26/04/2022
A verdade inaceitável por trás do lucro de R$ 4 bilhões do Santander
O Santander obteve lucro líquido gerencial de R$ 4,005 bilhões no primeiro trimestre de 2022. O resultado representa alta de 1,3% em relação ao mesmo período de 2021, e de 3,2% em relação ao quarto trimestre de 2021.
“Enquanto os índices econômicos se deterioram no Brasil, em um cenário de crise econômica e social, o lucro do Santander segue exorbitante. E a direção brasileira do banco espanhol não oferece nenhuma contrapartida social, e tampouco saídas pra a crise, uma vez que demite trabalhadores – muitas vezes doentes em decorrência do trabalho massacrante a que são expostos –, piorando o índice de desemprego no país”, criticou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Lucimara Malaquias. “E a mesma direção tem apostado cada vez mais na terceirização, muitas vezes fraudulenta, retirando direitos e reduzindo salários”, completou.
A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias foram reduzidas em 4,8% em doze meses, totalizando R$ 4,6 bilhões no primeiro trimestre de 2022. Já as despesas de pessoal mais Participação nos Lucros e Resultados (PLR), por sua vez, subiram 10,8% no período, somando R$ 2,5 bilhões. Assim, em março de 2022, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 185,2%.
A holding encerrou o primeiro trimestre de 2022 com 49.090 empregados, com abertura de 4.284 postos de trabalho em doze meses. Por outro lado, foram fechadas 332 agências e 100 PABs no período.
Essas contratações não têm sido suficientes para reduzir a sobrecarga de trabalho, principalmente nas agências bancárias. E há elementos claros que indicam que essas contratações têm sido de mão de obra terceirizada, com redução salarial e de direitos, e aumento da sobrecarga de trabalho, que, por sua vez, resulta em muitos adoecimentos, os quais toda a sociedade brasileira arca com a conta quando os trabalhadores são afastados pela Previdência.
O lucro obtido na unidade brasileira do banco representou 24,7% do lucro recorrente global que foi de € 2,543 bilhões, este último, com alta de 58% em doze meses e rentabilidade anualizada de 19%.
“Este lucro é resultado de um trabalho massacrante que vem sendo desenvolvido pelos mais de 49 mil trabalhadores bancários e terceirizados, que são os que menos usufruem desse resultado, já que a massa salarial tem apresentado queda ao longo dos anos, por meio de contratações com salários mais baixos do que que foram demitidos”, enfatizou a coordenadora da COE.
Ao que parece, a crise econômica e social que afeta os brasileiros não chegou para o Santander, tendo em vista o lucro nas alturas divulgado pelo banco. O movimento sindical iniciará em breve as negociações para a renovação do acordo especifico do Santander, e os trabalhadores e seus representantes esperam uma contrapartida do banco por meio do respeito à negociação coletiva, objetivando resultados positivos para esses bancários que constroem o lucro do Santander no Brasil.
Veja abaixo a tabela resumo do balaço ou, se preferir, leia a íntegra da análise elaborada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
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