23/06/2010

Santander reafirma que caixas não têm metas nem avaliação por vendas

O Santander reafirmou, dia 18, em São Paulo, que não existem metas nem avaliação por venda de produtos para os caixas. O banco ressaltou que haverá comunicação interna para todos os gestores da rede de agências sobre esse procedimento.

O anúncio foi feito durante a primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT) de Condições de Trabalho, formado por representantes do banco e dirigentes da Contraf-CUT, sindicatos, federações e Afubesp. Dessa forma, o Santander reiterou compromisso firmado anteriormente em várias atas do Comitê de Relações Trabalhistas (CRT), quando ainda não havia sido adquirido o Real.

"Esperamos agora que a medida seja pra valer, pois os caixas têm função de atendimento dos clientes e não podem ter metas, como ocorre em várias unidades, inclusive com planilha afixada no quadro de avisos e outras práticas de assédio moral", destaca o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr.

Na reunião, os trabalhadores denunciaram que vários caixas estão sendo cobrados para que façam venda de produtos aos clientes. "Essa prática é inaceitável, pois provoca uma sobrecarga ainda maior de trabalho, levando muitas vezes o bancário a cometer erros", destacou o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Marcelo Sá.

Cada funcionário deve fiscalizar o cumprimento dessa orientação do banco. Os gestores e as agências que teimarem em metas para os caixas devem ser denunciados para os sindicatos, a fim de que as entidades tomem as medidas cabíveis.

Falta de funcionários

Os dirigentes sindicais também apontaram a falta de funcionários na rede de agências, trazendo pressão, sobrecarga de trabalho, adoecimento de empregados e prejuízos no atendimento. Eles defenderam a contratação ou a realocação de trabalhadores afetados pelo processo de fusão.

Os representantes do banco, no entanto, disseram que o quadro da rede está dimensionado pela média, ocorrendo somente alguns problemas nos dias de pico e uma demora na reposição de empregados. O assunto voltará a ser discutido nas próximas reuniões.

Reuniões diárias na rede de agências

Outro tema discutido foram as reuniões que acontecem diariamente na rede de agências para a cobrança de metas de venda de produtos. Uma medida que tem causado grande insatisfação entre os bancários, pois muitas são realizadas antes ou após a jornada de trabalho, com o agravante de alguns gestores cometendo abusos e praticando assédio moral.

Embora o banco tenha se negado a suspender tais reuniões, ele assumiu o compromisso de que elas só poderão ocorrer dentro da jornada, assegurando que serão pagas horas extras caso haja extrapolação do horário de trabalho.
Além disso, o banco disse que vai educar os gestores, através da inclusão do tema na grade de treinamento.

"Vamos continuar insistindo que o banco reveja esse procedimento. Os bancários se queixam muito das reuniões e das planilhas que são obrigados a preencher todos os dias. Orientamos que ninguém jamais deixe de registrar o horário de entrada e saída no ponto eletrônico para garantir o recebimento de horas extras, caso a reunião extrapole a jornada", acrescenta Marcelo.

As irregularidades também devem ser denunciadas aos sindicatos, a fim de que sejam adotadas as medidas pertinentes.

Qualidade x Quantidade

Os dirigentes sindicais aproveitaram para alertar o banco sobre a necessidade de buscar a melhoria do relacionamento e a qualidade na prestação de serviços, uma característica que mais se "encaixou" nas agências do Real. Para o secretário-geral da Afubesp, José Reinaldo Martins, "o Real apostava mais no contato pessoal, enquanto o Santander investia mais na tecnologia".

"Neste processo de fusão de culturas, o banco não deve focar a quantidade na relação com os clientes, que era a prática das unidades do Santander, pois trouxe enorme insatisfação entre os funcionários e muitas reclamações de clientes", frisou Ademir.

"Além disso, defendemos a venda responsável de produtos financeiros, conforme a recente campanha lançada pela UNI Finanças, o sindicato global dos bancários, como forma de trazer a ética de volta nas práticas dos bancos. Isto, sim, poderá melhorar a imagem no Santander no Brasil, muito mais do que os gastos milionários em marketing", salientou o diretor da Contraf-CUT.

"A qualidade pode fazer a diferença no mercado, ainda mais que, segundo o presidente mundial do Santander, Emilio Botín, o nosso país vai superar pela primeira vez a Espanha e contribuir com a maior parcela do lucro do banco no mundo em 2010", concluiu o dirigente sindical.

Grupo de Trabalho

Definido no CRT, os representantes dos bancários no GT de Condições de Trabalho foram escolhidos na reunião da COE do Santander, promovida pela Contraf-CUT, na manhã desta sexta-feira. O encontro ouviu sindicatos, federações e Afubesp, e também apontou as prioridades para o debate com o banco.

Assim, são participantes do GT: Ademir (Contraf-CUT), Marcelo (coordenador da COE e Sindicato de São Paulo), Vera (Sindicato de São Paulo), Cristiano (Feeb SP/MS), Bino (Fetrafi-RS), Orlando (Sindicato do ABC), Nivaldo (Sindicato de Guarulhos) e Zé Reinaldo (Afubesp).

Nova reunião será agendada na próxima semana pelo banco. Os resultados serão depois levados para negociação no CRT.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo


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