10/10/2022
Empregados cobram esclarecimentos sobre uso da Caixa para evento religioso
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) Caixa Econômica Federal cobrou esclarecimentos da direção do banco, na última sexta-feira (7), após tomar conhecimento das denúncias sobre um convite para um culto em Ação de Graças que foi distribuído fisicamente por gestores aos empregados, em horário de trabalho, em agências. O convite também foi feito através de grupos de WhatsApp. O caso foi denunciado ao Ministério Público do Trabalho no Acre e ao Ministério Público Federal.
“É muito preocupante o momento que vive a Caixa. Denúncias de assédio moral e sexual contra seu ex-presidente, o uso político do banco para beneficiar a campanha do atual presidente e agora convite para evento religioso usando a marca da empresa e constrangendo empregados. A Caixa precisa esclarecer para a sociedade qual a finalidade desse evento e porquê a estrutura foi usada”, ressaltou o coordenador da CEE e diretor de Administração e Finanças da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Clotário Cardoso.
No documento, a CEE/Caixa ressalta que “o caráter laico do Estado está consagrado na nossa Constituição…. Tal medida gera constrangimentos entre os empregados que não comungam da mesma crença. O episódio do Acre pode caracterizar mais uma forma de assediar os trabalhadores”.
O funcionário que fez a denúncia ao MPT, que prefere não se identificar temendo represálias, revelou que a preocupação com o constrangimento procede. Isto porque alguns convites foram entregues em agências da capital acreana por uma gerente de varejo e o superintendente executivo de governo.
“As funções na Caixa são por indicação de gestores sempre, pelo menos aqui no meu estado. Esse bom relacionamento é considerado importante”, reforçou.
Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a direção da Caixa não pode se calar diante de mais essa denúncia. “Isto caracteriza mais uma forma de assédio e uso político que precisa ser apurado. Não podemos aceitar que uma empresa pública use a questão religiosa para atender seus interesses de gestão”, disse Takemoto.
A conselheira eleita representante dos empregados no Conselho de Administração, Rita Serrano, também vai questionar a direção do banco. “Usar a logo e as redes internas do banco ferem as normas de conduta e de ética. Não bastava o assédio moral e sexual, agora tem o religioso”.
Rita Serrano manifestou a preocupação também com o uso eleitoral da Caixa. “A direção do banco não apresenta relatórios sobre as denúncias de assédio sexual. Nada mudou do ponto de vista prático no banco, que lançou programa para mulheres para apagar a questão do assédio, agora renegociação de dívidas as vésperas do segundo turno”, acrescentou.
O movimento sindical vem denunciando iniciativas das direções de bancos públicos em utilizá-los para campanha eleitoral e, embora as instituições neguem, novos casos surgem à medida que se aproxima o segundo turno das eleições presidenciais. Outra denúncia recente vem do Banco do Brasil na Bahia, onde trabalhadores foram escalados para o MPE Week, uma ação que ocorre todos os anos em várias capitais para promover as micro e pequenas empresas. Segundo as denúncias, os bancários foram coagidos a usarem camisetas amarelas durante todo o evento.
"A luta contra o assédio faz parte de uma política permanente do Sindicato, que agora permeia também questões políticas porque as últimas direções decidiram que devem tratar a coisa pública, inclusive o servidor público, como propriedade sua. Não permitiremos que este tipo de conduta com os empregados, o uso político de instituições públicas que são patrimônios dos brasileiros, que deveriam estar exclusivamente a serviço da população. E contamos com a colaboração dos trabalhadores no combate a esse uso ilegal, por isso reforçamos a orientação de que ocorrências do tipo sejam reportadas ao Sindicato, mediante sigilo absoluto do denunciante", ressaltou o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
Reação no Acre
O Sindicato dos Bancários do Acre criticou o desrespeito à laicidade garantida pela Constituição Federal. “Será que outras religiões, como as de matrizes africanas teriam o mesmo espaço”, questionou o presidente da entidade e empregado da Caixa, Eudo Raffael Lima da Silva. Ele disse que já solicitou à assessoria jurídica da entidade uma análise das medidas que podem ser adotadas.
