18/06/2010

Respeito é bom e os funcionários do Santander gostam

Banco descumpre mais de uma vez a palavra assumida com trabalhadores e não deixa outra saída aos bancários a não ser começar mobilização para a luta.

" Não temos nada acertado. Se tiver alguma novidade avisaremos vocês. Fiquem tranquilos que vocês serão os primeiros a saber!" Frases como essa foram ouvidas muitas vezes da boca dos representantes do Santander durante recentes negociações, lembra o Sindicato dos Bancários de São Paulo. Em especial quando o assunto em pauta era a possibilidade da instalação de um grande prédio administrativo em alguma cidade do interior.

"A confiança entre as partes é fundamental para que tenhamos consistência na mesa de negociação. Quando um dos lados não cumpre o que combina, o conflito está instalado", afirma o diretor do Sindicato e coordenador da Comissão de Organização dos Empregados do Santander (COE) Marcelo Sá, lembrando que, na semana passada, o Sindicato ficou sabendo, via imprensa, da decisão do banco de construir um pólo de tecnologia em Campinas.

"Nós estamos nos esforçando para construir avanços no processo de negociação, mas o banco que consegue aqui no Brasil seu maior lucro em todo o mundo parece querer jogar contra isso quando escondem de nós informações fundamentais", diz o dirigente sindical, comentando o anúncio feito semana passada pelo presidente mundial do Santander, Emilio Botín.

O executivo disse que em 2010 o Brasil ultrapassará a Espanha como principal gerador do lucro líquido do grupo, com 23% do total contra 20% do país europeu.

Terceirização

Para Marcelo, a crise de confiança fica ainda mais séria quando somada à notícia de que o banco está abrindo três novas subsidiárias no Brasil que já fazem terceirização de serviços bancários na Espanha e em outros países - Geoban, Gesban e Santander Global Facilities.

"Quando falamos sobre isso, o banco diz que não vai precarizar os empregos, com terceirização ou transferências, mas está ficando cada vez mais difícil confiar na direção do Santander", afirma, lembrando que as transferências e terceirizações já são pauta de várias reuniões internas.

Segundo o dirigente sindical, os trabalhadores exigem ter participação nos processos decisórios que envolvem o emprego de milhares de bancários e não vão aceitar que o banco chame o Sindicato apenas para informar sobre decisões já tomadas sobre esse tipo de assunto.

Artigo

Na edição do dia 13 de junho do jornal Folha de S.Paulo, o presidente do Santander Brasil, Fábio Barbosa, publicou um artigo sobre a importância da "transparência". No texto, escreve que "a sociedade se ressente da falta de sintonia entre o que se diz e o que se faz", que os líderes devem "encorajar a abertura e a discussão" e estar "sempre em busca do diálogo com os vários públicos com os quais se relacionam".

"Esperamos que os negociadores do banco passem a seguir os conselhos do presidente da própria instituição para a qual trabalham", diz a diretora do Sindicato e coordenadora da mesa de negociação Rita Berlofa.


Fonte: Seeb São Paulo


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