24/11/2018

Caixa anuncia PDE; Redução de profissionais tende a aumentar os casos de adoecimentos


 

A Caixa Econômica Federal emitiu na quinta-feira (22) um comunicado interno avisando seus empregados da Reabertura Programa de Desligamento de Empregado (PDE). O objetivo é desligar até 1.626 empregados.

Segundo o comunicado, o PDE tem o objetivo de dar suporte financeiro aos empregados que queiram se desligar do banco. Quem tiver interesse deve aderir ao programa entre os dias 26 e 30 de novembro, mas o banco tem a prerrogativa de aceitar, ou não, o pedido.

“Não cabe a nós interferir na decisão do empregado que tiver interesse em aderir ao programa. Nossa preocupação é com aqueles que vão permanecer no banco, pois aumentará a sobrecarga de trabalho e isso, com certeza, aumentará ainda mais o número de adoecimentos”, observou a secretária de cultura e representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na mesa de negociações com o banco, Fabiana Uehara Proscholdt.

A pesquisa “Saúde do Trabalhador da Caixa”, realizada pela FSB Pesquisas, entre os dias 2 e 30 de maio de 2018, a pedido da Federação Nacional dos Associados da Caixa Econômica Federal (Fenae), que um em cada três empregados da Caixa teve algum problema de saúde relacionado ao trabalho nos últimos 12 meses. As doenças psicológicas e causadas por estresse representam 60,5% dos casos.

“A falta de empregado já é um problema gravíssimo na Caixa e tende a piorar o adoecimento dos bancários. O número de afastamentos do trabalho para tratamento de saúde e o de pessoas que trabalham mesmo estando doentes chega a níveis alarmantes. É urgente a contratação de novos empregados. O banco, porém, segue na contramão e faz esse movimento para reduzir ainda mais o número de trabalhadores”, critica o coordenador da Comissão Executiva de Empregados (CEE) da Caixa, Dionísio Reis.

“Não tem sentido a redução de empregados, assim como também não tem sentido a intenção de privatizar a Caixa. O banco não está quebrado e não dá prejuízo aos cofres públicos. Ao contrário, exerce um importante papel para o desenvolvimento socioeconômico do país e é lucrativo”, completou.

Redução do banco

O coordenador da CEE/Caixa chama a atenção, também, para a redução do banco como um todo. “O banco chegou a ser responsável por mais de 70% da carteira de financiamentos imobiliários do país. Também assumia o papel de financiador de diversos outros programas sociais do governo, como o Fies, o ProUni, o Luz Para Todos e tantos outros. Mas, seu perfil de atuação foi alterado. Aos poucos o banco vem abandonando seu papel social, aumentando suas taxas e tarifas e reduzindo o montante de recursos disponíveis para investimento. Com isso, abre brechas para que bancos privados ocupem espaço no mercado”, disse Dionísio lembrando que os recursos destinados ao programa Minha Casa, Minha Vida caíram de um patamar de R$ 26 bilhões para cerca de R$ 6 bilhões com Temer.

“Existe uma grande diferença entre os bancos públicos e os bancos privados, que vai além da diferença das taxas e tarifas cobradas de seus clientes. Os bancos públicos estão preocupados em atender as verdadeiras necessidades da população, em contribuir com o desenvolvimento socioeconômico do país. Já os bancos privados se preocupam apenas com o lucro”, explicou.

O diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região, Antônio Júlio Gonçalves Neto, reforça que se trata de mais um passo do governo Temer, com o objetivo de privatizar a Caixa e favorecer as instituições financeiras privadas. A medida acarreta perdas para os empregados, que sofrem com a sobrecarga de trabalho; para a população, com a precarização do atendimento; e todo o país, por meio da redução do caráter social que a Caixa possui como banco público. 

"Este PDE é parte de um processo de desmonte dos bancos públicos combinado com outras medidas que estão sendo articuladas para reduzir sua atuação, como verificamos com o ataque dos bancos privados aos fundos do FGTS. Estes programas atingem fortemente a qualidade e as condições de trabalho. A adesão à este tipo de programa, sempre dissemos, deve  ser uma decisão de caráter pessoal e voluntária, mas a reposição dos quadros é uma obrigação da empresa. Queremos que a Caixa contrate ao invés de demitir", diz Tony.

O Sindicato, diante do lançamento abrupto do PDE, está estudando as medidas cabíveis para assegurar os direitos dos empregados e preservar as condições de trabalho com este novo ataque à Caixa. A entidade luta há anos por mais contratações, e orientas bancários aptos para adesão que não a façam sem refletir.

"É perceptível a real intenção do banco pela forma abrupta que lançou o PDE. O desmonte imposto pelo governo Temer e proposto pelo novo governo de Bolsonaro na Caixa parece não ter data para acabar. Por isso, o momento pede a organização e união de todos os empregados, junto aos sindicatos, para defendermos nossas conquistas e para mantermos a Caixa 100% pública, enfatiza Antônio Júlio Gonçalves Neto, diretor do Sindicato e empregado da Caixa.
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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