08/08/2023

Caixa: a vida não está fácil para empregadas e empregados

Sindicatos de bancários de todo o país têm recebido reclamações sobre as novas metas impostas às empregadas e empregados da Caixa Econômica Federal, algumas delas com curva de crescimento de mais de 100% de um mês para o outro. Outras deveriam ter sido cumpridas desde o início do ano, mas a regra foi definida somente agora.
 
Não bastasse, o banco ainda disse, durante reunião de apresentação do Conquiste (sistema de metas e avaliação do banco) numa live, que “os objetivos não alcançados podem ser ‘corrigidos’ no próximo semestre”.
 
“E pior, existem metas que precisam ser cumpridas pelas lotéricas, e outras em transações dos clientes pela internet, que se não forem cumpridas, afetam o resultado da agência. Aí, o cliente chega no banco para contratar um financiamento, a gente precisa direcioná-lo para a lotérica, que nem sempre tem interesse. O cliente volta para o banco e a gente tem que fazer todo o processo e acompanhá-lo até a lotérica apenas para ele finalizar o procedimento”, explicou o empregado da Caixa e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro. “O mesmo acontece com transações pela internet, que fazemos todos os procedimentos pelo celular do cliente”, completou.
 
Com isso, os já sobrecarregados empregados da Caixa realizam negócios e os direcionam à ‘rede parceira’ para finalização. Quem é remunerada e reconhecida é a ‘rede parceira’ por um serviço que não prestou, porque, o empregado teve que fazer isso para que sua agência não fosse penalizada. “E o empregado cai em uma armadilha, pois o banco utiliza estes dados para dizer que não precisa contratar mais empregados, pois os clientes estão utilizando os serviços de correspondentes bancários e realizando o autoatendimento pela internet”, completou a diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil.
 
Para a coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa, Fabiana Uehara Proscholdt, a impressão é que este tipo de meta é estabelecida por quem não tem nenhuma familiaridade com o cotidiano de trabalho na agência. “E ainda temos que ouvir elogios às redes parceiras, sendo que é a gente que executa todo o trabalho”, disse.

Meta de seguros

Outra crítica é com relação aos objetivos de venda de seguros (Caixa Seguridade). O banco não considera a capacidade de produção e a falta de condições de trabalho nas unidades. Além disso, gera uma grande demanda de tempo de trabalho de muitos empregados e corresponde a um resultado em torno de 5% do balanço da empresa, enquanto no Conquiste chega a quase 1/3 do resultado. É válido lembrar ainda que muitos dos resultados não são mensuráveis.

Meta de crédito
 
Outra crítica apontada pela representação dos trabalhadores às novas metas impostas pela Caixa é com relação aos objetivos a serem alcançados em contratos de financiamento, pois alé, de ignoradas as características da agência e sua capacidade de fechar tais contratos, o banco solicita que os empregados ofereçam um volume de crédito maior do que a dotação orçamentária disponibilizada.
 
Quando se fala em meta de crédito, na verdade, o que a Caixa quer dizer é a venda de seguros e outros produtos agregados, como cartões. E, como não há dotação orçamentária para os contratos de financiamento, além de não haver condições de cumprir a meta exigida de crédito, também não há possibilidade de cumprir a meta destes produtos atrelados. Apesar de não disponibilizar todos os recursos, a Caixa não reduz as metas. Nem dos contratos de financiamentos, nem dos produtos agregados.
 
O “novo” Conquiste tem itens de metas que não são mensuráveis como o tempo de espera. O banco cobra dos empregados um resultado que sequer é capaz de mensurar, porque o sistema simplesmente não funciona.
 
“O orçamento necessário não existe, mas as metas desumanas, sistemas instáveis, equipamentos antigos, falta de orçamento para pagamento de hora-extra, retrabalho, falta de suporte operacional, falta de valorização continuam existindo”, disse a coordenadora da CEE, Fabiana Proscholdt.
 
Para a dirigente, outro ponto fundamental a respeito dos objetivos determinados no Conquiste é a discrepância deles com a real necessidade/ capacidade das unidades, gerando uma carência de significado para os empregados. “Há muito tempo os objetivos não levam em consideração a capacidade de produção das unidades e muito menos sua vocação. O resultado desse absurdo é que unidades que atingiram a alta performance, caem de classe porque as metas desconsideraram a sustentabilidade da própria unidade”, explicou. “Soma-se a isso o verdadeiro apagão de conhecimentos de CRR (custos, receitas e resultados) por parte das equipes de gestores das unidades (há anos não se faz um treinamento com os gerentes a respeito do CRR)”, completou Fabiana Proscholdt.
 
O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região segue atento à rotina dos trabalhadores nas agências e aos problemas criados pela própria Caixa ao não apresentar soluções para as demandas apresentadas pela categoria. A entidade coloca à disposição dos bancários e bancárias um canal oficial para denúncia  com a garantia da segurança e sigilo do denunciante.

"Diversas são as reivindicações apresentadas. A Caixa se comprometeu a nos trazer as repostas, mas enquanto isso os trabalhadores adoecem mais e mais por condições de trabalho precárias e vítimas da pressão pelo cumprimento de metas abusivas. Precisamos de um posicionamento do banco para que possamos avançar na solução de problemas que afetam empregados e empregadas, com melhorias efetivas", ressaltou o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.

Próxima reunião
 
A próxima reunião da CEE com a Caixa para tratar sobre metas e o Conquiste está marcada para o dia 16 de agosto.
 
“Teremos muito o que conversar em nossa próxima reunião de negociação com a Caixa. E que seja uma conversa com seriedade, para que haja soluções, sem que o banco tente tapar o sol com a peneira e pare de prejudicar os empregados e a população, que sofrem com o desmonte provocado pela gestão passada”, avaliou a coordenadora da CEE.

Acompanhe os desdobramentos pelo site e redes sociais do Sindicato.
 

 
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Catanduva

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