Momento é de mobilização e luta contra o enfraquecimento da Caixa
*Diretoria da Fenae
A Caixa Econômica Federal completa 155 anos nesta terça-feira, 12 de janeiro. O banco, criado em 1861 para receber depósitos de escravos em busca de alforria, pequenos comerciantes e brasileiros mais humildes, faz parte do dia a dia do país. E, sobretudo nos últimos dez anos, tem sido protagonista na execução de políticas públicas que foram responsáveis por dar um novo impulso ao desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Para citar apenas dois exemplos de atuação, a Caixa é responsável pelo pagamento do Bolsa Família a milhões de pessoas, programa de transferência de renda que foi essencial para que o país saísse do Mapa da Fome da ONU, e pelo Minha Casa Minha Vida, que tornou possível concretizar o sonho da casa própria. Aliás, os investimentos em habitação são um grande diferencial em relação às outras instituições financeiras. O acumulado de 2015 até setembro totalizou R$ 375,7 bilhões.
O atual momento, porém, não é de comemoração. Mas, sim, de alerta e de reivindicação por novas posturas em relação à Caixa. As ameaças ao banco e ao seu histórico papel social, adormecidas desde o final da década de 1990, estão novamente à espreita. Naquela época, empregados e entidades como a Fenae impediram a privatização da empresa. No ano passado, mais uma vez, fizeram o governo recuar da proposta de abertura de capital da Caixa. É hora de lutar novamente!
Agora, um dos vilões é o PLS 555/2015, que representa um risco não apenas à manutenção da Caixa 100% pública, mas a outras estatais federais (como BNDES, Correios e Eletrobras), estaduais e municipais. O projeto está na pauta do Senado Federal e só não foi votado em 2015 graças à pressão feita por trabalhadores, centrais sindicais, confederações, federações, sindicatos e associações. É fundamental que essa estratégia seja intensificada. As empresas públicas são patrimônio dos brasileiros e não podem ser entregues a quem visa apenas o lucro.
Mas não basta lutar por um banco 100% público. É urgente que a Caixa seja novamente forte. Esse fortalecimento passa, necessariamente, pelo incremento do quadro funcional. O banco chegou a ter 101 mil empregados, mas hoje são menos de 98 mil, já que cerca de 3 mil saíram no ano passado por meio do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA). Apesar de haver mais de 30 mil aprovados em concurso, a direção da empresa insiste em não convoca-los. Perdem os atuais empregados, que sofrem com a sobrecarga nas agências. Perdem os concursados, que convivem diariamente com a frustração. E perdem os brasileiros, que já não têm na Caixa uma referência de banco público e social.
Falta transparência na gestão. O diálogo com os trabalhadores, retomado em um passado bastante recente, praticamente não existe mais. O desrespeito nas negociações com as entidades representativas mostra bem essa realidade. Assim como o descumprimento de cláusulas dos Acordos Coletivos de Trabalho, que são resultado de um processo democrático de discussão com a categoria em seminários e congressos estaduais e nacionais, como o Conecef. Destaque ainda para a execução de planos de reestruturação sem qualquer debate. Já o Processo de Seleção Interna por Competência (PSIC), alvo de várias denúncias de irregularidades e reclamações, caminha para o descrédito.
Mesmo com tantas ameaças, os empregados da Caixa resistem bravamente, todos os dias. Mais do que isso, assumem na raça a responsabilidade de manter o protagonismo da empresa. E com muito orgulho de trabalhar em uma instituição que precisa ser “mais que um banco”, e não apenas em slogan comercial. No dia em que a Caixa completa 155 anos, os empregados é que merecem os parabéns. São homens e mulheres que dedicam boa parte de suas vidas à construção de um país mais justo e democrático, ajudando a concretizar projetos e sonhos de milhões de pessoas em todas as regiões do Brasil.
Afinal, a quem interessa o enfraquecimento da Caixa Econômica Federal? Não aos brasileiros, claro. Seria essa uma parte do projeto para esvaziar o banco e, assim, justificar a abertura de capital ou até mesmo a privatização? Talvez. O mais importante é que não se pode ceder um milímetro sequer. O país precisa de uma Caixa 100% pública, forte, social e com empregados valorizados. Essa é uma luta de todos. Em favor de todos os brasileiros.
*Editorial da Fenae - Federação Nacional das Associações de Pessoal da CEF, em razão do aniversário de 155 anos do banco
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