22/12/2020

Diversidade: Itaú adota postura positiva e contrata negros em programa de trainee



Depois de divulgar os resultados de seu programa de trainees em 2019, o Itaú recebeu duras críticas da sociedade civil, inclusive do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região. Isso porque, entre os aprovados, nenhum era negro. O resultado do programa deste ano, entretanto, mostra que as cobranças surtiram efeito: 50% dos aprovados são pretos ou pardos.

O secretário geral do Sindicato, Júlio César Trigo, ressaltou que uma das bandeiras mais importantes defendidas pelo Sindicato é a igualdade de oportunidades para todos, independentemente de raça, gênero, orientação sexual ou religião. O dirigente destacou também que a entidade sempre questionou a necessidade da inclusão de trabalhadores negros nos bancos, porque a representatividade racial é fundamental para compor um ambiente livre de desigualdades e preconceitos, além de refletir a diversidade do país.  

"Valorizar a diversidade é respeitar todos como são. Só assim conseguiremos driblar as dificuldades do preconceito e da exclusão. É preciso que todos tomem consciência da importância de lutar para combater a discriminação. A luta do Sindicato é pela conquista de direitos iguais para todos, auxiliando na construção de um país justo e igualitário", defendeu.

Representantes dos trabalhadores reuniram-se em setembro de 2019 com a então Vice-Presidente do banco Itaú, Claudia Politanski, que garantiu que o Itaú iria aperfeiçoar as pautas envolvendo a diversidade, principalmente a questão das discriminações positivas, entendendo como estratégica, entre os colaboradores, clientes, fornecedores e sociedade em geral. Dois meses depois, o resultado do programa de treinee do banco aprovou apenas candidatos brancos.

Durante a campanha nacional deste ano, os sindicatos de todo o Brasil cobraram que os bancos necessitavam tratar com mais respeito as pautas da diversidade, com recorte específico à questão racial, porque o racismo é um entrave à democracia e à gestão corporativa.

Na avaliação do movimento sindical, este primeiro passo do banco Itaú é uma sinalização de mudança de rota. É uma experiência que deve ser compartilhada com todos os demais conglomerados do sistema financeiro. Ao adequar suas políticas de inclusão, o banco agrega valor à sua marca, torna o ambiente profissional mais diverso, agrega valores e não dispersa culturas, as quais são fundamentais na conquista de novos espaços no mercado.

É válido destacar, ainda, a importância da mesa de igualdade de oportunidades, mantida pelos sindicatos, a Contraf-CUT e a Fenaban, para debater temas relacionados a gênero, identidade e raça.

Os próximos passos das entidades sindicais incluem monitorar estes jovens para identificar em que áreas eles atuarão no banco, como estão sendo tratados, se eles terão mobilidade interna e se serão efetivados após o programa de trainee.

Racismo estrutural

Os estudos desenvolvidos pela Febraban, solicitados pelos sindicatos dos bancários de todo o Brasil, respectivamente em 2008, 2014 e 2019, denominado Censo da Diversidade na Categoria bancária, identificou a discriminação experimentada pelos negros, apenas 24,7% dos bancários são afrodescendentes (sendo 3,4% pretos e 21,3% pardos), e a renda da população negra no segmento bancário corresponde a 87,3%, e as mulheres negras 68,2% em relação aos  trabalhadores brancos, realizando a mesma atividade.

É importante lembrar que os negros sempre estiveram dispostos aos trabalhos nos bancos, e sempre se identificaram com os propósitos das empresas. Entretanto, com o mito da democracia racial, a sociedade se acostumou com a ausência da população negra. Na atualidade e com o avanço das políticas públicas, este público está cada vez mais consciente dos seus direitos, não aceitando investir seus recursos  em quem não os valoriza. É salutar que tenham espaço em toda a estrutura, e que não haja privilégios.
Fonte: Seeb SP, com edição de Seeb Catanduva

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