18/10/2022
E agora, Pedro Guimarães?
O relatório da corregedoria da Caixa Econômica Federal sobre as denúncias de assédio sexual contra Pedro Guimarães, com centenas de páginas, traz, além dos depoimentos das vítimas, documentos que confirmam as suspeitas e podem agravar ainda mais a situação do ex-presidente do banco e de outras pessoas ligadas a ele. O documento foi apresentado na tarde de segunda-feira (17) aos integrantes do Conselho de Administração da Caixa.
“A Caixa também contratou um escritório de advocacia para fazer uma apuração paralela, cujos resultados já deveriam ter sido divulgados. Mas, como não houve divulgação até o momento, não sabemos se foi ou será decretado 100 anos de sigilo sobre o mesmo”, ironizou o empregado da Caixa e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro. “Pedro Guimarães era braço direito do presidente da República e chegou a ser cotado para o cargo de vice na chapa que disputa as eleições. A ligação entre os dois é muito grande, vai que ‘pinta um clima’ e ele consegue um decretozinho de sigilo sobre o caso”, completou.
O resultado da investigação feita pela corregedoria interna da Caixa será compartilhado com o Ministério Público Federal (MPF) e com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que também apuram as denúncias. O MPT, inclusive, já entrou com ação contra o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e pede que a Justiça o condene ao pagamento de R$ 30,5 milhões pelos danos causados às mulheres que o acusam de assédio moral e sexual. Os recursos devem ser revertidos a um fundo de proteção dos direitos dos trabalhadores.
Interferência nas investigações
A corregedoria tem autonomia para conduzir a apuração, mas, segundo o portal Metrópoles, investigadores do Ministério Público foram informados de que houve pressão de pessoas ligadas à antiga cúpula do banco para que o relatório não reforçasse as denúncias de assédio.
O mesmo portal também informou que o motorista de confiança de Pedro Guimarães havia sido colocado como agente de segurança na entrada da sala destinada para receber as mulheres que queriam fazer denúncias de assédio.
“Havia sido garantido o sigilo da identidade das vítimas que fizessem as denúncias. Aí colocam o cara de confiança do denunciado para fazer a ‘segurança’ do local?! É um absurdo!”, disse indignada a empregada e diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil.
Segundo o portal, o caso foi levado ao conhecimento da corregedoria e o ex-motorista de Pedro Guimarães afastado do local.
Para de Castro, o caso do segurança é mais uma mostra de que a Caixa está apenas tentando abafar o caso sem dar a devida solução para o problema e nem responsabilizar os possíveis culpados. “Não podemos dizer que são culpados porque as investigações estão em andamento, mas tudo indica que existem culpados. A nova presidenta da Caixa (Daniella Marques), ao invés de agir com o rigor e a rapidez que prometeu quando assumiu o cargo, parece estar mais preocupada em fazer marketing de produtos voltados ao público feminino, que apenas gera mais demanda e metas para que os empregados cumpram e, de quebra, faz propaganda eleitoral para o atual governo”, disse.
Assédio sexual é crime!
O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, lembra que, no Brasil, assédio sexual é crime, definido no artigo 216-A do Código Penal, que prevê a pena de detenção de um a dois anos.
“Se apurada e comprovada a culpa, não se pode ‘passar a mão na cabeça’ somente porque trata-se de um ex-presidente do banco. Se é culpado, deve responder na Justiça comum pelo que fez, uma vez que o assédio sexual é um crime com pena prevista no Código Penal”, disse o presidente da Fenae. “Além disso, a legislação trabalhista também prevê indenização para reparação do dano causado às vítimas”, completou.
Entenda o caso
Pedro Guimarães foi acusado de assédio sexual por várias empregadas da Caixa. A informação foi divulgada no dia 28 de junho de 2022 pelo site Metrópoles. Em poucos minutos a notícia ganhou repercussão nacional, em especial na Câmara dos Deputados, onde vários parlamentares pediram em plenário a demissão do executivo.
Segundo a reportagem, no fim de 2021, um grupo de empregadas, ligadas ao gabinete da presidência da Caixa, rompeu o silêncio com uma denúncia, ao Ministério Público Federal (MPF), de assédios sexuais que vinham sofrendo. Desde então, o MPF toca as investigações em sigilo. Cinco das vítimas falaram à reportagem citada sob anonimato.
Nos testemunhos, elas contam que foram abusadas com toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites desrespeitosos, por parte do então presidente da entidade. A maior parte dos relatos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em todo o país. Pelo programa, desde 2019, ocorreram mais de 140 viagens, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficavam no mesmo hotel, onde ocorriam os assédios.
