26/11/2020
Balanço do terceiro trimestre de 2020 revela que resultado social supera lucro contábil
Nos nove primeiros meses de 2020, segundo balanço divulgado na quarta-feira (25), em Brasília, a Caixa Econômica Federal registrou um lucro líquido de R$ 7,8 bilhões, com queda de 53,6% em relação ao mesmo período de 2019. No trimestre, o resultado alcançou o patamar de R$ 1,9 bilhão, com redução de 26,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior.
O banco informou ainda que, no terceiro trimestre do ano, o lucro ajustado foi de R$ 2,6 bilhões. O crescimento foi de 1,7% em comparação com o segundo trimestre. O curioso é que, durante a coletiva à imprensa, o gestor Pedro Guimarães nada explicou sobre os fatores que causaram a variação entre o lucro líquido e o ajustado.
Apesar da diferença entre um e outro, o balanço do terceiro trimestre mostra muito mais do que o resultado positivo do período. Os números sociais mostraram-se expressivos no que se refere ao atendimento à população. Graças ao compromisso e eficiência dos empregados e contratados, mesmo com esforço redobrado e falta de pessoal, os trabalhadores do banco atenderam em tempo recorde 120 milhões de cidadãos brasileiros, beneficiários dos programas sociais. Até foram criados aplicativos e abertas 105 milhões de poupanças digitais para agilizar os pagamentos.
No trimestre, a Caixa registrou o quantitativo de 84.290 empregados, fechando 796 postos de trabalho em 12 meses, além de 30 postos de trabalho entre março e setembro. Foram fechadas duas agências e abertos 34 postos de atendimentos, 327 unidades Caixa Aqui e sete casas lotéricas. Enquanto isso, há o registro de incremento de, aproximadamente, 43.565 milhões de novos clientes.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto, denuncia que a lógica adotada pela atual gestão do banco é de menos empregados para mais clientes. “Os planos de demissão voluntária vêm tirando muitos bancários dos locais de trabalho. E não há reposição. A sobrecarga de trabalho decorrente da falta de pessoal é um problema que as entidades representativas têm denunciado permanentemente e cobrado do banco a contratação de mais empregados”, reitera. Ele afirma que, apesar disso, o problema persiste e é agravado pelo aumento do adoecimento da categoria e pela precarização do atendimento à população.
Para Rita Serrano, representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa, o balanço do terceiro trimestre revela que a instituição está inserida por completo na era tecnológica. Ela diz que um dos principais destaques foi a carteira habitacional, que cresceu em meio à crise financeira. E declara: “As ações executadas em decorrência deste ano atípico provam que se hoje o Estado conta com um banco público do porte da Caixa, que pode ser usado em momentos de calamidade pública e para a execução de políticas anticíclicas, é porque ao longo de muitos governos, incluindo o atual, os empregados, entidades e movimentos organizados empunharam a bandeira da defesa de manutenção do banco público frente às iniciativas de privatização”.
A luta das entidades representativas é para que a Caixa continue exercendo seu papel de banco público e social, fomentando o desenvolvimento econômico e social do país. Como até agora não conseguiu que a Caixa deixasse de ser 100% pública, graças à forte mobilização dos empregados, das entidades e da sociedade, o governo ataca a atuação da instituição. O banco vem emprestando cada vez menos, cobrando mais tarifas, reduzindo o número de trabalhadores com planos de demissão e aposentadoria, cortando funções e precarizando as condições de trabalho.
