11/02/2011

Marcial Portela assume presidência do Santander Brasil

O espanhol Marcial Angel Portela Alvarez assumiu na última sexta 4, em São Paulo, a presidência do Santander no Brasil. Ele substituiu o brasileiro Fábio Barbosa, que era presidente do Real e estava à frente do Grupo Santander Brasil desde 2008, ano da fusão dos bancos.

Portela é homem de confiança do líder mundial do grupo, Emilio Botín. Ele era o espanhol encarregado de acompanhar o desempenho do Santander no Brasil, desde a aquisição do Banespa, em 2000.

A saída de Barbosa e a posse de Portela foram anunciadas no dia 24 de dezembro. Por meio de comunicado à imprensa, a instituição financeira afirmou que “Fábio Barbosa já havia demonstrado interesse em deixar a função, após a finalização do processo de integração (com o Banco Real) e depois de quase três anos na presidência do Santander Brasil”.

Mas a melhor explicação para a troca, segundo a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e funcionária do Santander, Rita Berlofa, está no novo contexto formado pelo fim do processo de integralização com o Real e o crescimento astronômico da instituição espanhola no Brasil. Em 2010, o país foi responsável por 25% do lucro mundial do banco, segundo dados divulgados no site do grupo. Botín, portanto, teria preferido colocar seu homem de confiança para dirigir fatia tão lucrativa da empresa.

“Fábio Barbosa ficou na presidência do banco para acalmar o mercado após a fusão com o Real, segurar executivos que estavam pedindo demissão e clientes que não queriam migrar do Real para o Santander. Mas esse momento passou e agora, quando o Brasil responde por 25% dos lucros mundiais do grupo, ele é substituído por um espanhol, da confiança de Botín”, contextualiza Rita.

A dirigente lembra que enquanto na Espanha, por conta da recessão e outros fatores, o lucro do banco diminuiu, no Brasil o resultado foi 34% maior que em 2009. Isso, porém, não refletiu em melhora na gestão de pessoal ou na mesa de negociação com os trabalhadores brasileiros.

Em 2010, as operações na Espanha representaram 15% do lucro mundial, contra 26% no ano anterior, e na Europa o banco lucrou 23% menos que em 2009. Em contrapartida, a instituição cresce na América Latina, cuja participação no lucro mundial do banco passou de 36% em 2009 para 43%.

Mesmo diante da importância crescente da região para o grupo, Rita Berlofa ressalta que há um “verdadeiro abismo” entre as relações de trabalho estabelecidas pelo Santander na Europa e as adotadas nos países latino-americanos.

“Independentemente de ser Fábio Barbosa ou Marcial Portela, nós exigimos mais diálogo e respeito. O grupo espanhol tem de começar a aliar seu discurso à prática e respeitar de fato seus trabalhadores no mundo inteiro. Não aceitamos preconceitos geográficos e posturas colonialistas”, enfatiza Rita.

“Em 2009, durante assembleia geral de acionistas na Espanha, Botín afirmou que o diálogo e o respeito são adotados pelo grupo no mundo todo, porém não é que o temos visto. Não foi o que vimos recentemente com o processo eleitoral antidemocrático e sem transparência no SantanderPrevi”, denuncia Rita.

A dirigente lembra ainda que a instituição financeira prega sempre a participação e o diálogo com seus funcionários, inclusive em campanha de marketing milionária que diz “Vamos fazer juntos”.

“O crescimento do Santander resulta do esforço conjunto dos trabalhadores, e a melhor forma de compensar isso é com respeito. O banco espanhol tem de respeitar o Brasil e os brasileiros e tornar sua prática coerente com seu discurso”, acrescenta a dirigente.

Fonte: Sindicato dos Bancários de São Paulo


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