05/01/2018

Quem é Cristiane Brasil? A nova ministra do Trabalho tem histórico de retrocessos

Foto: GILMAR FELIX/CÂMARA DOS DEPUTADOS
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O anúncio foi feito pelo pai, um dos condenados no escândalo do "mensalão" e então deputado federal Roberto Jefferson: a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) será a nova ministra do Trabalho.

Ela assume o lugar de Ronaldo Nogueira, que pediu demissão no último dia 27 alegando que irá se dedicar à sua campanha pela reeleição à Câmara dos Deputados. 

Entre lágrimas e pausas dramáticas, Jefferson disse que a nomeação de sua filha é um "resgate" à sua imagem após o mensalão. O dirigente do partido foi o pivô do escândalo político iniciado em 2005 e chegou a ser condenado e preso. "É o orgulho e uma emoção que me dá. É o resgate, sabe querida, é o resgate. Fico satisfeito", disse Jefferson de acordo com informações veiculadas pela imprensa. 

O nome da deputada foi levado ao presidente Michel Temer em uma reunião no Palácio do Jaburu na tarde de quarta-feira (3) entre Temer e Roberto Jefferson, presidente nacional do partido. Ainda segundo declarações de Jefferson à imprensa, Temer consultou o líder do PTB na Câmara dos Deputados, Jovair Arantes (GO), e telefonou para a nova ministra para saber se eles aceitariam o convite. E teve resposta afirmativa de ambos.

Cristiane encerra em 2018 seu primeiro mandato como deputada federal, foi eleita em 2014 justamente defendendo o legado do pai, que teria sido vítima de uma injustiça ao denunciar para a imprensa o mensalão.  

Em 2015, seu primeiro ano, Cristiane foi autora de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que restringe a reeleição de presidente, governadores e prefeitos. Pelo texto, só seria permitida a candidatura "para um único período subsequente, sendo proibida, a reeleição por períodos descontínuos".

No mesmo ano, servidoras da Câmara protestaram contra a proposta da deputada de aprovar um código de vestimenta para banir minissaias e decotes mais ousados dos corredores e salões da Casa.

Cristiane no impeachment 

No ano seguinte, em abril de 2016 Cristiane era também presidente de seu partido, o PTB e um de seus últimos atos à frente da sigla foi justamente fechar a questão a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Na votação na Câmara, no dia 17 daquele mês, Cristiane usou o símbolo dos favoráveis à saída da ex-presidente, a camisa da seleção brasileira, para declarar seu voto. No discurso, lembrou a cassação do mandado do pai, 11 anos antes, e votou pelo afastamento de Dilma em "homenagem" ao pai.

Em 2017 Cristiane apoiou o governo de Michel Temer em questões decisivas, como a PEC do teto dos gastos públicos e a terceirização para todas as atividades. Votou também a favor da reforma trabalhista e contra a abertura de investigação de Temer, que poderia afastá-lo da presidência da República.

Também no ano passado Cristiane foi contra Projeto de Lei 5069/2013, que cria uma série de dificuldades para mulheres vítimas de estupro serem submetidas legalmente a um aborto.

"Este projeto é um dos maiores retrocessos do Brasil para os direitos duramente conquistados pelas mulheres. Com sinceridade, vou fazer de tudo pra derrubá-lo no Plenário da Câmara", declarou à época da aprovação do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O projeto depende de aprovação em Plenário e não há data marcada para a votação. 

Suplente é irmão de Garotinho

Com a ida para o ministério, Cristiane deixa aberto seu lugar na Câmara, que será ocupado pelo suplente Nelson Nahin (PSD-RJ), irmão do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho. Assim como Garotinho, que ficou preso por cerca de um mês no final do ano passado por crimes eleitorais, Nahin também é ex-presidiário. 

O novo deputado foi preso com outras 12 pessoas, em junho de 2016, numa ação da Polícia Civil e do Ministério Público sob a acusação de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes em Campos de Goytacazes (RJ).

Como suplente, na atual legislatura, Nahin já assumiu mandato de deputado federal por duas vezes, em dezembro de 2015, por apenas um dia, e em janeiro de 2017, por cerca de duas semanas. 

Dívidas trabalhistas

Segundo divulgou o portal G1, a ministra do Trabalho Cristiane Brasil respondeu por duas ações trabalhistas por não respeitar direitos de ex-motoristas dela e familiares.

Na primeira, o a assessor Fernando Fernandes Dias ingressou na Justiça com reclamação por trabalhar das 6h30 às 22h00, com apenas uma hora de intervalo, sem ter a carteira assinada ou direito a férias, gratificações natalinas e nem mesmo Aviso Prévio.

A dívida de R$ 60 mil ainda não foi paga, por isso, Cristiane teve bens penhorados.

Em outra ação, de 2017, o também motorista da então parlamentar carioca, Leonardo Eugêncio de Almeida Moreira, também procurou a Justiça do Trabalho por não ter sido registrado e não receber direitos. Neste caso, a ministra de Temer resolver aceitar um acordo e pagar a dívida trabalhista de R$ 14 mil de forma parcelada, além de assinar a Carteira de Trabalho de Leonardo.

Clique aqui para saber mais.

Fonte: Carta Capital e G1


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