02/06/2022
Santander impõe terceirização do setor de investimentos sem qualquer transparência ou respeito
Em reunião com o movimento sindical, na quarta-feira (1º), o Santander admitiu que está terceirizando o setor de investimentos do banco. Segundo o banco, os trabalhadores serão “convidados” a aderir ao processo e, caso aceitem, serão demitidos do banco, sem justa causa, e recontratados pela Corretora de Valores, empresa do Grupo Santander.
O banco disse ainda que esses contratos seriam, pelo menos nesse primeiro momento, no regime CLT; e que os trabalhadores que não aceitarem deverão procurar outra vaga no banco, de acordo com sua qualificação. O Santander também informou que pretende finalizar o processo em até 60 dias.
Representantes dos trabalhadores questionaram, mas o banco não informou qual seria o salário, a PLR e os direitos dos bancários uma vez na corretora. Segundo a representante do Santander, haverá conversas com cada trabalhador sobre essas questões.
“A relação do Santander com seus funcionários sempre veio da precarização das condições de trabalho. E, mais uma vez, o banco pioneiro em atacar direitos trabalhistas demonstra seu desrespeito total com quem é responsável, de fato, pela sua lucratividade bilionária no país ao implementar medidas inconstitucionais e se negar a qualquer tipo de negociação”, denunciou o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Luiz Eduardo Campolungo.
Intermediação fraudulenta de mão de obra
Na avaliação do Sindicato, é preciso que os funcionários fiquem muito atentos com esse 'novo modelo', que mais parece um convite à terceirização ou pejotização.
O país enfrenta uma crise socioeconômica, com 12 milhões de desempregados, e o Santander se vale dessa situação e dos ataques sofridos pela classe trabalhadora para impor prejuízos a seus funcionários: eles continuarão fazendo as mesmas tarefas de antes, mas com remuneração menor e menos direitos. O que o Santander chama de 'sociedade', o movimento sindical chama de intermediação fraudulenta de mão de obra.
“Não passa de um artifício que busca encobrir o trabalho bancário, reduzir custos e cortar direitos de mais centenas de bancários, além de ser uma inaceitável interferência da direção do banco na organização sindical da categoria”, reforça Eduardo.
A orientação é para que os trabalhadores não peçam demissão. Há coordenadores dizendo, em conversas privadas com os bancários, que se não aderirem será 'olho da rua', usando exatamente essas palavras. O banco apresenta como algo benéfico, mas sabe-se que a terceirização é a precarização dos empregos.
Mobilização e luta
Mais uma vez o Santander pratica um processo de terceirização vertical: transferindo setores inteiros para empresas do grupo, como fez com os trabalhadores de tecnologia que foram para a F1RST, do call center para SX Negócios e do microcrédito para a Propera.
O Sindicato e demais entidades de representação dos trabalhadores bancários vêm tentando conter as investidas dos banqueiros e do governo pra cima dos direitos da categoria, por meio de negociações e da manutenção da Convenção Coletiva de Trabalho.
“Sabendo que se aproxima o fim do governo Bolsonaro, banqueiros tentam firmar a reforma trabalhista que ajudaram a construir, ampliando todas as formas de terceirização. Mas, é preciso deixar claro para os trabalhadores do Santander e demais bancos que o movimento sindical não abrirá mão de lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo direito de representar os trabalhadores do sistema financeiro”, ressalta o diretor.
Para Eduardo, também é importante destacar que, em 2022, não se pode falar sobre lutar pelo direito dos trabalhadores sem mencionar as eleições que serão realizadas em outubro deste ano. “Os trabalhadores precisam reivindicar de seus candidatos o compromisso de revogação da reforma trabalhista que entrou em vigor em novembro de 2017, e que destruiu direitos, sem criar nenhum emprego”, conclui.
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