20/03/2025

Saiba tudo sobre a proposta do Governo Lula de isenção no Imposto de Renda

O Governo Lula oficializou, na última terça-feira (18/03), a entrega ao Congresso Nacional de Projeto de Lei para isentar do IR (Imposto de Renda) quem ganha até R$ 5 mil por mês e desconto para quem recebe entre R$ 5 mil a R$ 7 mil ao mês.

Os demais contribuintes, que recebem acima de R$ 7 mil, continuarão com o mesmo recolhimento atual. Enquanto as pessoas com renda mensal acima de R$ 50 mil ao mês (ou R$ 600 mil ao ano) terão que pagar uma alíquota mínima, partindo de 0,83% até chegar a 10% para quem ganha mais de R$ 100 ao mês (R$ 1,2 milhão ao ano). 

"Esse é um projeto neutro. Esse projeto não vai aumentar um centavo na carga tributária. O que estamos fazendo é apenas uma reparação. Nós estamos falando de 141 mil brasileiros que ganham acima de R$ 600 mil, acima de R$ 1 milhão por ano, [que] vão contribuir para que 10 milhões de pessoas não paguem Imposto de Renda. É simples assim", destacou o presidente Lula.
 
Projeto equilibra as contas
 
O governo também garante que a proposta não trará impactos negativos nas contas públicas, isso porque os R$ 25,84 bilhões a menos na receita, previstos caso a isenção seja aprovada pelos deputados e senadores, serão compensados com as novas cobranças sobre os mais ricos: R$ 25,22 bilhões com a nova alíquota mínima de até 10%, em 2026, além de outros R$ 8,9 bilhões dos 10% do IR arrecadados sobre dividendos remetidos para o exterior, também previsto no Projeto de Lei.

"Reduzir a sobrecarga tributária dos mais pobres, da classe média e aumentar a responsabilidade sobre os mais ricos é uma questão de justiça tributária, é o que ocorre nos grandes países do mundo. Só no Brasil lucros e dividendos não são tributados. Aqui é um paraíso dos ricos. Vale lembrar que o Brasil não tributa dividendos há 30 anos. Então, na prática, hoje, quem ganha milhões em dividendos no país paga menos imposto, percentualmente, que um trabalhador que recebe menos de três salários-mínimos", explicou a presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Juvandia Moreira. "Então, quem é trabalhador, quem tem um contrato CLT, não precisa se preocupar. Muito pelo contrário! Tem que comemorar, porque, com essa medida, o governo alivia os mais pobres, a classe média", completou.
 
Injustiça do sistema
 
Atualmente, os trabalhadores pagam mais IR sobre seus rendimentos em comparação com a alta renda. Dados do Ministério da Fazenda mostram que, enquanto quem recebe mais de R$ 50 mil por mês, ou seja, apenas 141 mil pessoas no Brasil, paga, em média 2,54% de imposto de renda, um professor do ensino média paga 9,6%, um bancário 7,2% e um policial militar 9,8%.

"O fim dessa injustiça tributária, que faz com que o trabalhador tenha menos dinheiro no bolso, é uma pauta dos movimentos sindicais que levamos ao presidente Lula durante a campanha eleitoral. Taxar quem ganha muito e isentar quem ganha pouco é justiça fiscal", destacou o secretário de Relações do Trabalho da Contraf-CUT, Jeferson Meira, o Jefão, responsável por acompanhar no parlamento os temas de interesse dos trabalhadores em nome da entidade. "Por isso, vamos acompanhar com bastante atenção sua tramitação no Congresso Nacional, e dialogar com a classe trabalhadora, a sociedade em geral e os parlamentares, para que entendam o quanto essa proposta do Governo Federal é importante para o país”, continuou.

Veja na tabela* a seguir, como funcionará a isenção e os descontos, e quanto sobrará no bolso dos trabalhadores:
 

Muito mais que 10 milhões
 

Caso seja aprovado pelos parlamentares, o projeto de lei irá beneficiar cerca de 10 milhões de brasileiros, além de outros 10 milhões que já foram beneficiados a partir de 2023, com um mecanismo adotado pelo governo federal do "desconto simplificado" e que elevou o limite atual de isenção de R$ 2.259 para quem ganha até dois salários-mínimos (R$ 3.036 atualmente). Assim, considerando o atual número de declarantes de IR pessoa física, mais de 26 milhões (65% do total) serão isentos. 

Em entrevista à Contraf-CUT, o deputado federal Tadeu Veneri (PT-PR) confirmou a importância da medida. "Há muito tempo esperávamos por essa mudança que beneficia mais de vinte milhões de brasileiros e que se trata de um avanço na nossa luta por justiça tributária, num país onde os que recebem menos acabam pagando mais impostos do que aqueles com renda mais alta", observou. "É importante que o Senado e a Câmara dos Deputados entendam a dimensão desse projeto e o benefício que trará ao povo brasileiro e possam aprovar essa proposta", completou o parlamentar que promete ajudar os trabalhadores no Congresso para que o projeto de lei seja aprovado por seus colegas.

"As mudanças propostas pelo governo no imposto de renda representam uma grande vitória da classe trabalhadora e vão ao encontro de uma das nossas principais reivindicações. A medida é um avanço a fim de reduzir a desigualdade social e a concentração de renda. E é nosso papel, enquanto entidade cidadã, trazer esse debate para a classe trabalhadora. É fazer com que a população compreenda, aproprie-se desse tema e defenda a mudança, pois impacta diretamente na vida de quem vive de salário. Por isso, convidamos todos a também enviarem mensagens aos parlamentares ajudando o governo a pressionar pela aprovação do projeto, uma medida de justiça tributária e social. As rendas do capital são muito menos taxadas do que a renda do trabalho, e para um país com menos pobreza e menos desigualdades é preciso que se mude isso", concluiu Roberto Carlos Vicentim, presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região.

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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