"O governo Bolsonaro, através da gestão Pedro Guimarães, vem sucateando a Caixa com redução de pessoal e venda de ativos, pouco se importando se, agindo desta forma, prejudica, em plena pandemia, milhões de brasileiros e à própria instituição pública. Apesar disto, com grande esforço, os empregados fizeram o possível para atender à população e liberar crédito para micro, pequenas e médias empresas, garantindo que o maior banco social do país cumprisse a sua missão e ainda lucrasse R$ 7,5 bilhões nos primeiros nove meses do ano", ressalta o diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e região, Antônio Júlio Gonçalves Neto
"O que não podemos permitir é esse ataque gigantesco ao maior banco social do país. É preciso reafirmar cada vez mais o caráter social da instituição, para que a população brasileira, sobretudo os mais carentes, não sejam prejudicados ainda mais. Conclamamos toda a população brasileira para se juntar a luta em defesa da Caixa como instrumento de financiamento de políticas sociais fundamentais ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil", defende o diretor.
Mais informações sobre o balanço
Conforme o resultado anunciado, as provisões para crédito de liquidação duvidosa caíram 7,2% no período, o que corresponde a mais 30,3% no trimestre, com total de R$ 8,5 bilhões. Em um ano, os números apontam que a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio da instituição, um indicador de lucratividade, caiu 2% e chegou a 12,72% no período entre julho e setembro, ante 12,8% no trimestre imediatamente anterior.
Foi informado também o recorde de mais de 105 milhões de contas poupanças sociais digitais gratuitas, abertas até o dia o16 de novembro no app Caixa Tem.
Carteira de crédito
A carteira de crédito ampla da Caixa obteve alta de 10,7% em relação ao mesmo período de 2019, além de 5,1% no trimestre, atingindo R$ 756,5 bilhões em setembro. Esse resultado positivo foi impulsionado por aumentos de 9,3% em habitação, 6,1% em saneamento e infraestrutura, 5,2% em crédito para pessoa física (total de R$ 85,7 bilhões), 32,9% no rural e 52,7% em crédito para pessoa jurídica (R$ 61,4 bilhões no total), com ênfase nas linhas para micro e pequenas empresas.
Crédito imobiliário
Com participação de 65,9% na composição do volume de crédito e saldo de R$ 498,7 bilhões em setembro, dos quais R$ 310,7 bilhões foram concedidos com recursos do FGTS e R$ 187,9 bilhões com dinheiro da caderneta de poupança, o segmento imobiliário cresceu 3% no trimestre e obteve 9,3% em um ano. Com 69,2% de participação de mercado, o banco segue líder absoluto do financiamento imobiliário no país.
No terceiro trimestre, as receitas provenientes das operações de crédito habitacionais totalizaram R$ 8,3 bilhões, aumento de 3,9% em relação ao segundo trimestre. O banco explicou que essas receitas representaram 52,5% do total das receitas de crédito.
As operações de saneamento e infraestrutura registraram alta de 1,2% na comparação trimestral e de 6,1% em 12 meses, totalizando R$ 86,7 bilhões. A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias chegou a 1,87%, com queda de 0,5% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Atuação na pandemia
A atuação do banco durante a pandemia vem fazendo a diferença. Segundo o que foi divulgado, 34 milhões de cidadãos foram bancarizados por meio dos pagamentos dos benefícios. Nesse caso, o atendimento atinge 120 milhões de pessoas, com pagamento total de mais de R$ 356 bilhões.
Até setembro, os pagamentos abrangem as seguintes rubricas: Auxílio Emergencial (R$ 261,2 bilhões pagos a 67,8 milhões de beneficiários), Saque Emergencial FGTS (R$ 28,5 bilhões pagos a 45,2 milhões de pessoas), Benefício Emergencial Bem (R$ 14,5 bilhões pagos a 4,3 milhões de pessoas) e Antecipação do Abono Salarial do PIS (R$ 4,6 bilhões pagos a 6 milhões de pessoas).
As receitas com prestação de serviços e com tarifas bancárias caíram 14,2% em um ano, alcançando um total de R$ 17,298 bilhões. As despesas com pessoal, considerando-se o pagamento do benefício da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), aumentaram 0,1% em 12 meses, totalizando R$ 17,3 bilhões. Assim, a cobertura dessas receitas pelas receitas secundárias do banco foi de 99,76% no terceiro trimestre de 2020.
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