuais e com exposição de resultados das unidades”, completou.

Campanha dos Bancários

Durante a Campanha Nacional Unificada 2022, os trabalhadores reivindicaram artigo específico de combate ao assédio sexual com as denúncias apuradas numa comissão bipartite (sindicato e empresa). Seis cláusulas foram aprovadas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que ressaltam o repúdio às práticas de assédio, possibilitando que as vítimas façam denúncias a um canal específico.

No canal, os trabalhadores podem denunciar casos de assalto no local de trabalho; assédio moral; assédio sexual; descumprimento de lei ou da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT); discriminação (gênero, raça, orientação sexual, capacitismo, etarismo e outros); falta de funcionários ou terceirização; pressão no local de trabalho e cobrança metas abusivas; problema na estrutura física do local de trabalho (ar condicionado, falta de água, segurança e outros).

Basta! Não irão nos calar!

O Sindicato também disponibiliza, desde março deste ano, o programa Basta! Não irão nos calar!, que oferece suporte às mulheres vítimas de violência doméstica e assédios sua vida familiar. O canal funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. Para serem atendidas, as bancárias podem entrar em contato com o Sindicato pelo número (11) 99591-7733, que funciona exclusivamente via WhatsApp.

Em poucos minutos, uma advogada do escritório Crivelli Advogados, parceiro da entidade no projeto, retornará o contato. Pelo canal, a bancária receberá acolhimento e assessoria especializada, desde informações sobre as possibilidades jurídicas (medida protetiva, denúncia criminal em relação à agressão e ações relacionadas ao direito de família), além de encaminhamento para os serviços públicos especializados.

 
Fonte: Seeb SP, com informações de Apcef/SP e edição de Seeb Catanduva

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