24/03/2021

Aumentam denúncias de assédio na pandemia e Caixa está entre os mais denunciados



O assédio moral é um problema que o Sindicato dos Bancários de Catanduva e região e as demais entidades representativas dos empregados da Caixa denunciam e cobram medidas da direção da empresa para coibir esta prática bem antes da pandemia. Pesquisa sobre a saúde do bancário da Caixa, realizada pela Fenae em 2018, apontou que mais da metade dos trabalhadores do banco tinha sofrido assédio moral.

Segundo o levantamento, 53,6% dos bancários da Caixa já passaram por, pelo menos, um episódio de assédio moral, quando há exposição do trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas.

Os dados também mostram que quase 20% dos trabalhadores ativos entrevistados revelaram ter depressão ou ansiedade. Entre os aposentados, este índice é de 4%. O número de bancários que buscam acompanhamento regular psicológico ou psiquiátrico é de 19,6%. E 47% dos empregados já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas.

“A pandemia trouxe o agravamento do problema. Trabalhando em ambientes com alto de risco de exposição ao coronavírus e encarando também aglomerações, além da cobrança excessiva de metas absurdas, os empregados da Caixa estão adoecendo, e o Sindicato apela para que o poder público e a direção do banco tome medidas. É inaceitável que a Caixa siga com esse tipo de gestãi em meio a uma crise de saúde que já matou mais de 50 mil pessoas no país. Chega a ser cruel. Os empregados estão no limite, exauridos, trabalhando horas e horas sob a pressão da doença; dos usuários que muitas vezes descontam nos bancários suas frustrações por não terem recebido o auxílio emergencial e ainda sofrem pressão interna dos gestores, que exigem o cumprimento de metas absurdas", denuncia o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Antônio Júlio Gonçalves Neto.

Na avaliação do Sindicato, é urgente que a Caixa reveja suas práticas e que perceba o quanto a própria produtividade é impactada negativamente pelo adoecimento dos empregados. O modelo de gestão da Caixa empurra os empregados para o adoecimento. "Os trabalhadores precisam de um ambiente saudável sem sobrecarga, assédio moral e sem medo de perder o emprego", defende o diretor.

Denúncias aumentaram 80%

Conforme a matéria divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, nesta segunda (22), o número de denúncias de assédio moral em órgãos públicos ligados ao governo federal no Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal (MPTDF) aumentou 80% em 2020. Foram 54 no ano passado, contra 30 em 2019.

Nos Correios, foram 20 ocorrências notificadas, sendo sete delas relacionadas à pandemia, enquanto em 2019, foram quatro acusações. Segundo o Ministério Público do Trabalho, a Caixa ficou em segundo lugar.  Foram cinco denúncias contra o banco, sendo quatro delas relacionadas à crise do coronavírus. No banco público, dois registros se deram por pressão para o retorno ao trabalho presencial.

A procuradora do Trabalho, Ilena Neiva, disse à Folha de São Paulo que que houve um aumento em todo o Brasil de denúncias por assédio no setor público por causa da pandemia. “"Nós temos identificado aumento crescente das denúncias em relação ao home office e retorno dos grupos de risco, pressão das chefias para que essas pessoas retornem", enfatizou ela.

"A categoria bancária é uma das que mais sofre com a prática. Reforçamos aos bancários a importância de levar os problemas ao Sindicato, que tem atuado efetivamente na defesa dos trabalhadores", ressalta o diretor do Sindicato.

Denuncie

O Sindicato possui um instrumento de combate ao assédio moral, uma conquista da Campanha de 2010. Através desse canal, os bancários podem denunciar com a certeza de que sua identidade será mantida em absoluto sigilo. Para acessar, CLIQUE AQUI.

É importante também destacar que alguns bancos têm seus próprios canais de denúncia, mas que o canal do Sindicato é a opção mais segura e mais eficiente para o bancário.
Fonte: Fenae, com edição de Seeb Catanduva

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