“É muito preocupante o momento que vive a Caixa. Denúncias de assédio moral e sexual contra seu ex-presidente, o uso político do banco para beneficiar a campanha do atual presidente e agora convite para evento religioso usando a marca da empresa e constrangendo empregados. A Caixa precisa esclarecer para a sociedade qual a finalidade desse evento e porquê a estrutura foi usada”, ressaltou o coordenador da CEE e diretor de Administração e Finanças da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Clotário Cardoso.
No documento, a CEE/Caixa ressalta que “o caráter laico do Estado está consagrado na nossa Constituição…. Tal medida gera constrangimentos entre os empregados que não comungam da mesma crença. O episódio do Acre pode caracterizar mais uma forma de assediar os trabalhadores”.
O funcionário que fez a denúncia ao MPT, que prefere não se identificar temendo represálias, revelou que a preocupação com o constrangimento procede. Isto porque alguns convites foram entregues em agências da capital acreana por uma gerente de varejo e o superintendente executivo de governo.
“As funções na Caixa são por indicação de gestores sempre, pelo menos aqui no meu estado. Esse bom relacionamento é considerado importante”, reforçou.
Para o presidente da Fenae, Sergio Takemoto, a direção da Caixa não pode se calar diante de mais essa denúncia. “Isto caracteriza mais uma forma de assédio e uso político que precisa ser apurado. Não podemos aceitar que uma empresa pública use a questão religiosa para atender seus interesses de gestão”, disse Takemoto.
A conselheira eleita representante dos empregados no Conselho de Administração, Rita Serrano, também vai questionar a direção do banco. “Usar a logo e as redes internas do banco ferem as normas de conduta e de ética. Não bastava o assédio moral e sexual, agora tem o religioso”.
Rita Serrano manifestou a preocupação também com o uso eleitoral da Caixa. “A direção do banco não apresenta relatórios sobre as denúncias de assédio sexual. Nada mudou do ponto de vista prático no banco, que lançou programa para mulheres para apagar a questão do assédio, agora renegociação de dívidas as vésperas do segundo turno”, acrescentou.
O movimento sindical vem denunciando iniciativas das direções de bancos públicos em utilizá-los para campanha eleitoral e, embora as instituições neguem, novos casos surgem à medida que se aproxima o segundo turno das eleições presidenciais. Outra denúncia recente vem do Banco do Brasil na Bahia, onde trabalhadores foram escalados para o MPE Week, uma ação que ocorre todos os anos em várias capitais para promover as micro e pequenas empresas. Segundo as denúncias, os bancários foram coagidos a usarem camisetas amarelas durante todo o evento.
"A luta contra o assédio faz parte de uma política permanente do Sindicato, que agora permeia também questões políticas porque as últimas direções decidiram que devem tratar a coisa pública, inclusive o servidor público, como propriedade sua. Não permitiremos que este tipo de conduta com os empregados, o uso político de instituições públicas que são patrimônios dos brasileiros, que deveriam estar exclusivamente a serviço da população. E contamos com a colaboração dos trabalhadores no combate a esse uso ilegal, por isso reforçamos a orientação de que ocorrências do tipo sejam reportadas ao Sindicato, mediante sigilo absoluto do denunciante", ressaltou o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
Reação no Acre
O Sindicato dos Bancários do Acre criticou o desrespeito à laicidade garantida pela Constituição Federal. “Será que outras religiões, como as de matrizes africanas teriam o mesmo espaço”, questionou o presidente da entidade e empregado da Caixa, Eudo Raffael Lima da Silva. Ele disse que já solicitou à assessoria jurídica da entidade uma análise das medidas que podem ser adotadas.
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