23/04/2021
Em Assembleia, empregados deliberaram por estado de greve e indicação de paralisação
Os empregados da Caixa, lotados na base do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, aprovaram em assembleia, realizada na quinta-feira (22), por ampla maioria dos votos válidos (94,8%), a proposta de decretação de Estado de Greve com indicação de paralisação no dia 27 de abril (terça-feira).
A mobilização dos trabalhadores, junto ao movimento sindical, é motivada por uma série de ataques, tanto contra a instituição financeira, como aos direitos históricos dos empregados.
O estado de greve e o indicativo de paralisação será remetido ao debate nacional, onde pela construção de um movimento forte, com a maior unidade possível dos segmentos de empregados e buscando a maior participação dos bancários, será tirada uma orientação única para todos empregados do país.
Motivos para paralisação
Se concretizado, o IPO da Caixa Seguridade será o primeiro passo para a privatização do banco. Além dela, o governo e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, atuam para a venda de outras partes do banco – Caixa Cartões, Gestão de Recursos, Loterias e uma outra instituição financeira para onde serão repassadas todas as operações sociais do banco. Esta instituição ainda precisa ser autorizada pelo Banco Central, mas já tem objetivo de ser privatizada.
A gestão Bolsonaro também pressiona a Caixa pela devolução dos Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCDs) – contratos feitos junto ao Tesouro Nacional, que capitalizam o banco e permitem a ampliação da oferta de crédito, a diminuição da taxa de juros e o aumento da capacidade do banco em investimentos na habitação, saneamento, infraestrutura, entre outros.
“Com a descapitalização da Caixa e o comprometimento de sua capacidade financeira por meio da transferência de suas funções pública e social, e de sua parte mais rentável ao capital privado, gestão Bolsonaro e a nova direção do banco comprometem sua capacidade financeira de investimento em políticas públicas e no desenvolvimento do país. O momento exige forte resistência para impedir a concretização de medidas que vão promover um ataque mortal a uma instituição centenária, conhecida como o banco dos brasileiros pelo papel fundamental que desempenha”, alerta o diretor do Sindicato, Antônio Júlio Gonçalves Neto.
Além destes ataques que, na prática, resultarão na extinção da Caixa, a gestão de Pedro Guimarães sob comando de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro simplesmente não pagaram corretamente a PLR Social na íntegra aos empregados. Os bancários perceberam e os economistas do Dieese fizeram as contas e chegaram à diferença de R$ 1.593,43.
O estado de greve também está sendo deflagrado para cobrar da direção do banco melhores condições de trabalho e de atendimento à população, por meio de mais contratações, proteção contra a Covid-19 e vacinação prioritária para os empregados do banco.
“Com um déficit que chega a 20 mil postos, o cenário na Caixa é de exaustão. Trabalhadores contestam o cumprimento das metas abusivas e relatam diariamente o sofrimento vivido nas agências e escritórios, sendo pressionados a darem lucro, enquanto vivem o pior momento da crise que assola o país”, acrescenta o diretor.
Brasil Seguro é Caixa Pública
A Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa) e a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) lançaram, no dia 16, com o apoio do Sindicato, a campanha “Brasil Seguro é Caixa Pública”.
O objetivo é mobilizar, durante todo o mês de abril, entidades associativas e sindicais, os empregados e alertar os parlamentares e toda a sociedade sobre os graves prejuízos que a privatização vai causar ao banco e à população, em benefício do mercado privado.
A campanha prevê um calendário de lutas que compreende plenárias nas bases de cada sindicato. A de São Paulo foi realizada na terça-feira (20). Além da assembleia de quinta-feira (22), o cronograma compreende ainda live no dia 26, que debaterá a privatização e descapitalização do banco. O foco desses encontros virtuais será propor ações de mobilização contra a abertura de capital da Caixa Seguridade.
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