11/09/2019

Setembro amarelo alerta para a necessidade de falar com a categoria sobre saúde mental



Dia mundial de prevenção do suicídio, o 10 de setembro foi criado para conscientização mundial de um problema que mata mais de 800 mil pessoas por ano, uma morte a cada 40 segundos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, onde as estatísticas são escassas, foram registrados 13.467 casos de suicídio em 2016. A grande maioria (10.203), entre homens. O assunto ainda é visto como tabu, embora seja uma realidade mais próxima do muito pensam.

No Brasil, o Setembro Amarelo foi criado em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) no intuito conscientizar as pessoas sobre a questão.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou no dia 9 um relatório pedindo que os governantes globais implementem estratégicas e políticas públicas para minorar os índices alarmantes em todo o mundo. Segundo a OMS, o número de mortes por suicídio supera os de malária ou câncer de mama, guerra ou homicídio. O relatório também mostrou que armas de fogo constituem um dos três principais meios utilizado para cometer suicídio.

Em todo o mundo também, há já alguns anos, a academia vem pesquisando a ocorrência de atentados contra a própria vida de trabalhadores, inclusive com grande incidência de ocorrências no próprio local de trabalho. Não é de se estranhar que as chamadas “modernas” ferramentas de gestão e as novas formas de organização do trabalho, que comprovadamente geram profundo sofrimento mental, estão por trás dessa triste constatação. 

O psiquiatra francês Christophe Dejours, estudioso da relação entre trabalho e adoecimento mental, em entrevista ao jornal Público de Portugal afirmou “O fato de as pessoas irem suicidar-se no local de trabalho tem obviamente um significado. É uma mensagem extremamente brutal, a pior do que se possa imaginar – mas não é uma chantagem, porque essas pessoas não ganham nada com o seu suicídio. É dirigida à comunidade de trabalho, aos colegas, ao chefe, aos subalternos, à empresa. Toda a questão reside em descodificar essa mensagem”.

No Brasil o fenômeno também é observado e já existem também estudos bastante consistentes. Marcelo Finazzi, doutor em administração pela UnB, e ex-funcionário do Banco do Brasil, que confirmou participação no I Seminário sobre Saúde mental do Trabalhador da Caixa, que a Fenae realizará no próximo dia 25 de setembro, é autor do livro “Patologia da Solidão: o suicídio de bancários na nova organização do trabalho”, que aborda, principalmente os casos ocorridos no banco em que trabalhou entre o final dos anos 1990 e início dos 2000.

Na Caixa, o suicídio também está presente e de forma preocupante. A pesquisa Saúde do Trabalhador da Caixa 2018, realizada pela Fenae, mostra que cerca de 47% dos empregados do banco já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas. Mais da metade (51,7%) dos entrevistados conhece colegas que passaram por sofrimento contínuo em virtude do trabalho.

No seminário será apresentado o projeto de prevenção ao adoecimento mental na Caixa, que está sendo desenvolvido sob a coordenação da professora Ana Magnólia Mendes, da UnB e também o lançamento da campanha Não sofra sozinho, iniciativa da Fenae para a conscientização dos trabalhadores da Caixa para a prevenção de problemas de saúde mental e a solidariedade junto aos colegas que sofrem com esses males. “Um ambiente de trabalho adoecido é determinante para o adoecimento mental e o trabalhador da Caixa convive com essa triste realidade. Precisamos debater o assunto e pensar em soluções para ajudar aqueles que sofrem. Muitos fatores causadores desses problemas estão no ambiente de trabalho, afirma a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.

O trabalhador da Caixa e o adoecimento mental

A natureza do trabalho do bancário da Caixa historicamente levou a categoria ao adoecimento mental. Como mostra a pesquisa Saúde do Trabalhador da Caixa 2018, transtornos psicológicos e emocionais são os mais comuns entre os empregados do maior banco público do país. Sujeitos a sobrecarga e a um modelo de gestão que estimula o assédio, 33,1% dizem ter sofrido algum problema de saúde decorrente do trabalho nos últimos 12 meses. Entre os que ficaram doentes, 10,6% relatam depressão. Doenças associadas ao estresse e doenças psicológicas representam 60,5% dos casos.

Outro levantamento mais recente mostra como ativos e aposentados da Caixa estão suscetíveis a problemas que comprometem sua saúde mental. A pesquisa Realidade do Trabalhador da Caixa 2019 indica que 74,5% dos aposentados e 32,6% dos empregados ativos utilizam remédio de uso contínuo.

Entre os ativos que utilizam remédio de uso contínuo, 11,1% recorrem a antidepressivos, ansiolíticos e remédios para tratamento de transtornos obsessivo-compulsivos. Entre os aposentados, 6% usam antidepressivos ou ansiolíticos.

Cerca de 49% dos aposentados fazem algum tratamento de saúde. Destes, 13,6% fazem tratamento psiquiátrico, tratamento com psicólogo ou tratamento com neurologista. Entre os ativos, 20,4% fazem algum tratamento de saúde. Destes, 19,6% estão em tratamento psiquiátrico ou com psicólogo.

 A importância do outro na prevenção

O Ministério da Saúde e a OMS já se manifestaram sobre a importância da comunidade na prevenção a esse tipo de comportamento e são muitos os sinais de alerta. Seja em casa ou no local de trabalho é muito importante estar atendo aos sinais.

Depressão causa tristeza profunda e pessimismo, sentimentos que podem culminar em comportamentos suicidas. Irritabilidade constante, ansiedade, angústia e desanimo são fatores que devem ser observados.

Fonte: Fenae
 

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