No dia 29 de junho, Pedro Guimarães entregou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, seu pedido de demissão da presidência da Caixa.
“A Caixa também contratou um escritório de advocacia para fazer uma apuração paralela, cujos resultados já deveriam ter sido divulgados. Mas, como não houve divulgação até o momento, não sabemos se foi ou será decretado 100 anos de sigilo sobre o mesmo”, ironizou o empregado da Caixa e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Rafael de Castro. “Pedro Guimarães era braço direito do presidente da República e chegou a ser cotado para o cargo de vice na chapa que disputa as eleições. A ligação entre os dois é muito grande, vai que ‘pinta um clima’ e ele consegue um decretozinho de sigilo sobre o caso”, completou.
O resultado da investigação feita pela corregedoria interna da Caixa será compartilhado com o Ministério Público Federal (MPF) e com o Ministério Público do Trabalho (MPT), que também apuram as denúncias. O MPT, inclusive, já entrou com ação contra o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e pede que a Justiça o condene ao pagamento de R$ 30,5 milhões pelos danos causados às mulheres que o acusam de assédio moral e sexual. Os recursos devem ser revertidos a um fundo de proteção dos direitos dos trabalhadores.
Interferência nas investigações
A corregedoria tem autonomia para conduzir a apuração, mas, segundo o portal Metrópoles, investigadores do Ministério Público foram informados de que houve pressão de pessoas ligadas à antiga cúpula do banco para que o relatório não reforçasse as denúncias de assédio.
O mesmo portal também informou que o motorista de confiança de Pedro Guimarães havia sido colocado como agente de segurança na entrada da sala destinada para receber as mulheres que queriam fazer denúncias de assédio.
“Havia sido garantido o sigilo da identidade das vítimas que fizessem as denúncias. Aí colocam o cara de confiança do denunciado para fazer a ‘segurança’ do local?! É um absurdo!”, disse indignada a empregada e diretora executiva da Contraf-CUT, Eliana Brasil.
Segundo o portal, o caso foi levado ao conhecimento da corregedoria e o ex-motorista de Pedro Guimarães afastado do local.
Para de Castro, o caso do segurança é mais uma mostra de que a Caixa está apenas tentando abafar o caso sem dar a devida solução para o problema e nem responsabilizar os possíveis culpados. “Não podemos dizer que são culpados porque as investigações estão em andamento, mas tudo indica que existem culpados. A nova presidenta da Caixa (Daniella Marques), ao invés de agir com o rigor e a rapidez que prometeu quando assumiu o cargo, parece estar mais preocupada em fazer marketing de produtos voltados ao público feminino, que apenas gera mais demanda e metas para que os empregados cumpram e, de quebra, faz propaganda eleitoral para o atual governo”, disse.
Assédio sexual é crime!
O presidente da Fenae, Sergio Takemoto, lembra que, no Brasil, assédio sexual é crime, definido no artigo 216-A do Código Penal, que prevê a pena de detenção de um a dois anos.
“Se apurada e comprovada a culpa, não se pode ‘passar a mão na cabeça’ somente porque trata-se de um ex-presidente do banco. Se é culpado, deve responder na Justiça comum pelo que fez, uma vez que o assédio sexual é um crime com pena prevista no Código Penal”, disse o presidente da Fenae. “Além disso, a legislação trabalhista também prevê indenização para reparação do dano causado às vítimas”, completou.
Entenda o caso
Pedro Guimarães foi acusado de assédio sexual por várias empregadas da Caixa. A informação foi divulgada no dia 28 de junho de 2022 pelo site Metrópoles. Em poucos minutos a notícia ganhou repercussão nacional, em especial na Câmara dos Deputados, onde vários parlamentares pediram em plenário a demissão do executivo.
Segundo a reportagem, no fim de 2021, um grupo de empregadas, ligadas ao gabinete da presidência da Caixa, rompeu o silêncio com uma denúncia, ao Ministério Público Federal (MPF), de assédios sexuais que vinham sofrendo. Desde então, o MPF toca as investigações em sigilo. Cinco das vítimas falaram à reportagem citada sob anonimato.
Nos testemunhos, elas contam que foram abusadas com toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites desrespeitosos, por parte do então presidente da entidade. A maior parte dos relatos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em todo o país. Pelo programa, desde 2019, ocorreram mais de 140 viagens, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficavam no mesmo hotel, onde ocorriam os assédios.
No dia 29 de junho, Pedro Guimarães entregou ao presidente da República, Jair Bolsonaro, seu pedido de demissão da presidência da Caixa.
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