24/06/2021

Gestão Pedro Guimarães quer impor medida que aumenta custeio do Saúde Caixa para os usuários



A reunião do Saúde Caixa da última tarde de terça-feira (22) terminou, mais uma vez, em um impasse. A Caixa informou que vai aplicar a Resolução 23 da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR) nas propostas de modelos de custeio do plano. Na prática, significa que 50% dos custos assistenciais e administrativos serão financiados pela empresa e os outros 50%, pelos empregados, alterando o formato atual de 70%/30%.

Os representantes dos empregados reagiram contra. “Resolução não tem força de lei. O Acordo Coletivo, na cláusula que trata dos objetivos deste GT, não prevê a inclusão da CGPAR 23 ou contribuição paritária nos modelos de custeio e gestão a serem estudados por este grupo”, destacou Sérgio Amorim, representante dos empregados.

No início da reunião a Caixa informou que acolheria a proposta da representação dos empregados – elaborar modelos de custeio com base nas projeções da Caixa e da empresa que assessora os empregados, simultaneamente. A decisão representaria avanço nas discussões; no entanto, as duas simulações apresentadas pelo banco já consideraram a implantação da CGPAR 23.

Alexandro Livramento, também representante dos empregados no GT, reforça o argumento de Sérgio Amorim. “As resoluções da CGPAR têm o objetivo de criar as mesmas amarras que o Dest [Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais] criou para a Caixa e demais estatais nos anos de 1990. A Comissão não tem competência para determinar como as empresas estatais devem dar assistência à saúde de seus empregados”, acrescentou.

Outra limitação imposta pela Caixa é o teto de 6,5% da folha de pagamento e proventos para o custeio do plano por parte da empresa. “Eles estão fazendo conta de chegada. Querem definir o custeio, tirar o teto de 6,5% de participação da Caixa e deixar o restante para o usuário pagar”, criticou Marcia Krambeck.

Diante do impasse, a reunião não prosseguiu. Antes de terminar, os representantes dos empregados reforçaram a cobrança de outros dados utilizados pela Caixa para fazer a projeção de despesas, como a base de cálculo da folha de pagamentos e proventos. “São dados relevantes que podem, inclusive, alterar as despesas futuras. Para propor um modelo de custeio precisamos saber, de fato, quanto custa o Saúde Caixa”, enfatizou Sergio Amorim.

Mobilização é urgente

Para o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sergio Takemoto, a mobilização das entidades e de todos os empregados – ativos e aposentados – é urgente para barrar as limitações impostas pelo Governo e pela direção da Caixa. Um dos caminhos, segundo Takemoto, é o Projeto de Decreto da Câmara  (PDC 956/2018), da deputada Erika Kokay (PT/DF) que susta os efeitos da CGPAR 23.

De acordo com o projeto, a CGPAR excede a sua competência ao criar ônus e obrigações para os planos de assistência à saúde das estatais que não estão subordinadas às suas determinações. Além disso, a deputada argumenta que a diretriz da Comissão é inconstitucional. “A Constituição Federal elenca em seu art. 5º, inciso II, que ‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’”, diz o texto do PDC.

Para ao diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, o objetivo da CGPAR 23 e do enfraquecimento do Saúde Caixa tem um objetivo claro: “favorecer o mercado dos planos de saúde privados e diminuir o custo das empresas estatais para facilitar as privatizações”. Por isso, a mobilização de todos é fundamental.

“Agora é hora de intensificarmos ainda mais nossa mobilização, com iniciativas que sensibilizem as pessoas e os parlamentares para a importância dessa defesa. O ataque do governo não é apenas contra o plano de saúde dos empregados da Caixa. Trata-se de um projeto que visa desmontar o banco público e acabar com todos os direitos dos trabalhadores. Não podemos permitir mais um retrocesso! Por isso, ressaltamos que o engajamento dos empregados é determinante para mudar este cenário e manter o Saúde Caixa, seu modelo de custeio e os princípios básicos do plano, como o mutualismo, o pacto intergeracional e a solidariedade. O melhor benefício que uma empresa pode oferecer para o trabalhador é dar assistência à saúde e o Saúde Caixa é uma das maiores conquistas dos empregados. Todos têm de estar unidos e mobilizados nessa luta para preservá-lo", alertou o diretor do Sindicato.

O projeto já passou por duas comissões e está pronto para ser votado em plenário. “Devemos pressionar os parlamentares e o presidente da Câmara para votar o projeto, que está parado desde o final do ano passado”, ressaltou Takemoto. “Precisamos ser claros e dizer o Saúde Caixa está ameaçado. Precisamos reagir. Nossa força está, principalmente, na união e na mobilização, e elas são urgentes”, acrescentou Takemoto.

No site da Câmara está disponível uma enquete para que os cidadãos possam manifestar seu apoio ao PDC 956/18. Até o momento, cerca de 42 mil pessoas já votaram, com 94% a favor do projeto que susta a resolução CGPAR nº 23. Acesse, vote e apoie o projeto. (https://forms.camara.leg.br/ex/enquetes/2176886)
Fonte: Fenae

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