22/08/2025

Respeito ao ser humano deve ser ponto central no uso da IA pela Caixa

No debate da mesa sobre Inteligência Artificial, bancos digitas e futuro da Caixa, as empregadas e empregados da Caixa presentes no 40º Confecef, que se iniciou na quinta-feira (21) e se encerra na tarde desta sexta-feira (22), deixaram claro que o respeito ao ser humano deve ser o ponto central no uso da IA pelo banco.

“Esta mesa é profundamente importante para pensarmos a Caixa que queremos para o futuro do país”, disse a representante da Fetec-CUT/SP na CEE, Luiza Hansen.

A representante da Fetrafi-RS, Sabrina Muniz, reforçou dizendo que “precisamos fortalecer as pessoas, que são realmente quem faz a Caixa acontecer e protegê-las no ato de elas atenderem as demandas da população neste contexto de constantes mudanças que estão acontecendo na empresa sem o devido debate com os empregados, nem com sua representação sindical. E também sem que haja transparência para que as pessoas tenham reais de fazer as mudanças exigidas pela Caixa”.

Rogério Campanate, representante da Federa-RJ, lembrou ainda que a classe trabalhadora precisa se apropriar da IA e dos benefícios que ela traz para a sociedade, não ficar apenas com problemas que ela traz para a sociedade. “Precisamos estudar mais e entender mais de IA, pois, talvez devido ao fato de haver custos, isso sempre é feito pelos bancos e pela classe empresarial, precisamos mudar isso para que as entidades sindicais e a classe trabalhadora também se apropriem desses benefícios e possamos deixar que as questões burocráticas sejam realizadas pela IA, para que a gente tenha mais tempo de nos aproximarmos e nos relacionarmos com as pessoas, com os trabalhadores e trabalhadoras”, disse.

Inteligência artificial com diretos sociais

O professor livre-docente do Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade de Campinas (Unicamp), Sávio Machado Cavalcante, trouxe um panorama sobre os avanços tecnológicos.

Sávio lembrou que a ideia de que a automação gera o fim do trabalho é muito antiga. “Nos anos 1970, já se falava que os impressos, inclusive os livros, acabariam por causa da chegada dos computadores. Em 2010, houve um novo alerta sobre a polarização gerada pela tecnologia, com uma possível divisão e tensões agravadas por uma lacuna geracional causada por aqueles que cresceram e só conhecem o mundo digital e aqueles que não o conhecem e devem se adaptar.

Esse tipo de pensamento encontra muitos adeptos também no nosso país. Por este motivo, a luta das categorias profissionais deve ser também sobre a busca por um modelo de sociedade onde caibam todas as pessoas. “Enquanto alguns pregam o fascismo do fim do mundo, não se importam com as pessoas, precisamos nos unir para discutir o tema”, alertou Sávio Cavalcante. “Não é possível imaginar a introdução da Inteligência Artificial sem debater os direitos das pessoas envolvidas e por isso precisamos encontrar formas para a regulamentação dessas tecnologias. Não é só o futuro de uma categoria que está em jogo, mas o futuro de toda a humanidade”, concluiu.

Respeito ao ser humano

A responsável pelo encerramento dos debates foi a representante das empregadas e dos empregados no Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal, Fabiana Uehara, que é conhecida apenas como Fabi.

“Essa mesa é importante pra gente dialogar em que momento a nossa empresa está na transformação digital. E qual o reflexo da IA na nossa empresa. A transformação é necessária e urgente, mas o debate tem que ser a partir do ser humano, com a nossa participação, de empregados e empregadas”, ressaltou.

Ao apresentar dados sobre o uso da tecnologia e as transformações no setor bancário, Fabi ressaltou que as mudanças estão acontecendo aceleradamente.


“A Caixa é um instrumento de cidadania e desenvolvimento, e transformar vidas deve ser sempre o propósito do planejamento estratégico da Caixa, mas que também não pode ser apenas para a sociedade, precisa também pensar em quem constrói nossa empresa. Por isso, as empregadas e empregados têm que também participar dessa transformação a partir da vivência interna. Os avanços da tecnologia têm que estar a serviço das pessoas”.

Para Fabi, “essas novas ferramentas levam a uma maior agilidade e produtividade. E isso tem que refletir pra diminuir a sobrecarga de trabalho, pra ter saúde mental, direito a estar com a família e direito inclusive a não fazer nada em seu tempo livre”.

Desafios dos empregados

Para os empregados, a rápida evolução tecnológica exige requalificação contínua. A IA pode gerar obsolescência de funções tradicionais, exigindo adaptação dos trabalhadores ao novo modelo de negócios.

A digitalização também pode reduzir agências físicas, o que desafia a missão social da Caixa. É necessário equilibrar eficiência digital com inclusão e acesso em regiões vulneráveis.

“Temos que pensar como vão ficar funções sob ataque, como caixas e tesoureiros, mas também temos que pensar no atendimento à população que vive em áreas afastadas e em quem não tem acesso ao mundo digital. Pois a função da Caixa é servir ao povo brasileiro”, observou.

A Caixa tem disponibilizado cursos e treinamentos, como o Caixaverso, o que é importante. Mas é possível todos os empregados fazerem, seja pelo tempo ou do tipo de conhecimento? O conteúdo é o que se entende melhor? Perguntas que o movimento tem que se aprofundar.

A representante das empregadas e empregados no CA da Caixa encerrou sua intervenção com a apresentação de um vídeo sobre a tarefa dos trabalhadores na IA.

Veja abaixo o vídeo
 

 
Fonte: Contraf-CUT

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