Em 2022, o Bradesco teve lucro líquido contábil de R$ 20,732 bilhões, queda de 5,5% em relação a 2021. Quando comparado o quarto trimestre de 2022 (lucro de 1,437 bilhão) com o trimestre anterior (lucro de R$ 5,211 bilhões), a queda foi bem mais expressiva, de 72,4%. Já o lucro líquido recorrente – quando descontados efeitos extraordinários – foi de R$ 20,680 bilhões, uma queda de 21,1% no período. 

Impacto Americanas 

De acordo com o relatório do banco, “com os recentes eventos envolvendo um cliente Large Corporate específico, ocorridos no início de 2023, a Administração reavaliou os riscos inerentes e, de forma prudencial, provisionou 100% da operação, afetando o lucro do 4T22". 

Apesar de não mencionar o nome do “cliente large corporate”, é muito provável que se trate das Lojas Americanas, que divulgaram ao mercado, em janeiro, a detecção de inconsistências contábeis em demonstrações financeiras de exercícios anteriores estimadas em cerca de R$ 20 bilhões, dos quais o Bradesco seria uma das principais instituições financeiras afetadas. 

O banco provisionou 100% da operação referente as Americanas, o que fez o PDD mais que dobrar e derrubou o lucro no quarto trimestre. É preciso que se tenha claro que este resultado é fruto de uma irresponsabilidade de grandes empresários, os mesmos que cobram ‘responsabilidade fiscal’ e austeridade quando um governo prioriza a população mais pobre no orçamento. Também não se pode eximir o Bradesco e a sua política de concessão de crédito da responsabilidade pelo resultado do quarto trimestre, que infelizmente poderá impactar os bancários com a redução da PLR. Bancários estes que realizaram seu trabalho com a excelência de sempre, mas que podem ser prejudicados pela irresponsabilidade de bilionários e pela política de concessão de crédito do banco.   

Emprego 

O Bradesco encerrou 2022 com 88.381 empregados, com abertura de 1.107 postos de trabalho em doze meses. No mesmo período foram encerradas 83 agências e 91 unidades de negócio, totalizando, ao final 2022, 2.864 agências e 897 unidades de negócios. O total de clientes aumentou em 3 milhões, totalizando 77,1 milhões. 

"A desaceleração na abertura de postos de trabalho observados no último trimestre de 2022 evidencia aquilo que o Sindicato vem denunciando: a realidade no ambiente de trabalho dentro dos bancos, caracterizada pela sobrecarga de trabalho, pelo acúmulo de funções e pelo aumento das metas, cenário que resulta em uma multidão de trabalhadores adoecidos por causa desta rotina massacrante. O Bradesco não tem por que fechar agências, dificultando também, e cada vez mais, o serviço bancário para os seus correntistas, que pagam altas tarifas e juros e merecem um atendimento digno, assim como os funcionários merecem melhores condições de trabalho. Os dados comprovam que a instituição pode e deve contratar mais", ressalta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Júlio Trigo.

Somente com prestação de serviços e tarifas bancárias – receita secundária que cresceu 3,6% em doze meses, totalizando R$ 28,521 bilhões – o Bradesco cobre em 130% o total das suas despesas com pessoal, incluindo a PLR.  

Outros números 

A Carteira de Crédito Expandida do Bradeso cresceu 9,8% em doze meses e de 1,5% no trimestre, atingindo R$ 891,9 bilhões.  

Operações com pessoas físicas cresceram 12,6% em doze meses, chegando a R$ 361,1 bilhões, com alta em todas as linhas e destaque para o cartão de crédito (+27,5%); crédito pessoal (+15,7%); crédito imobiliário (+9,2%) e CDC Leasing Veículos (+9,0%).  

Já o crédito para pessoa jurídica cresceu 7,9% em doze meses, alcançando R$ 530,8 bilhões. O segmento de pequenas e médias empresas cresceu 4,6% no período e o de grandes empresas cresceu 9,7%.  

O Índice de Inadimplência superior a 90 dias, ficou em 4,3%, com alta de 1,5 p.p. em doze meses. As despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) mais do que dobraram, com alta de 104%, totalizando R$ 31,483 bilhões.