26/10/2021
Pioneirismo do Santander prejudica funcionários. Sindicato contesta medida sem negociação
Desde o dia 4 de setembro, o banco Santander voltou a abrir suas agências das 9h às 10h para atendimento prioritário e das 10h às 16h para o público em geral. Nenhum outro banco retomou o horário de atendimento pré-pandemia. A medida foi tomada sem qualquer tipo de negociação com a representação dos trabalhadores.
“Na ocasião lamentamos a atitude do banco, mostramos nossa discordância e alertamos que isso prejudicaria os funcionários, que estariam mais expostos ao vírus da Covid-19. Menos de um mês após a medida, já constamos grandes filas nas agências após às 14h, quando os demais bancos já estão fechados ao público. Isso causa aglomerações e aumenta ainda mais os riscos para clientes e funcionários”, alertou o representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) na mesa de negociações com o banco, Mario Raia.
É válido lembrar, ainda, que o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) dos funcionários determina que, qualquer medida que tenha consequências diretas no dia a dia de trabalho, deve ser negociada com o movimento sindical, se referindo ao Comitê de Relações Trabalhistas, previsto na cláusula 35 do ACT, que em seu parágrafo primeiro define que as demandas do Santander e dos empregados, que não tratem de questões econômicas e de interesse local dos sindicatos, deverão ser encaminhadas através do Comitê.
Pioneiro
A volta da abertura das agências até às 16h era uma pauta que estava sendo debatida entre os bancos que fazem parte da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mas não houve consenso e o encaminhamento foi de que a medida seria tomada de forma individual.
O Santander, como sempre, é o pioneiro entre os bancos nestas questões que podem causar algum dano aos trabalhadores.
O Sindicato dos Bancários de Catanduva e região ressalta sua preocupação com os funcionários, que terão tempo maior de trabalho presencial e, com isto, permanecerão ainda mais expostos ao risco de contaminação pelo coronavírus. A entidade também reforça a urgência de contratações, a fim de diminuir a sobrecarga de trabalho e, consequentemente, o fluxo de atendimento nas agências, se é esse o argumento do banco.
"Em meio à pandemia que enfrentamos, é preciso dar condições de trabalho adequadas aos funcionários, porque a prioridade é preservar a vida e saúde de todos, bancários e clientes. Mas, infelizmente o banco não tem medo de mostrar que não se importa com o que possa acontecer com seus trabalhadores. A única coisa que importa parece ser o lucro”, lamentou o diretor do Sindicato, Luiz Eduardo Campolungo.
A entidade segue monitorando as agências e permanecerá atenta, nas próximas semanas, ao impacto desta extensão na rotina e carga de trabalho. Os bancários também devem buscar o Sindicato caso as medidas não estejam sendo cumpridas ou percebam uma exposição maior ao vírus.
Uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) avaliou as condições de teletrabalho da categoria após mais de um ano de duração dessa modalidade neste período de pandemia de Covid-19. Mais de 13 mil bancárias e bancários responderam ao questionário, que aponta maior incidência de diagnóstico positivo de Covid-19 (38%) entre os que permaneceram no trabalho presencial do que entre aqueles que passaram à modalidade em home office (23%). Chamou a atenção o fato de que o banco que menos colocou trabalhadores em teletrabalho foi o que mais teve registros de contaminação.
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